* Por Jean Christian Mies
As empresas de Financial Technology têm se tornado as novas favoritas da mídia, dos trend setters e dos investidores, pois trazem à tona e incitam a disruptividade do segmento de finanças. Por meio da integração com a tecnologia, as FinTechs, como são conhecidas, reinventam um espaço onde, até então, prevaleciam os bancos e as instituições financeiras tradicionais.
No primeiro trimestre de 2015, as empresas de tecnologia receberam uma injeção de investimentos da ordem de US$ 21 bilhões no mundo todo, segundo a consultoria norte-americana Pitchbook. As empresas de SaaS – Software as a Service lideraram a captação, somando US$ 11,2 bilhões. Em sexto lugar na lista, as companhias de FinTech – Financial Technology receberam US$ 1,6 bilhão deste total.
O resultado da disrupção digital das SaaS nos serviços financeiros foi a ascensão da FinTech. Afinal, se a economia já é digital, por que os serviços financeiros também não o seriam? A tendência é irreversível e pôde ser confirmada na atenção recém-recebida da revista Forbes, que publicou em dezembro de 2015 a sua primeira lista com as 50 empresas mais importantes do setor.
Entre startups e grandes corporações, essas empresas reinventam serviços como pagamentos, investimentos, gerenciamento de bens e crédito, entre outros, utilizando tecnologia como base. Contudo, além de estarem ligadas ao setor de finanças, serem startups e estarem na lista da Forbes, todas elas têm mais uma característica que as une: levar inovação a setores há muito carentes de transformação.
Como a publicação americana destacou recentemente, a influência digital mudará todos os aspectos sobre como pessoas e empresas lidam com dinheiro: como ganham, como poupam, como investem e como gastam. O drive destas jovens empresas é inovar e, por isso, representam o rompimento com as instituições financeiras tradicionais, conhecidas por suas tecnologias antiquadas, feitas para uma época que já passou. Seus clientes não tinham escolha senão integrar-se a velhos sistemas; até agora.
Os investidores estão assistindo a essas mudanças com muita atenção. Dados da CB Insight mostram que as startups de FinTech receberam US$ 10,5 bilhões, nos primeiros nove meses de 2015. Esta vertical recebeu, no primeiro trimestre deste ano mais investimentos que as de HealthTech ou Big Data, por exemplo.
Os bancos também estão vigilantes. Cada vez mais, grandes companhias têm decidido eliminá-los de parte da administração de seus serviços financeiros e a explicação mais curta é que a tecnologia e a digitalização conectam cliente e empresa de maneira efetiva e direta, sem o “middleman” – principalmente um que parece estar preso no passado.
As FinTechs disseminam um leque de serviços financeiros que, até pouco tempo atrás, era exclusividade dos bancos, com uma crucial diferença: as empresas podem agora enxergar e medir o serviço que estão contratando. A digitalização trouxe mais transparência ao setor, além de novas e confiáveis métricas para avaliar performance e auxiliar a tomada de decisões estratégicas de negócios. É a tecnologia a favor dos resultados financeiros.
As empresas de Fintech e seu crescimento natural não irão substituir os bancos tão rápido, até mesmo porque muitas delas são parceiras deles e mantêm com eles suas contas. Por outro lado, elas estão mostrando aos bancos que existem novos players no mercado que conseguem se adaptar melhor às necessidades financeiras de seus clientes utilizando a tecnologia e seu potencial inovador para servir seus clientes de maneira segura, funcional e muito mais competitiva que os próprios bancos.
* Jean Christian Mies é vice-presidente Sênior da Adyen para a América Latina.