* Por Vitor Asseituno
O(s) sócio(s) é o parceiro principal da jornada, assim como o cônjuge em um casamento. Um bom sócio pode tornar a jornada mais leve, um sócio ruim pode ser o principal desafio na jornada. É importante saber se o sócio: (1) tem habilidades complementares e relevantes para o negócio; (2) está alinhado no objetivo principal e em como chegar lá; (3) está comprometido com o longo prazo.
A mesma regra vale para investidores e time.
Governança: Significa aqui o modelo de tomada de decisão. Em uma empresa, decisões precisam ser tomadas o tempo todo, e geralmente precisam ser tomadas de maneira rápida. O dinheiro acaba, os competidores se mexem, o cliente espera mais e quer pra ontem. Criar um modelo de decisão em que existem lideranças e as pessoas sabem quem toma as decisões e não existe possibilidade de empate, é fundamental para que uma empresa possa ser competitiva. Isso vem desde a participação (equity) de cada sócio na empresa, até a função esperada de cada pessoa, a participação negociada com fundos de investimento e outros investidores etc.
Tamanho de Mercado: Muitos empreendedores se apaixonam por ideias que dificilmente “pagam as contas”, e por mais que o aspecto financeiro não seja o único decisor de nossos projetos de vida, eles são importantes porque possibilitam outros objetivos da vida e que tenhamos maior alcance (impacto) no projeto que escolhemos. Em geral, um bom tamanho de mercado deve ser acima de 50 ou 100 bilhões de reais para empresas que estão buscando alto impacto.
Vendas: Muitas pessoas criam produtos fantásticos e culturas muito legais, mas não entendem o papel central que a área comercial ocupa em uma empresa que dá certo. Vendas são o que possibilita que as pessoas conheçam e usem o produto/serviço, o que possibilita “pagar as contas”, contratar melhores pessoas, melhores fornecedores etc.
Meta: Objetivos e satisfação são coisas muito pessoais e diferentes de pessoa para pessoa. Algumas pessoas querem trabalhar das 9 às 5 e ter uma empresa que permita pagar aluguel e criar os filhos. Outras trabalham das 5 às 9 para criar o negócio do futuro e ter milhões de clientes. Isso muda muito as decisões que alguém toma para atingir um ou outro objetivo, bem como o alinhamento dos sócios, o mercado a ser atingido, as expectativas de vendas etc. Saber onde quer chegar é fundamental para criar um plano para chegar lá e ter satisfação na chegada.
Muito frequentemente eu vejo empresas com sócios errados (em habilidades, em participação na empresa, na dedicação ao negócio, em questões éticas), que não sabem como tomar decisões (adotaram modelo “democráticos” ou “colaborativos” confusos ou ineficientes, ou modelos extremamente hierárquicos sem oxigênio), que endereçam mercados pouco relevantes economicamente pelo qual poucas pessoas se importam ou que não são necessidades fundamentais dos seres humanos, não tem planos ou habilidades para executar os planos, e não tem empreendedores que acordam todos os dias pensando no cliente e mais clientes.
Todos aqueles empreendedores que fizeram o contrário – escolheram bons sócios e criaram modelos saudáveis de decisão, focaram em problemas reais da sociedade e sabem onde querem chegar, também costumam ser os empreendedores que têm energia e habilidades para criar negócios que trazem satisfação e prosperidade para seus construtores.
Por último, um dos maiores erros na hora de construir uma startup é a falta de humildade. Os melhores empreendedores sabem que não sabem um monte de coisa e procuram mentores, professores, consultores, funcionários que os ensinem e saibam fazer as coisas melhor do que eles.
* Vitor Asseituno, cofundador e presidente da Sami, é médico formado pela UNIFESP e com MBA em finanças pela FGV. Criou sua primeira empresa no setor de feiras de negócios (Live Healthcare) e vendeu em 2018 para o grupo Informa, líder de mercado global com capital aberto na Bolsa de Valores de Londres.