* Por Paula Morais
Tudo é hackeável no sentido mais genuíno e positivo da palavra. Ao entendermos isso, passamos a enxergar cada obstáculo, cada processo e passo da operação como algo a ser otimizado sempre. Ao “hackear” o recrutamento tradicional, a visão do negócio passa a ser pautada no desenvolvimento de uma cultura de olhar para o funcionamento das coisas e se desafiar a fazer melhor. O recrutamento “hacker” veio para desconstruir de forma inovadora o modelo tradicional de R&S.
Trabalhar com recrutamento e seleção não é apenas triar currículos que chegam na caixa de e-mails da sua empresa e selecionar os mais aptos, mas pensar em como usar soluções melhores e hackeá-las. O RH 4.0 passa a ser ágil, estratégico e preciso, sem esquecer que o H é humano dessa relação.
É pensar nas fases de seleção como etapas a serem transformadas e otimizadas, visando alcançar mais eficiência e assertividade, mas sem nunca deixar de lado a experiência do talento. É necessário ter em mente que, em todos os níveis do processo, estamos lidando com humanos e suas particularidades. E para além disso, é preciso navegar no mundo tech e pensar: como isso está sendo feito? Está entregando resultados? Se não está, como podemos inovar e hackear o processo?
Essa é a base do recrutamento hacker: entender a situação e todas as suas particularidades e analisá-la como algo hackeável: quais as possibilidades que temos e quais podemos criar? Isso vai desde extensões no Google Chrome que ajudam a otimizar o processo até mesmo à utilização de bots em mensagens.
É possível hackear o recrutamento.
A filosofia hacker, como explicado no início, pode ser aplicada em todas as fases do seu processo. Depois de realizar o alinhamento com o cliente para entender qual perfil é o mais assertivo para cada vaga, traçamos todas as estratégias para a atração e triagem dos profissionais, pensando em quais hacks podemos utilizar desde antes da entrada nos talentos no nosso funil.
O talent hacker, como são chamados os nossos recrutadores de talentos, tem a responsabilidade de encontrar e atrair perfis para participarem do processo. Para determinar qual estratégia tem o melhor desempenho e melhorar campanhas de aquisição de talentos é possível fazer testes com ads, pois eles permitem alterar variáveis, como elementos da arte do anúncio, público ou posicionamento, a fim aumentar a proporção de inscritos por pessoas que que foram impactadas pelo anúncio.
É interessante realizar testes para mensurar o impacto de alterações na sua campanha ou para comparar rapidamente duas estratégias de aquisição de talentos. Outra estratégia interessante é o mapa de calor, que é o resultado do rastreamento dos movimentos do mouse dos usuários do site. Ao fazer esse mapeamento, é possível pode ver o que está de fato atraindo os olhos dos seus visitantes, as regiões do site onde eles passam mais tempo e onde estão clicando mais.
Com essas informações é possível investir em melhorias nas páginas de inscrição, essas que vão consequentemente impulsionar as taxas de conversão. O uso de Chatbots via WhatsApp para manter um relacionamento mais próximo com os talentos ao longo da jornada também pode ser uma ferramenta interessante, mantendo-os atualizados do status do processo enquanto realiza as ações de triagem.
A cultura hacker impacta no negócio.
Quando você consegue gerar resultados mais assertivos em menos tempo, consequentemente você gera maior lucratividade! Além disso, quando os talentos passam de forma mais rápida pelo seu processo e têm uma boa relação durante todas as etapas, eles acabam engajando mais e têm maiores chances de se tornar divulgadores da sua empresa. Sem dúvidas você já teve que passar por um processo longo de seleção na empresa, para tentar ser mais assertivo, ou mesmo porque era necessário passar por muitas seleções internas.
Sendo assim, hackear os processos é uma estratégia para diminuir o tempo gasto com fases mais operacionais e sem perder a assertividade, ajudando tanto para a imagem da empresa como para a experiência dos talentos. E quais outros benefícios daria para extrair do recrutamento hacker?
São muitos, entre os quais, maior assertividade no processo, redução do tempo gasto nas etapas de triagem, maior engajamento dos talentos no processo, além do fato do time de recrutadores ganhar mais tempo para se ater a outras tarefas.
Além disso, maior engajamento da equipe de recrutadores com ferramentas inovadoras e impacto positivo na marca empregadora da sua empresa. Implementar a cultura hacker, e criar tantas soluções para o processo de seleção, é um processo longo e que demanda um certo esforço do seu time. No entanto o tempo gasto para estruturar esses pontos vai economizar muito mais tempo, posteriormente, e garantir um processo muito mais eficiente.
É importante visualizar quais partes do processo da sua empresa podem ser otimizados e ter sempre em mente: como isso funciona e como posso fazer melhor? É um exercício a ser praticado aqui e agora.
* Paula Morais é CEO e cofundadora da Intera, hrtech voltada para o R&S digital, que oferece soluções focadas para atrair e pré-qualificar os melhores candidatos para o processo seletivo. Fez carreira em e-commerce, empreendendo o primeiro marketplace de aluguel de itens no Brasil. Foi diretora de recrutamento na Sanar, startup em crescimento acelerado, e chegou a ter uma escola de tecnologia que formava desenvolvedores.