* Por Cristovão Wanderley
Quanto mais a tecnologia evolui, maior é a busca pela humanização. Você já percebeu isso? Conforme as pessoas conversam com o ChatGPT e buscam respostas e atalhos na Inteligência Artificial, o futuro do trabalho caminha para um olhar mais humanizado na relação entre as pessoas. De empresas a colaboradores até chegar aos clientes, destacam-se as habilidades e características interpessoais.
Por isso, é importante que as empresas com objetivo de manterem-se competitivas no mercado busquem diferentes maneiras de evoluir os seus processos, metodologias e cultura para, assim, permitir que lideranças, colaboradores e clientes se aproximem cada vez mais. O caminho ideal para implementar essa mudança é mudar a cultura da empresa em relação aos seus talentos.
A pesquisa “Top 5 HR Trends and Priorities For 2023” do Gartner mostrou que as cinco prioridades das lideranças do setor para este ano são Liderança e Gerência Efetiva (60%), Design Organizacional e Gestão de Mudanças (53%), Experiência dos Colaboradores (47%), Recrutamento (46%) e Futuro do Trabalho (42%). As prioridades são uma resposta para as novas demandas das pessoas, que possuem outras preferências ao escolher uma empresa onde querem trabalhar. Então, como se adaptar?
1 – Remuneração e benefícios: valorize os colaboradores
Em primeiro lugar, precisamos ser criativos. Ao estruturar uma equipe de novos talentos, saiba que nem todos estão buscando apenas a remuneração financeira. Conhecimento, novas experiências e outras vantagens que envolvem a formação do profissional podem estar relacionados a esses benefícios. Claro, não podemos deixar de lado a remuneração também. No entanto, cursos, viagens e capacitações podem ser meios complementares e alternativos de atrair e reter talentos.
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2 – Otimize o tempo, reduza a carga horária
Será que trabalhar das 9h às 18h ainda é usual para todas as empresas? Muitos modelos de negócio adotaram cargas horárias menores de trabalho e perceberam que seus colaboradores se tornaram muito mais produtivos.
Segundo a pesquisa publicada pelo Gartner, 70% das empresas introduziram novos benefícios de bem-estar ou aumentaram a quantidade de benefícios de bem-estar já existentes para os seus colaboradores, o que aumentou a retenção e a atração. Porém, cuidado! Uma mudança desse porte precisa estar de acordo com a cultura da companhia.
3 – Incentive o trabalho multifuncional
A tecnologia e o uso de soluções tecnológicas multifuncionais fizeram com que o trabalho multifuncional se tornasse ainda mais frequente no dia a dia das empresas. Essa é uma modalidade que permite a contratação de um funcionário para exercer múltiplas funções dentro da empresa em que trabalha.
Em outras palavras, se essas atribuições estiverem correlatas, esse modelo pode ser uma alternativa interessante para o colaborador, que adquire diferentes experiências, e para a empresa, que promove o rodízio para que a pessoa conheça diversas áreas. No entanto, é fundamental acompanhar a legislação e as regulamentações estipuladas pela legislação trabalhista brasileira, como o Projeto de Lei nº 5.670/2019 e a Lei dos Portos (12.815/2013).
4 – Adote a diversidade e a pluralidade do banco de talentos
Por mais que formação, experiência e localização sejam critérios que ajudem a encontrar pessoas mais próximas da cultura da sua empresa, eles podem acabar colocando sua rede de captação e retenção de talentos em uma zona de conforto perigosa. Afinal, essas características acabam excluindo algumas pessoas que poderiam trazer resultados importantes para a empresa.
O monitoramento constante e o uso inteligente de dados podem ajudar nesse processo. Com o apoio da Inteligência Artificial e de dashboards interativos, as empresas conseguem visualizar e entender onde estão os gaps para, depois, escolher as pessoas com as habilidades certas e preencher lacunas. Portanto, a tecnologia e o conhecimento são fundamentais para extrair o máximo potencial dessas ferramentas.
5 – Quanto mais tecnologia, mais humanas podem ser as relações
O objetivo é estabelecer uma conexão mais próxima entre as pessoas, independentemente de que lado elas estejam. As lideranças pensam em formas de criar ambientes propícios para colaboradores desenvolverem seu trabalho, exercitando um olhar mais humanizado. Já os funcionários reforçam suas soft skills para criar a melhor experiência aos clientes. Na outra ponta, os clientes olham para as marcas como pessoas em quem querem se inspirar e identificar.
Tudo está conectado e no meio desse movimento por melhores relações interpessoais está a tecnologia, cuja responsabilidade é garantir o alcance, a perenidade e a inteligência dentro de cada uma dessas experiências. Por isso, quanto mais a tecnologia evolui, maior é a demanda por relações mais humanizadas entre marcas e pessoas.
As pautas ESG são um exemplo disso, mas acho que esse é um assunto para outro artigo.
Entre pessimistas e otimistas sobre o futuro do trabalho e o uso da tecnologia, o fato é que ela já faz parte do nosso dia a dia. Vale, porém, entender como essas soluções podem tornar as relações mais próximas e melhorar as nossas experiências. Caso contrário, serão apenas máquinas respondendo a comandos automaticamente, sem qualquer emoção.
É esse o futuro que nós almejamos para nossas empresas? Acredito que não.
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