Em toda a minha jornada, a multiculturalidade sempre foi uma constante, tendo tido o privilégio de trabalhar em diferentes países, incluindo Alemanha, Peru, Chile, Argentina e Brasil. Refletindo agora como responsável por inovação aberta, ecossistemas digitais e insights no onono®, o Centro de Experiências Científicas e Digitais da BASF para a América do Sul, sobre como a diversidade alavanca a inovação, posso afirmar que considerar o conceito de ‘segurança’ é fundamental. Isso não é novo, muitos especialistas falam deste tema, mas queria refletir aqui sobre como trabalhar a segurança quando temos culturas diversas.
Vivenciei diferentes modelos organizacionais e pude apreciar a riqueza que distintas culturas trazem. No entanto, para que essa diversidade se traduza em inovação, criatividade e colaboração, é crucial que todos os membros de uma equipe se sintam confortáveis para assumir riscos e testar novas ideias. A verdadeira riqueza das diferentes perspectivas só pode surgir em ambientes que valorizem a comunicação aberta e promovam um clima de confiança.
Enquanto a diversidade é um fator impulsionador da criatividade e a inovação, mas ela também traz desafios específicos, sendo um dos principais o conceito de “segurança” dentro das equipes. Não me refiro apenas à segurança física, mas à segurança psicológica — um ambiente em que todos se sintam à vontade para compartilhar ideias, correr riscos criativos e questionar o status quo sem medo de julgamentos ou retaliação, o que pode levar a resultados criativos e transformadores. Mas quais são os desafios na construção da segurança psicológica quando falamos de culturas?
Cada cultura tem suas próprias formas de se comunicar, o que pode gerar mal-entendidos. Em países com estilos de comunicação mais diretos, discussões francas são valorizadas, enquanto estilos mais indiretos, as mensagens podem ser transmitidas de maneira mais sutil.
A dificuldade está em encontrar um equilíbrio, incentivando a comunicação aberta e honesta, ao mesmo tempo em que se respeita as nuances culturais de cada indivíduo.
Além disso, existem ambientes que tendem a ser orientados por prazos rígidos e uma visão linear do tempo, enquanto outros podem ter uma abordagem mais flexível. Esse descompasso pode levar a frustrações quando se trata de cumprir com datas ou definir prioridades.
A forma como as equipes lidam com a hierarquia também influencia a inovação. Em estruturas mais rígidas, as pessoas podem hesitar em compartilhar ideias ousadas ou inovadoras, o que limita o potencial criativo. Para fomentar a segurança psicológica, é fundamental criar um ambiente onde a hierarquia não seja um impedimento para a criatividade, incentivando a participação de todos e valorizando a contribuição de cada indivíduo, independentemente de sua posição na empresa.
A resolução de conflitos é uma área sensível e a maneira como se lida com eles também pode impactar o ambiente de trabalho. É essencial estabelecer um processo claro e respeitoso para lidar com desentendimentos, promovendo o diálogo aberto e a busca por soluções que beneficiem a todos.
Algo que aprendi, transversal a qualquer cultura, é que alcançar um ambiente multicultural seguro e inovador, as decisões tomadas precisam ser efetivamente implementadas. Do contrário, o processo pode perder sua credibilidade e confiança.
É gratificante fazer parte de uma instituição que exemplifica isso, onde em um cenário corporativo com procedimentos bem estruturados, encontramos um equilíbrio que promove ação e permite flexibilidade. Destaco também que, além do papel que os líderes têm na construção de espaços seguros, é crucial contar com equipes especializadas que formalizem essa busca.
Outro aspecto-chave, na minha visão, é o papel das metas. Em nossa organização, implementamos um processo colaborativo que permite a todos contribuir na definição do “norte” comum que desejamos alcançar. Isso ressignificou nossos objetivos, alcançando uma visão compartilhada na qual todos acreditamos firmemente sobre para aonde vamos e como vamos chegar lá, gerando maior comprometimento.
Cada empresa deve implementar essas práticas de uma maneira que seja orgânica. No entanto, há pontos em comum na prática, como a comunicação eficaz, a disponibilidade de informações e a definição clara de metas por projeto, em vez de esses pontos sejam definidos por área.
A definição clara de expectativas e o valor esperado também é muito relevante. Estabelecer desde o início expectativas claras em relação à comunicação, prazos e processos de tomada de decisão pode evitar muitos dos problemas que surgem. Isso ajuda a criar uma base comum para que todos possam colaborar de maneira mais eficaz. Assim como também é muito importante acordar sobre o que será percebido como valor.
Lembro-me de um projeto internacional, trabalhei com diversas áreas da empresa que, apesar de um objetivo comum, traziam perspectivas diferentes. Conversas diárias ajudaram a ajustar processos, estabelecer acordos claros e garantir independência, permitindo que os desafios fossem resolvidos em equipe.
Sou uma promotora de que, além de resultados, devemos ver os colaboradores primeiro como pessoas que têm motivações específicas. Se entendermos as pessoas de maneira integral, em função de um propósito, ter uma organização com um propósito forte, onde as pessoas possam ser elas mesmas e contribuir com seus conhecimentos e experiências e com um norte claro e compartilhado, torna a empresa um lugar mais agradável para trabalhar e, consequentemente, um fator chave para o sucesso de qualquer equipe.
Ao reconhecer e abordar os desafios da multiculturalidade, transformando diferenças em vantagens estratégicas, podemos construir um ambiente onde a segurança psicológica seja o alicerce para a inovação
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