* Por Marcelo Navarini
Não é de hoje que empresas buscam maneiras de aumentar a produtividade das suas operações e colaboradores, especialmente no Brasil, onde a taxa é bastante baixa.
De acordo com o estudo realizado pela consultoria internacional, The Conference Board divulgado em 2020, o brasileiro leva em média uma hora para produzir algo que um estado unidense faria em quinze minutos e que um coreano levaria 20 minutos.
Entre tantos fatores que influenciam esses dados, há a diferença de capital intelectual entre os países, consequência do tempo e qualidade da educação , mas também há um componente do dia a dia das empresas, relacionado à automatização de processos por meio de tecnologias. Dessa forma, o nosso esforço é maior ao passo que nossos resultados são menores.
Ainda neste cenário, segundo dados do Fórum Econômico Mundial (WEC – World Economic Forum), que elaborou em 2019 um ranking global de competitividade, no qual foi analisado o conjunto de instituições, políticas e fatores que determinam o nível de produtividade de 141 países, o Brasil performou na 71ª posição.
Na ocasião, o país mais bem posicionado no ranking foi Singapura, superando os Estados Unidos, que ocuparam a segunda posição. O top 10 abrange ainda Hong Kong em 3º lugar, seguido por Holanda, Suíça, Japão, Alemanha, Suécia e Reino Unido.
O impacto desses dados é bastante significativo, visto que a única forma de viabilizar o aumento sustentado da renda média de um país é por meio da produtividade.
O Brasil possui uma economia informal muito grande, com muitos processos não eficientes que consomem tempo de forma desnecessária. Existe um espaço enorme para avançarmos alguns degraus através da maior produtividade em processos diários.
A automatização dos processos é uma solução que vem à mente quando pensamos dessa forma. Suponhamos que, de um hora pra outra, as empresas conseguissem mudar seus processos de manual para automatizado.
Sem sombras de dúvidas, teríamos um efeito global positivo na economia, podendo gerar mais resultados com menos esforços. Desta forma, a economia de recursos poderia acelerar o crescimento de outras frentes.
Apesar de ser um conceito antigo, muitos ainda acham que tecnologias vão substituir o trabalho das pessoas, no entanto podemos utilizar como exemplo a área da medicina para quebrar esse mito.
Afinal, inúmeros procedimentos cirúrgicos contam com o auxílio da tecnologia, não como operadora, mas como uma ferramenta que auxilia o médico. A tecnologia, quando bem adotada, quebra barreiras.
Nesse sentido, o investimento em automatização focado em micro e pequenas empresas, incluindo as informais, causaria impactos positivos na produtividade da economia brasileira.
Vale ressaltar a importância da qualificação da mão de obra, movimento que vem crescendo no setor privado, com destaque para companhias que buscam capacitar sua própria base de colaboradores.
Lógico, é importante frisar que para problemas complexos não existem uma única solução, contudo podemos pensar que o incentivo massivo em negócios com menor grau de formalização e com processos pouco eficientes é de extrema importância para que pequenos empreendedores consigam se atualizar e utilizar mais tecnologias, gerando um efeito positivo no que se refere aos aspectos econômicos e sociais do país.
Marcelo Navarini é COO do Bling, sistema de gestão do Grupo Locaweb. O executivo é Administrador e Mestre em Economia Internacional. Antes do Bling, Navarini atuou como Investment Officer na CRP Cia de Participações, em transações de Venture Capital e Private Equity.