* Por Rafael Kenji
O processo de desenvolvimento de uma startup requer respeito às etapas de crescimento da empresa e à validação do produto e mercado. É por esse motivo que existem categorias que direcionam o volume de investimento captado a depender do grau de maturidade.
Quando a startup inicia sua atividade, com validação do produto mínimo viável (MVP) e busca pelo seu product market fit, a chamamos de early stage, já que está no início de sua jornada e precisa de ajuda para alcançar todo o seu potencial de mercado.
Já no começo da trajetória o empreendedor coloca investimento próprio, o que chamamos de bootstraping, porque sem produto criado e validado dificilmente a startup captará investimento externo. Além disso, ainda não é o momento propício.
Ir em busca de investidores antes da validação do produto é extremamente arriscado. O empreendedor pode captar investimento com pessoas que não têm a adequada visibilidade da dor do mercado e de suas possíveis soluções, ou até mesmo não podem contribuir para o crescimento da startup de forma tão satisfatória como os fundadores esperam. Sem contar que o investidor pode se frustrar, caso o produto não seja validado ou necessite de pivotagem.
Iniciado o desenvolvimento, com a devida validação, a startup precisará de dinheiro. Mas sem métricas expressivas de venda dificilmente investidores se interessarão. É nesse momento que os FFFs aparecem para ajudar. Trata-se do grupo “family, friends and fools”, ou “família, amigos e tolos”, pessoas que acreditam no empreendedor e não necessariamente na startup. São os verdadeiros anjos que dão ou emprestam dinheiro para a ideia sair do papel.
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É um momento delicado. Afinal, misturar relacionamento pessoal com profissional pode gerar problemas futuros bem graves e difíceis de resolver. Não é à toa que existe a famosa frase: “Amigos, amigos, negócios à parte”.
Uma das principais causas de fechamento de empresas é justamente a briga entre os sócios, seguida da falta de dinheiro ocasionada por uma captação mal estruturada e do produto que ainda não foi validado ou não resolve um problema real do mercado.
O empreendedor deve ter cuidado para não fornecer muito equity para os novos investidores, sempre mantendo os founders com mais de 75% da companhia até uma captação seed, ou semente, quando um volume maior é aportado.
Após toda a validação e a ajuda de pessoas mais próximas, os founders devem ir em busca de investidores que possam contribuir como advisors, ou conselheiros. Chamamos de “investidores-anjo”, justamente pela capacidade de investir e opinar no crescimento da startup, dando conselhos valiosos. Esse é o primeiro momento que a companhia tem a noção de que vai crescer mais rápido com a entrada de outra pessoa no negócio, ou então vai desobstruir pontos de conflito por falta de dinheiro.
A hora certa para iniciar a captação de investimento é quando a startup tem a percepção clara de crescimento mais acelerado, antes do dinheiro acabar. A captação de investimento-anjo dura em média seis a oito meses, após dezenas de apresentações.
Esperar o dinheiro acabar para iniciar a captação significa a falência da empresa na grande maioria dos casos, ou então seu endividamento, já que dificilmente uma startup early stage, que nunca captou investimento, já atingiu seu break even point. Por outro lado, se não precisa de dinheiro porque as vendas estão indo bem, não faz sentido captar investimento. Afinal de contas, o melhor recurso é o do cliente.
Portanto, um plano de negócios bem estruturado é essencial para prever a falta de dinheiro ou acompanhar o crescimento da empresa para preparar sua decolada após a captação de investimento. Nos estágios iniciais, o ideal é que os investidores sejam comprometidos a contribuir com o desenvolvimento das startups e dos empreendedores.
Rafael Kenji Hamada é médico e CEO da FHE Ventures, uma Corporate Venture Builder cujo principal objetivo é desenvolver soluções inovadoras voltadas ou adaptadas para as áreas de saúde e educação.
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