*Dr. Werner Vogels
Entramos em uma era de desafios sociais sem precedentes e rápidos avanços tecnológicos. O aproveitamento da tecnologia para o bem tornou-se um imperativo ético e um empreendimento lucrativo. Desde inovações em energia limpa, que abrem novos caminhos para o desenvolvimento sustentável, até ferramentas com tecnologia de inteligência artificial (IA), que fazem a balança pender para o lado da luta contra a desinformação, estamos testemunhando a tecnologia aumentar a engenhosidade humana de maneiras inspiradoras.
O surgimento de tecnologias orientadas por intenções está remodelando nosso relacionamento com o mundo digital, promovendo o foco e o bem-estar em vez da mera captura de atenção. Ao mesmo tempo, está surgindo uma força de trabalho voltada para um propósito, mais ansiosa para resolver problemas humanos difíceis do que para perseguir o resultado final. Nos próximos anos, o uso da tecnologia para causar impacto positivo não será apenas possível – ele redefinirá a maneira como pensamos sobre o sucesso.
A força de trabalho do futuro é voltada para um propósito
Enquanto o mundo enfrenta desafios urgentes como sustentabilidade, equidade social, segurança alimentar e econômica, além do uso responsável da IA, uma revolução silenciosa ocorre no mercado de trabalho. A nova geração de profissionais busca, além do sucesso financeiro, a oportunidade de criar um impacto positivo na sociedade. Como nativos digitais, e conscientes dos desafios globais, esses indivíduos buscam carreiras que aliem propósito e profissionalismo, e que priorizem questões como saúde mental, mudanças climáticas e equidade social.
Essa mudança de valores impulsiona a criação de novas profissões híbridas, que combinam conhecimentos técnicos com uma profunda compreensão dos desafios sociais e ambientais. As organizações e empresas que reconhecerem essa mudança e adotarem o trabalho orientado por objetivos estarão preparadas para o sucesso a longo prazo. A força de trabalho do amanhã não será apenas eficiente, mas também engajada e comprometida com um mundo mais justo e sustentável.
Uma nova era de eficiência energética impulsiona a inovação
O aumento da demanda de energia e os imperativos climáticos estão impulsionando uma transformação na forma como geramos, armazenamos e consumimos energia – e intensificaram a urgência por fontes complementares que garantam um suprimento estável e contínuo. A expansão da energia nuclear e o crescimento da energia renovável estabelecerão as bases para um futuro em que nossa infraestrutura de energia seja um catalisador para a inovação, e não uma limitação.
A energia nuclear ressurge como uma solução promissora, mas não com os modelos antigos. A adoção de tecnologias de ponta, como os Reatores Modulares Pequenos (SMRs), representa o futuro. São reatores menores, mais flexíveis e mais fáceis de operar e manter do que as usinas nucleares tradicionais.
Empresas como a Amazon que investiu US$ 500 milhões na X-Energy para desenvolver SMRs e firmando parcerias com a Energy Northwest. Energia limpa, impulsionada por inovações tecnológicas e uma força de trabalho capacitada, abrirá um novo capítulo de possibilidades, conduzindo-nos a um futuro sustentável e inovador.
A tecnologia faz a balança pender para a descoberta da verdade
Passamos rapidamente de uma era de ciclos prolongados de notícias que duravam semanas ou meses, para um fluxo constante de atualizações que surgem na velocidade de um clique. As plataformas de mídia social se tornaram a principal fonte de divulgação e consumo de notícias, e nunca foi tão difícil distinguir entre o que é verdadeiro e o que é falso.
A confiança do público na mídia tradicional e nos veículos de notícias e as implicações são profundas: 52% da população tem dificuldades para identificar informações genuínas, o que leva a um ceticismo generalizado e ao compartilhamento de informações incorretas.
No entanto, se a tecnologia ajudou a alimentar a crise, ela também é a chave para solucioná-la. Uma nova onda de ferramentas baseadas em IA surgirá para capacitar jornalistas, pesquisadores e cidadãos engajados em sua busca pela verdade. Essa revolução tecnológica democratizará os recursos de investigação, acelerará a verificação de fatos e começará a fechar a lacuna entre a disseminação da desinformação e seu desmascaramento.
Dados abertos impulsionam a preparação descentralizada para desastres
A resiliência a desastres será fundamentalmente transformada pelo poder dos dados hiperlocais de origem comunitária. Embora os esforços de socorro de cima para baixo tenham vantagens, como a mobilização de recursos em grande escala, eles geralmente não têm a agilidade e o dinamismo necessários para uma resposta rápida. Estamos testemunhando uma mudança em direção a plataformas centradas na comunidade que capacitam os indivíduos a assumir o controle de sua segurança.
Com a onipresença dos telefones celulares, as comunidades têm o poder de coletar diversas informações no local. Essa mudança redefinirá o gerenciamento de desastres de um modelo reativo e de cima para baixo para um modelo proativo, descentralizado e voltado para a comunidade.
A tecnologia de consumo orientada pela intenção ganha força
Entre 2009 e 2022, o uso diário de mídias sociais entre os adolescentes disparou de 50% para 95% – e a saúde mental de muitos piorou. Documentos internos do TikTok revelam que os usuários podem se tornar viciados após apenas 35 minutos de uso, e 72% dos professores de ensino médio dos EUA consideram a distração dos alunos com o celular um grande problema.
São tendências alarmantes – mas uma mudança sutil está redefinindo nosso relacionamento com a tecnologia de consumo. À medida que mais pessoas procuram um refúgio contra a distração constante, estão surgindo dispositivos que priorizam a atenção plena, a intencionalidade e o pensamento profundo em vez de uma enxurrada de estímulos fugazes. Em 2025 e nos anos seguintes, a tecnologia nos capacitará em vez de nos distrair – e seremos melhores por isso.
*Dr. Werner Vogels é VP e CTO da Amazon.com
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