* Por Diandra Ribas
É comum a sensação de estar correndo contra o tempo quando se trabalha em uma startup. A pressão por fazer o produto deslanchar e o negócio começar a dar resultados é imensa e constante. E muitas vezes você deseja que pudesse dar conta do dobro de tarefas na metade do tempo (adiante trago uma dica sobre isso). Normalmente é esse o momento em que buscamos soluções ou estratégias para otimizar o andamento dos projetos. Nesse contexto, muitos empreendedores se deparam com a tal metodologia ágil.
Na minha experiência, a metodologia ágil foi consequência de outra metodologia que queríamos aplicar: OKR. Na técnica de OKRs, o time define os objetivos e traça os passos necessários para alcançá-los. E para fazer dar certo, garantindo eficiência e produtividade, optamos por aplicar juntamente técnicas de agilidade como o Scrum e o Kanban. Essa experiência deu tão certo que utilizamos essas técnicas na empresa até hoje, mas de uma forma um pouco diferente.
Quando começamos a utilizar essas metodologias nosso time era composto por menos de 20 profissionais. E isso foi crucial para alcançarmos resultados sólidos, afinal, contribuiu para a maturidade da equipe, visibilidade das atividades e um melhor direcionamento.
E acredito que esses sejam os maiores benefícios em se aplicar a metodologia ágil em startups. Não é apenas sobre a rapidez na entrega, mas sim a ampliação da visão, acompanhamento dos processos, gestão de impedimentos e a chance de perceber gargalos antes mesmo que eles aconteçam. Equipes que se baseiam nas técnicas ágeis conseguem reagir de maneira mais assertiva e segura às mudanças.
Transformações com metologia ágil
Hoje a empresa já passa dos 80 colaboradores, e a forma de aplicação dessas metodologias mudou um pouco. As OKRs foram absorvidas pelos líderes, já com experiência e clareza de direção. E cada setor seguiu com a técnica ágil que faz mais sentido para sua rotina e escopo.
Por exemplo, nossos times de marketing e desenvolvimento usam Scrum pois o fluxo dos projetos ocorrem por um período pré-determinado (sprints) e mais curto, com fracionamento das tarefas em atividades pontuais. Já na área de operações usamos o Kanban com os líderes, para projetos mais longos. Assim garantimos uma visão ampla das tarefas em todas as áreas da empresa, além da organização e personalização do fluxo.
Mas nem tudo foram flores pelo caminho. E isso é algo que gestores de startups precisam ter ciência: para a metodologia ágil ter êxito é preciso treinamento, engajamento e colaboração. Não é à toa que tivemos impasses, como a inexperiência da equipe por ser algo novo na nossa rotina, a necessidade de treinar os colaboradores recém chegados e não realizar os rituais na frequência e da forma que deveriam. Por isso digo: usar metodologia ágil não necessariamente quer dizer que o projeto será entregue mais rápido.
Talvez em um primeiro momento – ou até que se crie o hábito – não será a rapidez na entrega o maior benefício. Mas certamente desde o “dia um” será possível obter mais clareza do processo. Pode-se dizer que há uma técnica ágil ideal para cada necessidade de uma startup, mas no geral, todas tem como objetivo organizar, otimizar e acelerar as entregas.
Por fim, trago dois conselhos. Primeiro: conheça as diferentes técnicas, entenda seus prós e contras, e analise qual faz mais sentido para o estágio em que sua startup se encontra. E o segundo: estude muito, leia e se informe, não só sobre a aplicação e usos da metodologia, mas também sobre como repassar isso para seu time. E como prometi no início, para quem quer fazer mais em menos tempo, indico o livro de Jeff Sutherland – “Scrum: A arte de fazer o dobro do trabalho na metade do tempo”. Boa sorte na sua corrida empreendedora!
* Diandra Ribas é COO da 3C Plus