* Por Diogo Catão
Este ano já começou muito promissor para o ecossistema govtech no Brasil, porque existem muitos recursos a serem investidos nesse cenário. Entre essas possibilidades de aportes, destaco duas: o BRB Venture Capital, que possui um fundo de R$ 50 milhões disponíveis para startups de serviços financeiros, agronegócio e administração pública. Esse fundo será gerido pela KPTL e Bossanova Investimentos. Além desse, temos o Cedro Capital, com recursos definidos também em R$ 50 milhões. Neste caso, direcionados especificamente para govtechs. Ou seja, já há R$ 100 milhões em jogo e ainda estamos em fevereiro.
O aporte recente da Aprova Digital, pertencente a Astella e VOX Capital, por exemplo, captou R$ 22,5 milhões, sendo o maior aporte já realizado em uma govtech da América Latina. Assim, considero que, apesar de o ano estar apenas começando, já é possível sentir os bons ventos recebidos pelo ecossistema govtech aqui no Brasil.
O cenário está otimista e com expectativas bem positivas, porque há o desenvolvimento de fundos voltados para o setor govtech e outras alternativas em desenvolvimento, como a primeira Venture Builder Govtech do Brasil, a Dome Ventures, expandindo suas atividades, construindo e desenvolvendo soluções para o governo.
A expectativa é de que surjam e se desenvolvam cada vez mais soluções para fortalecer o cenário e atender muito mais municípios e estados, se espalhando pelo Brasil. Então, com esse impulsionamento, é esperado que as govtechs se estruturem rapidamente, replicando suas soluções para outras instituições públicas e, com isso, sistematizem suas equipes de vendas, de desenvolvimento, de marketing, entre outros.
Esperamos que, com esses aportes, o setor seja desenvolvido e atinja todo o seu potencial nos próximos anos, já que esse avanço é muito positivo tanto para as startups, quanto para o setor público e a sociedade em geral.
Onde encontrar dados sobre govtechs
As pesquisas sobre a área mais relevantes são de escala global, como a GovTech Maturity Index, ou GTMI, que avalia o nível de desenvolvimento e maturidade govtech de 198 países. Destacamos nesse ranking o Brasil, que está em terceiro lugar em maturidade de govtechs.
Já em escala nacional, temos a pesquisa do BrazilLAB, que mapeou o cenário por todo o país e destacou nosso nível de maturidade neste setor. Infelizmente, o estudo é de 2020 e não temos dados mais recentes. Com o ecossistema em pleno desenvolvimento, certamente os números são mais otimistas atualmente.
Setores em que as govtechs atuam
Partimos do princípio de que as soluções govtech visam solucionar problemas e lacunas em vários setores, como educação, saúde, gestão, mobilidade, meio ambiente, logística, segurança, moradia, saneamento, entre outros. Algumas tecnologias fazem mais sentido para algumas áreas do que para outras. Por exemplo: uma healthtech pode utilizar a inteligência artificial na área médica para auxiliar no diagnóstico através da comparação de dados, ou big data, que pode ser bastante aproveitado para a segurança cibernética, entre outros fatores.
Destaco que hoje há soluções de startups para resolução de problemas corporativos, que facilmente podem ser adaptadas para o setor de instituições públicas. Já o governo precisa muito de soluções tecnológicas e é possível adotá-las de maneira precisa e útil para a população.
Um case que destaca esse ponto é o gov.br, plataforma que centraliza diversos serviços dentro de uma ferramenta intuitiva que ajuda e facilita a vida do cidadão.
Há uma imensidão de novas tendências que podem ser aplicadas no setor público, tendo em vista que esse é um cenário ainda carente de novas soluções tecnológicas. Claro, tecnologias já estão sendo aplicadas dentro do setor público, porém existe um universo de novas soluções que podem ser implementadas. Destaco algumas direções já observadas na sociedade em geral, evidenciadas pelo setor privado, como o metaverso, em que é possível trabalhar e socializar através de plataformas digitais.
Também há um processo de gamificação, em bastante evidência atualmente e facilmente adaptado ao setor público, em que é possível, por exemplo, qualificar profissionais e estudantes da rede pública. Além dessas, a Inteligência Artificial chega bem forte.
Todos esses novos caminhos apontam para uma integração entre o mundo digital e o real, trazendo esse digital para oferecer soluções que facilitem a vida da população.
ODS da ONU impulsionam govtechs no setor público
Todos os setores da sociedade merecem atenção e precisam de soluções tecnológicas para impulsionar a qualidade dos serviços oferecidos. Porém, destaco os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU que fazem parte da chamada Agenda 2030. Esse pacto global foca no desenvolvimento de soluções para tratar problemas voltados para saúde, meio ambiente, educação, entre outros temas importantes para todo o mundo.
As instituições públicas estão voltadas para metas sustentáveis e buscam soluções que foquem na resolução dos problemas relacionados a elas, porque dessa forma melhoram diversos aspectos da sociedade, como: reduzir a pobreza e fome, melhorar o bem-estar da população, oferecer educação de qualidade, igualdade de gênero, saneamento básico e água limpa para todos, energia limpa e acessível, emprego justo, desenvolvimento econômico e social, inovação, redução da desigualdade social, comunidades sustentáveis, paz e justiça.
Para isso, investimentos em tecnologia e inovação têm um papel importante e só trazem vantagens. Já para a sociedade, as principais vantagens são o desenvolvimento social como um todo, mais agilidade nos serviços e maior transparência. Para o mercado, por sua vez, também há vantagens – além de usufruírem do benefício social, também valorizam o desenvolvimento de novas tecnologias e se impulsionam no campo econômico.
Diogo Catão, CEO da Dome Ventures, uma Corporate Venture Builder GovTech que nasceu com o propósito de transformar o futuro das instituições públicas no Brasil.
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