* Por Daniel Leipnitz
Valorizar as pessoas está cada vez mais em alta no universo corporativo e do empreendedorismo. Uma das grandes vantagens competitivas da Índia diante do mercado é, com toda certeza, a quantidade e qualidade de seus talentos, o que reforça a importância das lideranças focarem neste ponto e investirem em seus pontos fortes. Algumas das maiores empresas da área de tecnologia hoje têm lideranças indianas, como Microsoft, com Satya Nadella, Google, com Sundar Pichai, e Adobe, com Shantanu Narayen. Por isso, não somente a cultura encantadora e o setor de tecnologia altamente desenvolvido do país me encantam, mas também o potencial das pessoas que o constroem.
Para mim, conhecer a Índia e algumas dessas pessoas foi uma grande honra, pois pude ter contato próximo com empreendedores e profissionais de diversas áreas para trocar experiências sobre inovação e tecnologia. Somente na cidade de Bangalore, conhecida como a Capital da Alta Tecnologia no país, formam-se por ano 50% dos profissionais graduados na área de tecnologia do mundo. A qualidade do ensino e as possibilidades de capacitação fazem com que os talentos do país se destaquem.
Esses pensamentos há muito tempo me fazem refletir: o que torna este povo tão especialista nas áreas de matemática e engenharia, e por que estão à frente de tantas organizações da área de tecnologia? Bom, ao chegar na Índia já pude começar a esclarecer uma parte desta dúvida. Bastou olhar para a sua geografia e arquitetura histórica (muros, casas, construções) para perceber na grande quantidade de formas geométricas e simetrias que o conhecimento jé antigo. A Índia é conhecida por suas tradições milenares, e acredito que o interesse e a dedicação a estas áreas está neste contexto.
Um segundo ponto pelo qual eu entendo que isso acontece é pela qualidade no ensino da população. São mais de 70 mil alunos formados por ano somente em universidades de língua inglesa na Índia. É uma tradição no país que é mantida e atualizada em termos de qualificação a cada ano, injetando no mercado profissionais qualificados com o que há de mais novo no setor de tecnologia.
Um país da dimensão da Índia, em termos populacionais e de potencial de negócio, na minha visão, é como se fosse a China de 20 anos atrás. O que o Brasil tinha em termos de relações comerciais com este país, eu acredito que é o futuro da nossa relação com a Índia. Eu confio que, juntando a inteligência e a capacidade de desenvolvimento de novidades dos talentos indianos, à estruturação do ecossistema de inovação por meio dos sistemas de incubadoras que contamos no artigo anterior, ao potencial de alcance de mercado apresentado pela Índia, o país com certeza tem um grande caminho pela frente, e as possibilidades de relacionamento com o Brasil se ampliam ainda mais.
* Daniel Leipnitz é presidente da Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE) e vice-presidente da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec).