O consumidor e a maneira de consumir mudaram muito nos últimos tempos. Não importa mais apenas como um produto ou serviço é feito, mas sim o porquê dele ser feito. Simon Sinek, um dos mais influentes palestrantes da TED, afirma constantemente que as pessoas não compram o que uma empresa faz, elas compram o motivo pelo qual a empresa faz o que faz.
Ter um propósito bem definido é a base para que um negócio possa, mais do que sobreviver a tempos difíceis, se destacar e seguir relevante no mercado. É o que alerta Daiane Andognini, CEO da consultoria de gestão de pessoas HUG, especializada em empresas de tecnologia.
De acordo com a profissional, as empresas precisam ter claros seus valores e propósitos para que isso transpareça em seus negócios. E um dos pontos mais relevantes hoje, segundo a especialista, é pensar se uma empresa pode ser considerada sustentável.
“A ideia do ESG (Environmental, Social and Governance), do consultor britânico John Elkington, é medir se as empresas são eficientes financeiramente, com a adoção de modelos de produção e consumo que asseguram aos ecossistemas a capacidade de se regenerar, além de proporcionarem à sociedade uma condição de vida saudável e de bem-estar. Essa é a ideia de futuro que todos queremos: empresas que não renunciem ao lucro, mas que respeitem a natureza e a comunidade”, afirma Daiane.
Para a CEO, a sustentabilidade tem um impacto importante não apenas para o negócio, mas também para os funcionários das empresas e o meio em que estão inseridas. Quando uma empresa é reconhecida por suas ações sustentáveis, automaticamente os colaboradores se sentem orgulhosos de fazer parte dela.
“Há casos de sucesso de empresas que conseguiram contribuir para o desenvolvimento das comunidades às quais pertenciam. Esse tipo de iniciativa gera maior engajamento dos funcionários com a empresa, favorecendo o crescimento econômico do negócio. Adotar práticas sustentáveis é um ganha-ganha: ganham as empresas, o meio ambiente, os colaboradores, o mercado e toda a comunidade”.
Daiane defende também que todas as companhias precisam olhar e adotar com urgência iniciativas de sustentabilidade empresarial, não só as grandes. “Startups precisam também caminhar nessa direção, só que de maneira diferente. Elas não terão uma área só para isso, por exemplo, e as demandas estarão relacionadas à fase em que se encontram. O ideal é que a empresa comece com ações pontuais e vá estabelecendo mais medidas conforme for crescendo”, explica.
“Por exemplo: não usar papel (zero papel), e ser consciente e incentivar medidas em relação à covid-19, como o uso de máscaras e distanciamento entre os postos de trabalho, são iniciativas importantes para toda a cadeia. É uma forma de devolver à sociedade e ao meio ambiente parte do que a empresa precisa para existir e lucrar. Mas também é uma ótima maneira de reter os colaboradores, que realmente se engajam com a empresa por conta dessa visão de respeito ao todo”.
Pequenos passos para ir mais longe
Mudanças e ações simples podem ser um bom início para as empresas no caminho para se tornarem sustentáveis. Mas o primeiro, segundo a especialista, é repensar a cultura da organização. “É ela que vai apoiar tudo o que for feito e abrir espaço para maior conscientização e engajamento de lideranças e equipe. Com uma cultura voltada para o ESG, é mais fácil encontrar as melhores ações a serem realizadas”. Repensar modelos internos, apostar no digital, adotar processos transparentes e reduzir o impacto ambiental da produção são outras ações que, para a executiva da HUG, podem ser adotadas inicialmente por todas as empresas e já produzirão um importante impacto.
“Esses são os primeiros passos, mas é possível fazer muito mais. O importante, principalmente para as lideranças e C-Level, é pensar em como a empresa pode colaborar com seu entorno e, ao mesmo tempo, ter um negócio saudável financeiramente. As companhias que já adotaram o ESG colhem hoje uma boa reputação com clientes, mercado, e sociedade, um passo e tanto no caminho para o sucesso”, finaliza.