* Por Natália Zeferino
Hoje, não se fala mais em tecnologia sem citar a Inteligência Artificial, ou em inovação sem startups. Posso dizer com confiança que não se pode mais falar no ativo humano das empresas sem pensar em diversidade. Para ser colocada como prioridade, a diversidade precisa ser parte dos valores de uma companhia.
Muitos estudos mostram que a preocupação com pessoas diversas nos times, além de essencial do ponto de vista humano, gera resultados positivos. De acordo com pesquisa realizada pela McKinsey & Company, companhias com maior diversidade étnica e cultural têm 33% de probabilidade de terem um desempenho superior. Outro estudo, da consultoria Josh Bersin, mostrou que organizações mais diversas têm 1,7 vez mais chances de serem líderes inovadoras.
E para que as empresas consigam chegar lá, atualmente já existem consultorias especializadas no tema, que podem ajudar no treinamento de recrutadores, por exemplo, ou na construção de uma linguagem mais inclusiva para a comunicação interna, entre outros temas. Criar grupos dentro da empresa, no formato de squads, que possam pensar em ações com esse foco e transitar por diversas áreas também é uma forma de colocar em prática esse valor.
Outro ponto importante para começar a avaliar a diversidade são programas de estágio e de jovens talentos, onde de forma geral se contratam pessoas mais jovens e com menos pré-requisitos de qualificação. Pensar em um programa inclusivo abrange detalhes como onde ele será divulgado, as pessoas que aparecerão nessa divulgação e quem elas representam, até os pré-requisitos exigidos e o treinamento da equipe que fará a seleção.
Ainda que não seja possível remover totalmente os vieses já incutidos nos recrutadores e até mesmo nas ideias que temos pré-concebidas sobre o tema, podemos treinar para adquirir consciência deles e sermos menos afetados pelos mesmos. Uma pesquisa da plataforma de recrutamento britânica SomeoneWho mostrou que apenas 32% dos funcionários da área de RH acreditavam que não estavam sendo influenciados por algum tipo de preconceito ao realizar contratações e 48% admitiram que tiveram suas decisões impactadas.
Para citar um exemplo de mercado, na Movile, durante o programa de estágio e jovens talentos que foi realizado em 2019, fizemos a seleção inicial às cegas e treinamentos sobre vieses inconscientes com todos(as) os(as) recrutadores(as). O resultado foi a contratação de 46% de mulheres, 40% de pessoas negras e 25% de pessoas da comunidade LGBTQI+.
Sendo assim, para que a diversidade seja alcançada e saia do papel ou do discurso, é fundamental que ela seja uma meta, com ações táticas e acompanhamento periódico, como os demais objetivos de uma empresa. Abraçar essa causa é um constante aprendizado, que faz bem não só aos negócios, mas a todos(as) enquanto seres humanos.
* Natália Zeferino é gerente de Gente do Grupo Movile. Formada em Midialogia e pós-graduada em Marketing Organizacional, ambos pela Universidade Estadual de Campinas, está no sétimo ano de Grupo Movile. Responsável por Comunicação Interna, Cultura, Design e Projetos de Diversidade, tem experiência profissional no Brasil, México, Colômbia e Argentina.