*Por Manoela Mitchell
Ser uma organização mais plural e democrática atrai atenção de talentos que buscam por empresas socialmente responsáveis. Essa metodologia proporciona pensar fora da caixa, obter diversos pontos de vista sobre determinado assunto, ter um ambiente mais criativo e agregação de valores. Hoje, as pessoas não buscam apenas um trabalho, mas sim um local onde sintam-se à vontade com suas identidades e que fomente a diversidade de etnias, corpos, religiões, gêneros e orientações sexuais. Uma pesquisa de 2014 da Glassdoor apontou que 67% dos candidatos procuram por empresas com diversidade. E é por esse motivo que as conversas sobre o tema nas empresas são tão importantes.
Unir pessoas com diferentes backgrounds gera resultados positivos. De acordo com uma pesquisa do Cloverpop, times com diversidade de etnia e gênero são 87% melhores ao tomarem decisões. No entanto, é importante lembrar que não existe um manual pré-definido e uma fórmula mágica sobre como tornar a sua organização um ambiente mais inclusivo. O primeiro passo é entender a diferença entre diversidade e inclusão. A diversidade está ligada à representação demográfica, enquanto a inclusão vai mais além. Incluir é garantir que toda a diversidade existente na empresa tenha as mesmas oportunidades de crescimento profissional. Diversidade é convidar para a festa, inclusão é chamar para dançar.
Sendo assim, vale ressaltar que uma cultura acolhedora não é um resultado espontâneo. Tornar o ambiente mais inclusivo é mais que apenas abrir vagas e contratar essas pessoas. É preciso fazer um trabalho cultural interno para que os novos contratados sintam-se parte da empresa. Nos bastidores, é necessário que o time de Recursos Humanos trabalhe em parceria com a alta gestão da empresa para criar políticas corporativas que incentivem a diversidade e não deem espaço para comportamentos preconceituosos.
Então, comece pelo que você consegue colher dentro de casa. Isso é simples e traz resultados. Busque feedbacks dos colaboradores e descubra se as pessoas se sentem à vontade no ambiente de trabalho, se já tiveram a sensação de oprimidos por questões de gênero, raça ou questões ligadas à capacidades físicas. Uma pesquisa realizada em 2019 pela Kantar Inclusion Index apontou que 35% dos entrevistados observaram discriminação negativa em relação a outras pessoas dentro da empresa. Com os dados em mãos, o próximo passo é comparar com os benchmarks do mercado. Assim, é possível ter uma visão clara de como fazer a mudança no seu ambiente de trabalho e torná-lo ainda mais inclusivo.
A partir dessa pesquisa interna, você notou que a empresa é majoritariamente masculina em determinada função, por exemplo? Que tal criar um processo seletivo voltado para mulheres cis e transgêneras? A maioria da liderança é formada por brancos? Uma boa ideia é oferecer mentorias de liderança para os colaboradores negros e pardos. E que tal abrir vagas para pessoas indígenas?
Existem inúmeras formas de promover a inclusão na sua empresa. Pode começar pela criação de comitês de diversidade? Outras possibilidades são programas de desenvolvimento profissional para os colaboradores que fazem parte de algum grupo minorizado; oficinas de reciclagem para os profissionais que já fazem parte da empresa abordando temas como machismo, racismo, homofobia etc. Em casos mais graves, um canal anônimo para denúncias de comportamentos inadequados também pode funcionar. Assim como rodas de conversa com os colaboradores; treinamento para que os líderes atuais da empresa conheçam práticas de inclusão no ambiente corporativo; e até jornada flexível para mães e pais de crianças pequenas.
Promover a inclusão no mundo corporativo significa entender a importância do respeito e da valorização das diferenças. Então, é importante observar o que você tem e conseguir escolher a possibilidade que mais se adequa a realidade da sua empresa e principalmente dos seus colaboradores. Ouça e analise antes de tomar uma decisão. Afinal, um ambiente onde as pessoas pensam diferente melhora o clima organizacional e gera valores positivos.
*Manoela Mitchell é CEO da Pipo Saúde, uma startup de gestão de benefícios que nasceu com o objetivo de otimizar e facilitar a relação do RH de empresas com planos e serviços de saúde.