* Por Leonardo Costanza
De acordo com pesquisa da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs) e a auditoria PwC Brasil, produzida em 2020 com base nas respostas de representantes de 148 fintechs, de diferentes portes e setores, desde 2019, as fintechs vêm ampliando os serviços oferecidos e trabalhando com diferentes públicos.
Além disso, a atuação tornou-se mais diversa, uma vez que o estudo revelou que o segmento de créditos, financiamentos e negociação de dívidas é o que mais atrai fintechs (21%), seguido por meios de pagamento (16%), gestão financeira (9%), bancos digitais (9%) e tecnologias como Open Banking e Banking as a Service (7%). Neste contexto, as fintechs , ao oferecerem acesso ao risco sacado, garantem uma melhor experiência no consumo de produtos e serviços financeiros.
O risco sacado, também conhecido como projeto âncora, é um produto financeiro que permite obter capital de giro sem consumir a linha de crédito com o banco. Com ele, a empresa âncora não precisa arcar com endividamentos e ainda se torna viável a criação de estratégias para alongar o prazo de pagamento com os seus fornecedores.
Não há dúvidas quanto à relevância do risco sacado para o mercado, considerando que a obtenção de crédito costuma ser um grande entrave, independentemente do setor ou do momento econômico das empresas. Sendo assim, percebe-se como desafio do gestor a busca por formas mais eficientes para captação de recursos financeiros.
Na prática, a companhia compradora, denominada “empresa âncora”, monta uma operação de antecipação de pagamento aos seus fornecedores, “emprestando” a sua reputação e suas taxas mais competitivas para fomentar negócios, sem consumir a sua linha de crédito com o banco. Assim, o recurso do projeto âncora só é utilizado para que os fornecedores antecipem seus recebimentos, operando como capital de giro para a empresa âncora.
Mas, qual é a importância das fintechs nesse sentido?
A obtenção de crédito no Brasil ainda é um processo lento e burocrático, tanto para bancos, quanto para fintechs. Por isso, é necessário transformar a atual maneira de análise de crédito, que é realizada por meio do kit banco (formado por contrato social, procuradores, dados da empresa, e principalmente, dados de balanço).
Para dar celeridade a este processo, tornou-se fundamental o uso, em tempo real, de dados disponíveis nos ERPs. Assim, uma das grandes vantagens das fintechs está neste ágil levantamento de informações via ERP, garantindo acesso a dados que são extremamente relevantes para o sucesso de uma operação. No entanto, esbarramos em um grande desafio, uma vez que a indústria financeira ainda não consegue validar essas informações em tempo real.
Podemos perceber muitas empresas já olhando para os dados do ERP, e a partir dessas informações, concedendo o crédito e entendendo a saúde financeira de maneira mais automatizada e contando com o risco. O objetivo é que em um futuro próximo, seja possível utilizar dados diferentes para a análise de crédito, viabilizando uma qualidade de crédito mais assertiva, além de garantir maior agilidade no processo. Desta forma, a extração dos dados do ERP de maneira estruturada, segura e organizada se transforma em um repositório inteligente que passa a ser consumido por várias fintechs e produtos financeiros.
Tecnologias já utilizadas pelas fintechs
Dentre as tecnologias que já existem nas fintechs, podemos destacar as iPaaS, plataformas que controlam as conexões, e as APIs, que promovem a troca de informação de maneira rápida e segura. Além disso, algumas fintechs já contam com modelos de análise de racking, de crédito e de saúde financeira da empresa, que estão sendo construídos com base em inteligência artificial. É este o modelo que está sendo construído para se tornar um padrão no mercado.