* Por Fabiano Cruz
O Open Finance é o compartilhamento padronizado e consentido pelos clientes de seus dados e serviços com o ecossistema de instituições autorizadas pelo Banco Central (BC). Trata-se de uma evolução do Open Banking, que abrangia apenas o sistema bancário.
A promoção do Open Finance permite um ciclo de inovação que tem possibilitado a oferta de melhores serviços e produtos financeiros por organizações de fora do tradicional setor de bancos.
Desde o início da implementação do Open Finance no Brasil, o número de chamadas de APIs, conjunto de protocolos para integração de softwares, teve um salto de 171%, reportadas por 19 instituições, conforme relatório semestral divulgado pela Estrutura Inicial de Governança do Banco Central.
Com um número maior de participantes no mercado, a concorrência aumenta e estimula um ambiente de competitividade que resulta em soluções de crédito e de finanças personalizadas e com menores custos aos consumidores, empresas e entidades do setor público.
Todos os participantes se beneficiam de um sistema aberto, integrado pela tecnologia, cujas informações são processadas de forma segura e que entrega soluções individualizadas e de acordo com a realidade, seja da pessoa física ou jurídica.
Personalização
Para as empresas, dentre as possibilidades que podem ser aproveitadas, a que mais se destaca é o atendimento de novas camadas de consumidores, com produtos e soluções financeiras individualizadas a partir do acesso ao perfil do potencial cliente e seu histórico financeiro, o que ajuda a identificar de maneira mais precisa suas necessidades e, com isso, criar soluções personalizadas, atraindo-o para fazer negócios.
Atualmente, as instituições financeiras possuem ofertas baseadas em perfis generalizados de clientes. Com o Open Finance e os produtos individualizados, a tendência é de que cada oferta, com base na análise de dados, apresente uma solução alinhada à realidade e possibilidades do cliente. Essa nova forma de atuar, representa um enorme potencial ao mercado financeiro.
Segundo previsão do Serasa Experian, este é um mercado capaz de adicionar R$ 760 bilhões em crédito em dez anos, sendo que deste montante, R$ 460,7 bilhões serão voltados apenas para pessoa física (PF).
Inovação e Open Data
Os varejistas, por exemplo, podem oferecer linhas de crédito específicas para a aquisição de produtos e com isso, ter uma nova fonte de receita, além de disponibilizar soluções inovadoras de pagamento para cada perfil de cliente.
Estas inovações permitem a entrada de uma empresa no mercado financeiro, sem se desviar de seu ramo de negócios principal, ao mesmo tempo em que amplia seu leque de ofertas e atuação.
Por meio do Open Finance as oportunidades se potencializam, abrindo oportunidades à criatividade dos empreendedores em utilizar as informações compartilhadas na forma de novos produtos.
As empresas podem contar com startups especializadas no tratamento de dados financeiros que poderão auxiliar a trilhar essa jornada de desenvolvimento e inovação. As empresas, assim, ganham mais opções de receita e relacionamento com os clientes, e mantém o foco em seus negócios principais.
Toda essa evolução levará o mercado para o chamado Open Data, considerada a próxima evolução do Open Finance, culminando com um ecossistema robusto de compartilhamento de dados, de maneira segura e em conformidade com as normas da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), ampliando a atuação de setores da economia, alavancando e aprimorando os processos de atendimento ao cliente.
Com o Open Banking e o Open Finance, qualquer organização ou indústria, independente do setor ou porte, aprimora a experiência do seu usuário e do seu consumidor. Desta forma, a tendência é que todos os setores acabem, de uma maneira ou de outra, como provedores de serviços financeiros.
* Fabiano Cruz é CEO e cofundador da Zoop