* Por André Cioffi
A pandemia de covid-19 provocou grandes impactos de curto, médio ou longo prazo em nossas vidas. O coronavírus nos forçou a mudar hábitos e ações simples do cotidiano e a reinventar formas de trabalho diante da necessidade de distanciamento social.
O que pudemos aprender durante os primeiros meses da crise? Vimos algumas corporações com respostas mais eficientes e obtendo mais resultados que as demais. Não por acaso, foram justamente as empresas que estavam mais bem preparadas para o cenário digital.
Isso porque a tecnologia nunca foi tão essencial para as organizações como neste momento. Com a maior parte dos funcionários trabalhando em home office e repentinamente obrigados a se relacionar com os clientes apenas no ambiente virtual, as empresas precisaram correr contra o tempo para habilitar plataformas, aplicativos e soluções, além de ter que desenvolver meios para captar, extrair e analisar dados das interações com os consumidores.
Existem corporações que já haviam percebido com antecedência os benefícios dos investimentos nessas estratégias e, por terem implementado ações antes dos concorrentes, não tiveram grandes dificuldades para seguir em atividade. A maioria das empresas, porém, especialmente as pequenas e médias, não estavam preparadas para atuar dessa forma e acabaram perdendo espaço e grandes oportunidades de negócios.
Os meses de pandemia nos provaram que o ingresso efetivo na jornada digital possibilita às empresas não apenas resistir às intempéries, como também melhorar o seu desempenho diante delas. Tecnologias para o aprimoramento de plataformas virtuais em razão do home office, a utilização do ambiente em Nuvem, aplicações para negócios XaaS (do inglês Everything as a Service), e-commerce e o delivery proporcionaram a manutenção de serviços e atividades relevantes para os clientes.
As marcas vencedoras souberam como permanecer expressivas em um mercado cada dia mais dinâmico e ágil e foram capazes de observar oportunidades para a sua estratégia de negócios sem recorrer a uma receita pronta, mas sim buscando continuamente evoluir, de maneira estrutural, para alcançarem uma condição de “antifragilidade”.
Isso é o que chamamos de evolução digital versus transformação digital, em que as empresas evoluídas já estavam à frente por possuírem uma cultura organizacional apta para visualizar que tecnologia é mais útil para certo momento de forma natural e contínua, enquanto aquelas em transformação começavam uma corrida desengonçada e quebradiça em direção ao digital, quando, na verdade, deveriam ter refletido o quão digital elas já estavam quando a pandemia chegou.
Para atingir o patamar de evolução, os líderes precisam encontrar um caminho que permita agilizar e acelerar a inovação e as reações, fortalecendo a resiliência e a solidez da organização como um todo e aproximando os objetivos das equipes. Iniciativas de transformação digital muitas vezes falham sem nem ao menos chegar em estágios mais avançados de implementação porque as organizações não conseguem compreender o motivo da digitalização e tampouco conseguem conduzi-la de modo a não comprometer a essência de negócios.
Além disso, muitos se esquecem, erroneamente, de que a evolução deve envolver toda a empresa e não apenas a área de Tecnologia. A TI e as áreas de negócios devem caminhar juntas para buscar os melhores caminhos para aprimorar a operação e, nesse cenário, a adoção de tecnologia avançada é uma consequência natural.
Passados os primeiros meses da pandemia, em que o objetivo maior era sobreviver, as empresas estão agora diante de um novo desafio: identificar as mudanças nas necessidades dos clientes, estabelecer meios de tirar o máximo proveito das oportunidades existentes e encontrar formas de manter o equilíbrio financeiro. Para isso, o digital ficará mais evidente e projetos que estavam previstos para um período dentre cinco e dez anos serão colocados em prática nos próximos meses.
Para superar este momento, as organizações precisarão de parceiros estratégicos que estejam dispostos a conhecer profundamente sua história, sua cultura organizacional e suas dores, e que possam ajudá-las a encontrar os meios mais eficientes para acelerar sua evolução digital. Somente assim, respeitando o passado que as guiou até aqui, mas mantendo a visão no futuro, terão sucesso nessa jornada que está apenas começando.
* André Cioffi é CEO do Grupo Squadra.