* Por Rafael Kenji
A pandemia da covid-19 ainda vai nos ocupar por algum tempo, às vezes não só pelo seu combate direto, mas também por seus resultados tardios, já esperados. A queda da produtividade e os desafios da economia, causados pelos lockdowns e afastamentos do trabalho, o alto número de mortes e infectados e o medo que se disseminou nesses mais de dois anos de enfrentamento à doença geraram dores que precisam ser diagnosticadas e tratadas.
A analogia aos termos médicos tem sentido. A sociedade tem dores latentes que precisam ser acessadas, entendidas, para que sejam resolvidas. Assim como um médico diagnostica seu paciente doente para depois tratá-lo, a startup busca os problemas dos usuários para depois entregá-los às soluções.
E a dor da vez é a saúde. Startups voltadas a tecnologias em saúde correm contra o tempo para saírem na frente em busca de soluções disruptivas para a melhoria da qualidade de vida da população, o aumento do acesso à saúde e a diminuição do número de mortes decorrentes das pandemias. Sim, das pandemias, no plural, porque com a globalização cada vez mais crescente, a sobrecarga populacional e a evolução cultural serão cada vez mais frequentes novas pandemias.
Enquanto as grandes empresas farmacêuticas e os laboratórios brigam para desenvolver a melhor vacina ou o melhor medicamento em tempo recorde, as startups seguem o caminho da tecnologia para melhorar o acesso à informação e o atendimento médico, além de buscar formas de predizer um novo padrão de doença, como as novas variantes e doenças emergentes.
A resposta para a pergunta “por que investir em healthtechs” fica nítida: o mundo procura tecnologias em saúde para voltar ao normal, que já é relatado como “o novo normal”, diferente de tudo o que já vimos antes. Nossas culturas já mudaram, nossa forma de agir, pensar e se relacionar mudou. A telemedicina, antes vista com preconceito pela classe médica, já virou rotina para aqueles que menos confiavam e virou uma nova fonte de renda para a classe de trabalhadores de saúde. Além disso, foi a responsável por desafogar milhares de unidades de saúde pelo Brasil e ajudar a conter a pandemia.
Podemos categorizar as healthtechs em pelo menos 15 categorias:
– Educação médica;
– Estilo de vida;
– Inteligência artificial (IA);
– Big data;
– Biotecnologia;
– Gestão de clínicas e consultórios;
– Prontuário eletrônico (PEP);
– Medical devices;
– Relacionamento com o usuário (pacientes e colaboradores);
– Acessibilidade e inclusão;
– Marketplace & oferta de serviços de saúde;
– Telessaúde;
– Wearables;
– IoT;
– Metaverso.
Com 15 tipos de healthechs diferentes, fica fácil entender por que a saúde é o investimento da vez, sem precisar entrar em detalhes sobre a quantidade de dinheiro investido nesse segmento, que em 2021 superou a soma de 2019 e 2020 inteiros. Com a difusão do 5G e do metaverso, novas formas de fornecer saúde serão criadas com atendimentos virtuais cada vez mais reais, rápidos e completos.
Para o investidor, não existe melhor momento para apostar nas healthechs. Para os empreendedores, existem dores latentes que precisam ser diagnosticadas e tratadas dentro do segmento da saúde, basta saber escutar, com genuíno interesse e riqueza de detalhes, o seu usuário.
Rafael Kenji é Médico, investidor-anjo e CEO da Feluma Ventures; Fundador da Academy Abroad; Intercambista da Harvard Medical School; Speaker do TEDx FCMMG; Associado Efetivo do Colégio Brasileiro de Executivos em Saúde; Professor do MBA de Gestão em Saúde 4.0 do BBI of Chicago; Mentor e palestrante sobre os temas inovação, empreendedorismo, healthtechs, telemedicina e gestão em saúde; Ex-Gerente Médico da Conexa e Ex-Diretor Comercial do Jaleko; Former Associate Development Director da Junior Enterprise USA; Fundador e Ex-presidente da Medic Júnior Consultoria em Saúde.