* Por Olavo Cabral Netto
O que garante o sucesso de uma startup? Não são raras as vezes que nossos clientes empreendedores e até investidores me abordam com essa pergunta, acredito que motivados pela revolução digital que está acontecendo por meio de novas soluções tecnológicas e a aceleração dos processos.
Prefiro pensar que não existe garantia – fórmula pronta para o sucesso. São as decisões, dia após dia, e a forma como a gente se ajusta aos obstáculos encontrados pelo caminho que mantém a empresa no trilho do sucesso. Isso porque é esperado que uma startup esteja sempre pensando no longo prazo, mas com a quantidade de inovações tecnológicas, avanços regulatórios e as próprias adaptações de comportamento dos clientes, me parece que o grande desafio da maioria delas é sobreviver em curto prazo.
Nesse sentido, a pandemia nos trouxe uma série de aprendizados. Em conversas com outros fundadores de startups, tenho notado uma percepção crescente de que gestão estratégica tradicional, como a literatura costuma abordar, simplesmente não se aplica em alguns casos; em vez de modelos estratégicos prontos, a tomada de decisão tem sido norteada principalmente pelo respeito aos valores corporativos, com pitadas de criatividade, para encontrar soluções simples que estimulem o engajamento e a empatia. Isso sim gera valor!
Um aprendizado que fica pra mim nesse momento é que #CadaMinutoImporta: de um lado, ter controles financeiros e operacionais em tempo real ajuda a medir os impactos imediatos da crise no negócio; do outro, passar a visão institucional transparente e atualizada com uma comunicação rápida e clara para todos os colaboradores e clientes gera maior engajamento.
Liderar uma “startup que deu certo”, expressão que ouvi por diversas vezes ao longo da minha jornada, é um exercício de autodisciplina constante: descobrir seu propósito, encontrar a real necessidade dos clientes e desenvolver um produto vencedor é o que define quem é empreendedor de verdade; mas isso é só o começo.
É preciso definir objetivos claros, implementar uma cultura de execução – pessoalmente, não gosto do termo comum “cultura do erro”, porque entendo que o erro é parte do caminho, não o objetivo da cultura – e, claro, construir um ecossistema integrado de pessoas e tecnologia, que permita a evolução consistente da empresa.
Contudo, em um momento de crise como esse em que vivemos, todo esse discurso é colocado à prova. O impacto não foi o mesmo para todos os negócios; muitas companhias, inclusive, tiveram a oportunidade de crescer mais rapidamente durante esse período. A necessidade de pensar, mudar e agir de forma rápida foi a mesma para grande parte dos negócios brasileiros.
Independentemente do porte da companhia, momentos de adversidade levam todo mundo a concluir que cada minuto importa. É preciso aprender a errar rápido, absorver os aprendizados e mudar o percurso de maneira acelerada para manter a empresa viva e saudável. Não é sobre ter um plano bem definido, é sobre ter uma visão clara e a capacidade de se adaptar para trabalhar e pensar em novas soluções dentro de um cenário caótico.
É sempre muito inspirador pensar nas transformações que nossa startup está promovendo em longo prazo, mas quantas colocam em prática a ideia de que cada minuto importa? Como podemos gerar valor no futuro se não houver futuro para a startup? Por isso, reforço a percepção de que focar no longo prazo é, sim, importante, mas para fundadores e empreendedores de plantão esquecer da execução em curto prazo pode custar a sobrevivência da própria startup.
* Olavo Cabral Netto é CEO da Listo, fintech de soluções financeiras.