* Por Ingrid Garcez
Quando criança meus desenhos preferidos eram aqueles de princesas, que transmitiam a ideia de perfeição e que as coisas sempre acontecem conforme o planejado.
Com base na narrativa dessas animações, eu cresci tentando ser a criança perfeita que nunca dava trabalho para a mãe, com o boletim escolar recheado de notas 10. Porém, aos poucos, a vida foi me mostrando que a tal definição de perfeição é uma fantasia.
O choque veio quando tirei a primeira nota 9 da minha vida, no 8° ano do ensino fundamental. Lembro que naquele dia chorei até soluçar, uma sensação de estar fracassando tomou conta de mim. Esse foi o começo da minha história com a ansiedade.
Hoje, aos 22 anos, eu ainda me cobro de maneira excessiva, mesmo sabendo que a perfeição não existe. Quero abraçar o mundo e dar conta de tudo, assim como fazem os robôs. E não, na maioria das vezes eu não me permito erguer a mão para pedir ajuda, porque, quando faço isso, a sensação de fracasso ainda se faz presente.
Mas, não preciso nem dizer que o preço pago é bem alto, né? Perco o sono, a fome, o compasso da respiração e tenho vontade de me isolar do mundo. Além disso, o hospital se torna minha segunda casa.
E, uma das minhas maiores preocupações nesses momentos é meu rendimento no trabalho, afinal, minha carreira sempre foi minha maior prioridade. Quando as crises chegam, eu choro de medo de não conseguir entregar todas as tarefas que preciso e “falhar”, mais uma vez.
No entanto, a vida foi bem generosa comigo, ela me presenteou com líderes extremamente humanos, que me acolhem quando mais preciso. Em um dos episódios mais recentes de ansiedade, minha líder me falou: “Ingrid, você nunca deixou de entregar suas demandas, mesmo nos momentos de ansiedade. Muito pelo contrário, você entrega tudo com uma qualidade além do esperado, não seja tão dura consigo!”.
Esse foi meu maior presente, ter a certeza que estou em uma empresa que se importa com a saúde mental dos colaboradores. E, vou além, felizmente o cenário brasileiro está mudando para melhor nesta questão!
Uma pesquisa feita pela consultoria Great Place to Work mostrou que 75% das companhias se preocupam com a saúde mental dos funcionários. O estudo ainda mostra que grandes empresas têm oferecido apoio psicológico não só para reter os colaboradores, mas para ajudá-los a lidar com todos os problemas, pressões e questionamentos do dia a dia.
Moral da história? A ansiedade ainda me pega de vez em quando, mas hoje já entendo melhor que preciso dos meus momentos para me cuidar e fazer coisas que gosto. Somente assim terei paz no coração para continuar me dedicando a minha carreira.
Ingrid Garcez é graduada em Jornalismo pela Universidade de Taubaté (UNITAU), é fanática por esportes e apaixonada por Marketing Digital. Atualmente compõe o time de Marketing Interno da Hubify.