* Por Josy Santos
Trabalhar a diversidade nas organizações pressupõe assumir que para além das pessoas serem todas iguais, elas possuem necessidades diferentes. E elas passam por questões individuais ou coletivas frutos de uma construção em nossa sociedade.
A partir disso, abrimos espaços para discutir questões, como por exemplo, o impacto do racismo e o machismo nas estruturas internas de empresas, olhando para o corpo de funcionários, ou até mesmo para a cadeia de fornecedores, clientes e comunidades que fazem parte do ecossistema das organizações.
Segundo dados do estudo “Desigualdades sociais por cor ou raça no Brasil”, realizado pelo IBGE, os negros representavam a maioria dos trabalhadores no país (53,8%) em 2021. Porém, ocupavam apenas 29,5% dos cargos gerenciais no mercado de trabalho, e esse número é ainda menor quando trata-se de mulheres pretas.
Embora ainda não seja tão animador, já temos percebido há alguns bons anos no mercado corporativo que as instituições têm buscado se adequar cada vez mais nesse tipo de tratativa, enxergando com bons olhos os frutos que as mulheres pretas podem proporcionar à saúde das organizações.
Ao todo, existe um propósito em se trabalhar para construir condições melhores de vida para as pessoas impactadas por toda essa desigualdade social existente em nossa sociedade, promover diariamente uma educação empreendedora que visa um desenvolvimento sustentável, mitigando impactos de racismo, machismo e preconceitos e viver as consequências disso.
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Muito se fala em construir um futuro melhor, mas o desejo de mulheres pretas no ambiente corporativo é um presente melhor, justo, com oportunidades igualitárias e condições favoráveis ao desenvolvimento sustentável para todas as pessoas.
A importância de ter pessoas negras em altos cargos executivos é exercer o que prega o movimento negro “nada sobre nós sem nós” e trazer a primeira pessoa para o campo das discurssões e, principalmente, soluções. Porém, há uma diferença em se ter pessoas negras liderando o movimento de diversidade e ter pessoas negras racializadas e com consciência social liderando esses movimentos de diversidade.
Tivemos exemplos recentes do quanto é nocivo para as conquistas da população negra quando temos na liderança pessoas que não possuem essa consciência de construção histórica do nosso país e como ela se reflete nos dias de hoje. As organizações só têm a ganhar, uma vez que nós estamos falando de uma parte da sociedade que foi privada por séculos de estar em espaços de construção de soluções que vão impactar mais da metade da população.
Em aspectos de negócios, é estratégico abrir espaço para que pessoas negras liderem programas que vão pensar como atraímos, desenvolvemos e retemos os talentos nas organizações. Como trabalhar no desenvolvimento de produtos e soluções com foco nesse grupo de pessoas, além de trabalhar o que falamos anteriormente que é a saúde mental nesses espaços para que de fato seja um ambiente favorável ao surgimento dessas ideias e soluções.
A consequência disso é o que apresentamos das empresas: elas se tornam 30% mais lucrativas, mais inovadoras, que atraem os talentos, possuem melhor percepção de marca e que performam bem na bolsa de valores.
* Josy Santos é gestora de projetos de empreendedorismo feminino (SEBRAE Santa Catarina, SEBRAE Mato Grosso do Sul e ENGIE, no programa Mulheres do Nosso Bairro) e consultora de inovação social e facilitadora de workshops, oficinas, mentorias coletivas, consultorias individuais e demodays.
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