* Por Marcelo Amorim
Quem conhece o mercado financeiro, sabe que o Brasil e o mundo se encontram em uma situação nunca vista em relação aos patamares de remuneração. Com a taxa básica de juros da economia definida pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) em 2,25% ao ano, o menor nível da história, todos os brasileiros, bancos e investidores nacionais e internacionais, sentem no bolso os impactos ocasionados pela pandemia do novo coronavírus. À medida que as tensões políticas se intensificam, o cenário se torna ainda mais delicado.
Hoje, os investidores sabem que as opções tradicionais de investimento oferecem taxas de juros que provavelmente permanecerão muito baixas por anos. Esperar que elas subam, simplesmente não é uma opção. Para investidores neste ambiente de taxas de juros ultra baixas ou negativas, os investimentos em venture capital são uma real alternativa de alocação de capital, ressaltando que capital parado é a classe de risco mais arriscada que existe porque não fornece nenhum retorno.
Já dizia Winston Churchill: nunca desperdice uma boa crise. Uma vez que a disponibilidade de produtos financeiros alternativos oferecida pelo mercado é muito restrita, investidores como instituições, empresas, fundos de pensão, Family Office e até mesmo investidores tradicionais de renda variável, estão alocando uma parte do capital disponível para venture capital por entender que este caminho é inteligente no atual cenário, podendo proporcionar ganhos a médio e longo prazo acima dos retornos atuais.
Na Invisto, quando falamos em venture capital, focamos em investimentos nas empresas scale-ups. Essencialmente, são empresas em crescimento, que conseguem se sustentar e que têm um modelo de negócio suficientemente estável para sobreviver em meio às situações difíceis.
Se nos últimos anos, esse tipo de investimento tinha mais a ver com uma paixão pelas startups e pelo desejo dos investidores de fazerem parte de projetos inovadores, do que por ser financeiramente atraente, a partir de agora, a questão do retorno torna-se igualmente relevante, já que temos diversas oportunidades e cases de sucesso no país.
Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul são estados que possuem os melhores índices de educação, inovação, ciência e tecnologia se comparados às demais localidades do território nacional. Além disso, o empreendedorismo está no DNA da região, principalmente por conta dos imigrantes, que há anos criam negócios e indústrias altamente atrativas, inclusive fora das áreas de tecnologias, como é o caso das multinacionais Hering, Grupo Tigre, BR Foods e Tramontina. Por acreditar no potencial destes estados, a Invisto acaba de lançar um novo fundo de R$ 100 milhões para quem tiver interesse de aplicar capital por aqui e participar do crescimento exponencial dos próximos anos.
Venture capital não é uma aposta. Investir sem critério na esperança de obter um retorno não é uma boa estratégia de investimento. Os investimentos realizados pela Invisto demandam uma quantidade profunda de análise e devida diligência antes que um R$ 1 seja investido.
Infelizmente, alguns setores da economia brasileira vão demorar meses e até anos para se recuperar das consequências trazidas pela covid-19. No entanto, se me cabe um conselho, diria para sermos aproveitadores, no bom sentido, dessa crise. Que tenhamos coragem para sair da zona de conforto, enfrentar os nossos medos e inseguranças e fazer algo pela primeira vez. No mundo das finanças existe um leque de possibilidades para superar as adversidades. Só não vê quem não quer.
* Marcelo Amorim é investidor e sócio da Invisto, maior hub de investimento em venture capital da região Sul do Brasil.