* Por Leo Monte
O Banco Central do Brasil oficializou, nesta quarta-feira, o PIX, novo sistema de pagamentos instantâneos. O lançamento oficial está previsto para novembro, mas os testes e homologação começam já no mês que vem. O novo sistema de pagamento instantâneo confirmará as transações dentro de alguns segundos, sem restrições quanto à data ou hora do dia. O modelo é uma tendência mundial que já está totalmente ativo em 45 países.
Além da taxa de manutenção da conta, a maioria dos bancos no Brasil também cobra uma taxa por transação, o que adiciona custos anuais significativos aos clientes. Com o novo sistema, os brasileiros poderão transferir para qualquer conta, sem custos adicionais.
Além disso, as transferências bancárias, hoje só possíveis com nome, número de CPF e informações bancárias, poderão ser efetuadas utilizando apenas o número de telefone ou endereço de e-mail do destinatário. O PIX se apresenta, então, como um acelerador de fluxo de dinheiro que pode trazer um impacto positivo à economia nacional.
Oportunidades para todos os tipos de negócios – de pequenos comerciantes a grandes empresas de tecnologia – surgirão. As mais relevantes nesse contexto seriam aquelas criadas nas frentes de meios de pagamento. O custo do caixa, a manutenção dele, a logística em torno dele, os elementos de segurança e assim por diante são muito pesados no sentido macroeconômico.
A manutenção de um banco de dados para registrar transações seria bem mais econômica em geral com o pagamento instantâneo. Ele se apresenta como uma oportunidade de substituir o dinheiro por algo simples, barato e eficaz. Muitas forças de mercado precisarão se alinhar para que isso aconteça e, eventualmente, se alinharão. É inevitável que façam isso.
Transformação do QR Code
Diferente de países como a China, o hype do QR não pegou com força no Brasil, mas isso pode mudar assim que o modelo de pagamento instantâneo estiver ativo. O novo sistema permitirá que os brasileiros paguem ou recebam pagamentos por compras digitalizando um QR Code com seus smartphones. Isso permitirá uma solução de pagamento mais ágil e democrática com custos mais baixos, pois os pequenos comerciantes não exigirão necessariamente que as máquinas de cartão concluam as transações.
Afinal, o uso de smartphones já é generalizado no Brasil: 67% da população adulta no país tem acesso a smartphones. Por outro lado, mais de 45 milhões não têm conta bancária, segundo o Instituto Locomotiva. Os pagamentos instantâneos favorecerão uma grande porcentagem da população que possui dispositivos móveis, mas não tem acesso aos serviços bancários ou de pagamento tradicionais.
Oportunidades e desafios
Dados recentes mostraram que das 553 empresas de fintech nascidas no Brasil, 115 estão na categoria “Formas de pagamento”, com 68 processadores de pagamento e 24 estão focadas em soluções de pagamento móvel. Isso destaca o fato de que, mesmo em um país onde o dinheiro ainda é um dos métodos predominantes de pagamento, investir em soluções inovadoras de pagamento é uma oportunidade próspera.
Processadores de pagamento, bancos digitais e fintechs poderão desenvolver plataformas dedicadas a esse novo cenário. Algumas empresas de software do mercado financeiro já estão prontas para atender ao PIX, como é o caso da Sinqia, que já fornece sistemas que contemplam um ecossistema flexível, que operam de maneira online e estão conectadas ao sistema do Banco Central. Então, não precisarão fazer grandes adaptações, pois já foram concebidas com uma estrutura moderna, que garantem escalabilidade.
Já os que não operam desta foram, terão um grande impedimento para obter o sucesso deste tipo de iniciativa – principalmente os bancos grandes que tem obrigação de aderir ao PIX. Parcerias estratégicas com empresas de tecnologia e novos modelos de compartilhamento de receita devem ser considerados neste caso. Isso abriria orçamentos para modernizar ou substituir sua infraestrutura herdada.
O sistema bancário aberto e os pagamentos instantâneos podem ser uma combinação poderosa, desencadeando uma onda de inovação de pagamentos e substituindo o caixa. Este é um benefício a longo prazo para qualquer economia. Estamos diante de uma nova era dos meios de pagamentos.
* Leo Monte é CMO da Sinqia e Chief Innovation Officer do Torq, hub de inovação da empresa.