* Por Thiago Campaz
Com a popularização do modelo híbrido, é possível perceber um movimento do mundo corporativo em adaptar os escritórios para terem menos atividades rotineiras diárias. A tendência é que esses espaços físicos passem a ser mais parecidos com as propostas dos coworkings: onde não há lugares fixos, com menos estações de trabalho (afinal, não precisará ter capacidade para abrigar todos os funcionários ao mesmo tempo) e focado em ser um local para encontros da equipe e troca de ideias.
Segundo pesquisa da MIT Technology Review Brasil, 100% dos entrevistados acreditam que o mais adequado para esse novo modelo é a frequência de um ou dois dias em casa e o restante no escritório.
Por outro lado, de acordo com a consultoria global de RH Adecco, foi constatado que, após a pandemia, as pessoas querem passar 53% da semana trabalhando de forma remota, seja com trabalho híbrido ou totalmente de casa e 47% do tempo no escritório. Ao desmembrar os dados por geração, os entrevistados da geração Z (nascidos entre 95 e 2010) preferem mais tempo no escritório (56%) na comparação com os Baby Boomers (44%), que representam os colaboradores que possuem mais de 60 anos.
Embora o home office traga benefícios financeiros para as empresas, que viram uma diminuição nos gastos administrativos com o início da prática, ao longo prazo isso pode se revelar como não sendo uma verdade universal.
Em geral, enquanto algumas empresas conseguiram oferecer aos funcionários a estrutura necessária para o trabalho remoto, muitas outras contaram com o emprego dos equipamentos pessoais dos colaboradores, como notebooks, e cadeiras, para a rotina do dia a dia. Nesse quesito financeiro – principalmente para as corporações que oferecem estrutura de trabalho aos seus funcionários – e também em outros, como engajamento das equipes e saúde mental, o modelo híbrido aparenta oferecer mais benefícios do que o trabalho totalmente em casa.
Mas, para conseguir ter benefícios a partir do trabalho híbrido, como qualquer mudança no mundo corporativo, é preciso se preparar para que tudo corra bem. Para conseguir preparar sua empresa, um dos pontos importantes é observar o que é feito por quem já adotou essa prática. Muitas empresas que o implementaram se tornaram mais adeptas às tecnologias que permitam a organização das equipes de forma remota – como aplicativos para agendamento dos dias de trabalho físico e plataformas de gestão de despesas dos colaboradores -, além de terem aumentado a frequência de atividades de integração e das consultas às opiniões e satisfação dos funcionários quanto ao dia a dia de trabalho.
Além disso, outro ponto importante para essa mudança, é se certificar de manter equilibrado os interesses da empresa, com as preferências de seus funcionários e a capacidade de seus escritórios. Tendo esses três pontos alinhados, fica mais fácil manter a produtividade no dia a dia no novo modelo de trabalho.
Hoje, mais do que nunca, é possível constatar uma ânsia pela volta à normalidade pré-pandemia, na qual apesar de muitas coisas acontecerem online, o mundo físico ainda era bastante dominante, principalmente para as relações interpessoais particulares e corporativas. Porém, as pessoas ainda estão passando pelo dilema da ansiedade da volta contrastando com a apreensão do risco sanitário, e por isso acreditamos que, principalmente para as empresas cujas viagens corporativas são essenciais, o retorno ocorrerá de forma rápida e entusiasmada, mas em menor escala do que acontecia. Então é hora de dar um passo de cada vez para que finalmente possamos considerar que estamos 100% de volta.
* Thiago Campaz, é CEO e cofundador do VExpenses. Trabalhou por 6 anos assessorando grandes empresas do agronegócio na otimização de suas estruturas de capital, em processos de estruturação de dívida, acesso a mercado de capitais e fusões.