* Rodrigo Volponi
O cenário brasileiro da ausência da figura do pai na educação dos filhos em prol do desenvolvimento profissional vem diminuindo a passos curtos. Os desafios das rotinas profissionais levam os pais a realizar terceirizações nos cuidados com os filhos, mas muito mudou com a chegada da pandemia.
Uma parcela da população, oportunizada pelo privilégio de se trabalhar em casa, visto a coibição da circulação de pessoas nas cidades, teve que se adaptar a uma nova rotina: trabalhar e cuidar dos filhos, simultaneamente. Se antes havia terceirização, hoje há completa dedicação… ou não.
Minha rotina, antes da pandemia, consistia em acordar por volta das 7h e chegar ao escritório às 9h. Via meu filho de 2 anos, a época, rapidamente, apenas quando ele estava acordado. Saía do trabalho às 19h e tinha algumas poucas horas para estar com ele. Às vezes aproveitava para dar um banho nele e brincar rapidamente. Mas eu sinceramente estava cansado, afinal, passei o dia trabalhando.
Hoje, tenho a mesma rotina, mas dentro da minha casa. Configurei um cômodo como Home Office e, assim que escuto a sua voz, posso interagir com ele. Notei como ele aprendeu novas palavras, a articular sua fala, percebi o primeiro momento que andou de bicicleta… ou escalou a estante da sala. Vejo essas situações como presentes divinos, pois, naquela estrutura anterior à pandemia, seria impossível acompanhar e ver esse desenvolvimento. Acordo cedo, vejo meu filho acordar e não tenho pressa ao dar um abraço e dizer: Bom dia, filho. Posso almoçar com ele todos os dias, realizar pequenas pausas e compartilhar o tempo com ele, algo que seria impossível caso estivesse no escritório.
É claro que existem momentos difíceis. Uma reunião onde o seu filho invade pode não ser nada agradável… ou pode ser super engraçada. Acredite: uma criança invasiva em um fundo de imagem suaviza o coração da pessoa que está do outro lado. Por que? Ela também sabe o que está acontecendo. Barulhos podem atrapalhar demais, você quer concentração, mas eu prefiro o barulho do meu filho do que o carro da rua, do trânsito, das discussões políticas dentro do escritório.
Tudo vai depender da perspectiva que você olha para sua vida: você pode enxergar como um milagre ou como uma maldição. Escolha por qual caminho deseja seguir.
* Rodrigo Volponi é empreendedor, especialista em Marketing Digital e CEO da Web Mentoring, empresa que auxilia especialistas na construção, gerenciamento e venda de cursos por meio de lançamentos digitais – desde a sua fundação, foi responsável por vender mais de R$30 milhões.