* Por José Muritiba
Muito se fala sobre a redução de investimento no ecossistema de startups e se compararmos o número absoluto de investimento no último ano com esse, veremos sim uma queda. No primeiro semestre de 2021, US$ 5,2 bilhões foram investidos em startups no Brasil, contra US$ 2,92 bilhões de montante no mesmo período deste ano, segundo levantamento do Distrito.
Mas é preciso se aprofundar e entender um pouco melhor esses números. O mercado early stage, por exemplo, está crescendo: no primeiro semestre de 2021 foram investidos US$ 1.23 bilhão em early stage e US$ 153 milhões em seed. Neste ano, no mesmo período, os números foram de US$ 1.39 bilhões e US$ 282 milhões, respectivamente. O que evidencia a contínua confiança no desenvolvimento e financiamento de novos negócios.
Esse movimento que estamos vendo é um reflexo do próprio mercado, e já esperado. Nos últimos anos, vivenciamos não só aqui no Brasil, como no cenário internacional, uma corrida pelos unicórnios, com aportes milionários, crescimento acelerado e expansão das renomadas startups financiadas por grande queima de capital. Nesse ambiente estamos acompanhando um grande período de reprecificação, que reflete diretamente nos números em condições acumuladas e valores absolutos, mas não representa um recuo ou encolhimento do mercado, propriamente dito.
Tanto VC’s internacionais como brasileiros, continuam capitalizados, acreditando em suas teses e continuamente exercendo seu papel de alocar no mercado seus respectivos recursos, como é nosso caso no Investidores.vc.
Startups 2022: Investimentos em novos segmentos batem recorde
Fecharemos o ano com volume recorde de investimentos, aportando em novos segmentos, como Martech e Construtech, e inclusive realizando “follow on” em ativos do nosso portfólio, que por apresentarem excelente performance, dão sequência em suas rodadas de investimento. Por continuarmos otimistas com nossa tese, e por contar com uma rede capitalizada, não sofremos com as atuais variações de taxa de juros e inflação, e damos sequência em nosso plano de lançar nos próximos meses um novo veículo de investimento 100% dedicado a early stage.
É provável que o mercado de startups fique mais racional, pois a estratégia das empresas vai estar cada vez mais na mira dos investidores, que por sua vez podem se portar mais exigentes e atentos a métricas e segmentos mais específicos. Ainda que com cheques menores e mais cautela, aportes e investimentos continuarão acontecendo.
Historicamente o mercado de venture capital nacional e internacional, pagam retornos e prêmios muito acima dos tradicionais mercados financeiros, visto que ativos como startups merecem sempre compor a carteira de investidores com maior apetite a risco. Mesmo sendo um momento global de turbulência, a densidade e profissionalização contínua do mercado, atrelada ao amadurecimento do ecossistema brasileiro, tende a ser cada vez mais uma equação assertiva para os investidores.
Em relação a segmentos, mercados como fintechs, foodtechs e healthtehs sempre se mantêm em crescimento. Para finalizar, vale destacar que, assim como nos últimos anos, tem crescido o movimento em soluções de logística, proptechs e novas tecnologias, como NFT, blockchain e cripto. Fiquem de olho!
José Muritiba é CEO do Investidores.vc, além de ser um empreendedor dedicado ao mercado de inovação, digital e startups de base tecnológica.