A Internet das Coisas chegou para ficar, apesar de alguns dizerem isso com ressalvas. O termo, cunhado no MIT, designa o potencial de arrecadar dados a partir da conexão de ferramentas que usamos com certa frequência. A DEV Tecnologia é a empresa brasileira que mais está presente em eventos de Internet das Coisas e há um motivo para isso. A empresa é a única brasileira que cobre funções completas da Internet das Coisas. “Oferecemos desde a infraestrutura até o monitoramento”, conta o co-fundador Camilo Rodegheri.
Fundada no ano passado pelos engenheiros Rodegheri e Marcelo Pesse, a empresa hoje tem cinco funcionários e quer inserir o modelo de Internet das Coisas por meio de grandes projetos. Com foco B2B, a DEV hoje tem uma carteira de 12 clientes.
Incubada pela Cietec, a DEV tem um grande projeto em mãos de gestão de energia elétrica, que até três anos deve instalar dez mil pontos de monitoramento para um conjunto de prédios comerciais. Esse projeto permitirá que gestores desses prédios dividam a conta de luz de acordo com o uso e acumulem dados sobre tipo de uso e consumo em todo o edifício. Mas isso é só o começo. O potencial da Internet das Coisas é imenso. A DEV, por exemplo, pode oferecer ainda sistema de monitoramento de transporte, de lixo, automação industrial.
O medidor inteligente sem fio que manda relatórios já foi patenteado pela DEV. O projeto teve hardware e software desenvolvidos pela empresa. É exatamente o tipo de projeto que eles querem oferecer ao mercado.
A empresa quer dar soluções para outras empresas. “O cliente vem com um problema e a gente pensa numa solução. Algumas dessas soluções podem se tornar produtos nossos”, diz Camilo. Mas há mais. “Também podemos ajudar muito aquele cara que já fez um protótipo com arduino e agora quer ir para o mundo real; além de empresas que já têm um produto e querem conectá-lo a internet para facilitar a visualização de dados e empresas que precisam de uma forma de coletar dados”, conclui. Em suma, a DEV cobre todas as partes do projeto.
E não é que Camilo sempre pensou numa empresa assim, ele explica que no modelo Internet das Coisas em outros países, geralmente cada empresa provém um serviço (ou coleta de dados, ou software ou hardware), mas a falta de empresas do tipo no Brasil fez com que a DEV focasse em todas as soluções para não perder clientes que não tinham a outra ponta do serviço e/ou que não conhecesse o termo Internet das Coisas e o potencial disso. “A percepção [do potencial da Internet das Coisas] está evoluindo e o produto é a forma que encontramos de nos conectar com essas empresas”, diz.
O medidor de energia será extremamente econômico para a empresa contratante e Camilo explica que projetos como esse para cidades podem trazer uma enorme economia de gastos públicos. O monitoramento inteligente também pode servir para água, gás e ambientes (como hospitais, por exemplo, que precisam de temperatura controlada).
Futuro
Camilo afirma que a ideia é dobrar a equipe até o ano que vem para aceitar mais clientes. Apesar de hoje só ter clientes de São Paulo, a empresa pretende atender outros estados e os sócios não vêem nenhum impedimento para tal.
O engenheiro que também passou pelo MIT afirma que em até dois meses pretende lançar um kit para desenvolvedor, no qual empresas possam começar a testar soluções. Em três anos, a empresa terá 10 mil pontos de energia monitorados em São Paulo. A Internet das coisas chegou para ficar.
Outros produtos
A empresa já desenvolveu produtos com fins acadêmicos, pois foi assim que nasceu: fazendo equipamentos para pesquisas científicas. Um deles é uma pista de corrida para lagartos, para o Instituto de Biologia da USP, projetado para analisar o comportamento das espécies.
O Eye Tracker foi um projeto encomendado pelo Laboratório de Fisiologia e Biofísica do Instituto de Ciências Biomédicas da USP para análise de biomedicina, neuromarketing e novos paradigmas de interação homem-máquina. No vídeo abaixo, o usuário joga Fruit Ninja movendo apenas os olhos.
Segurança
Sobre o artigo da Wired que aponta ressalvas da Internet das coisas, Camilo diz que acha que é cedo para discutir segurança. “Essa discussão agora pode fazer a gente deixar de experimentar, mas vai ter um momento em que vamos ter que encarar temas como segurança e privacidade, claro”, afirma.