* Por Felipe Monteiro
A realidade do isolamento social nos deixou completamente dependentes da tecnologia. Enquanto alguns negócios sofrem para se adaptar ao novo cenário e garantir alguma receita para sobreviver, as startups já estavam preparadas por carregarem o propósito inerente de vanguarda digital. Assim, para algumas empresas, a pandemia torna-se uma oportunidade de aprimoramento e diversificação de portfólio.
Em pesquisa realizada pela Gávea Angels no último mês, 75,5% dos participantes consideraram a crise uma oportunidade para encontrar deals mais “baratos”, haja vista que o valuation antes inflacionado provavelmente chegará ao preço real agora. Além disso, apontaram que é um bom momento para investir em startups da área da saúde e negócios relacionados a telemedicina, aprovados e regulados durante a situação vivida pelo país. Inteligência artificial e healthtechs são as áreas que estão e continuarão com mais oportunidades a partir da covid-19.
Com a necessidade que as empresas têm agora de se reinventar, surgem descobertas de novos negócios, afinal, o que não faltará são desafios desconhecidos para se resolver, o que é o principal combustível e motivação dos empreendedores e investidores em startups. No geral, as startups de tecnologia crescem em meio às crises, multiplicando o número de clientes e de potenciais investidores que buscam lucro a longo prazo. Por fornecerem insumos que são considerados fundamentais para que organizações de todos os portes continuem operando com eficiência, as empresas de software são as menos expostas aos efeitos negativos da pandemia.
Essas empresas também são favorecidas por seus modelos de negócios, que costumam se basear em receita recorrente por meio de assinaturas mensais dos serviços prestados, o SAAS (Software as a Service). Isso porque esse modelo permite diminuir os custos, tornando-as mais competitivas do que as empresas de serviços tradicionais de instalação e configuração, assim como possibilita contratos mais duradouros e, consequentemente, expectativa de receita por longo prazo, garantindo fluxo constante mesmo durante a crise, quanto a possibilidade de novas vendas se torna mais restrita.
E, apesar de todos os indicadores favoráveis e do cenário tecnológico que se desenha, podemos afirmar que o patrimônio mais precioso de uma startup, mesmo em tempos de crise, é o seu propósito, como mostra documento orientador estruturado pelo Grupo de Estudos de Startups do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). Na vida de incertezas que testemunhamos, nada como um propósito bem direcionado para alavancar novas oportunidades que permitem a evolução dos negócios, da sociedade e do planeta. Nesses novos tempos, a solidariedade se torna pré-requisito para a obtenção e repartição do lucro, e a tecnologia passa, cada vez mais, a ser direcionada para o bem-estar de todos. Quem sabe, para a efetividade de uma economia colaborativa em que startups comandem o cenário.
* Felipe Monteiro é diretor de Sztartup Desk do Kasznar Leonardos.