O Mercado Único, startup que trabalha para reduzir a perda de alimentos e bebidas, recebeu um aporte de R$ 2 milhões em sua rodada pré-seed, liderada pela aceleradora americana TechStars. A startup foi a única brasileira selecionada para o atual programa de aceleração que acontece em Los Angeles e é financiado pelo banco JP Morgan.
A rodada também contou com a aceleradora brasileira Strive, fundada por Tiago Gali, co-fundador do C6 Bank, e por Eduardo Casarini, fundador da Flores Online. Investidores-anjo relevantes também participaram, como Paulo Pellon, atual Vice-Presidente (VP) de Supply-Chain Transformation da Kraft Heinz e ex-VP de Supply Chain da AB Inbev, Marcel Abe, atual Managing Director da gestora Tivio Capital, e ex-VP do Bank of America e Victor Favaro, Head Latam da multinacional Holandesa Agiboo.
Mercado Único na prática
O Mercado Único desenvolveu uma plataforma que conecta indústrias e compradores em busca de oportunidades, ofertando produtos com data curta de validade ou com defeitos estéticos, com descontos. O excedente de estoque da indústria, via de regra, é descartado. Assim, o fornecedor além de não obter a receita esperada, ainda amarga com o custo extra do descarte.
Por outro lado, existem empresas como mercados, distribuidores e hotéis, com potencial de comercializar estes itens. O Mercado Único atua justamente nesta ponte entre fornecedores e compradores, evitando o desperdício e gerando oportunidades.
Através do uso de dados e IA, a plataforma segue diversos critérios comerciais pré-determinados pelas indústrias, evitando a canabalização de canais ou a depreciação das marcas. Também consegue fazer o match ideal entre os produtos disponíveis e as empresas com maior potencial de compra.
A ONU estima que aproximadamente 10% das emissões globais de gases de efeito estufa (GEE) estão associadas a alimentos que não são consumidos. Além disso, a estimativa anual de desperdício alimentício no Brasil gira em torno de 41 milhões de toneladas, de acordo com o World Resources Institute (WRI).
“Todos os modelos estatísticos para planejamento de estoque tem uma margem de erro. Especialmente na indústria de alimentos, esse número pode variar de 2% a 8%, representando bilhões de reais em prejuízo. Muitas vezes, essa situação é inesperada pela indústria e os itens são de difícil absorção pelos canais tradicionais”, comenta Lucas Rolim, CTO da startup.
História do Mercado Único
Os fundadores do Mercado Único, Leonardo Mencarini (CEO) e Lucas Rolim (CTO) conheceram-se em 2022, na Universidade de Stanford, na Califórnia, quando cursaram juntos um programa de Educação Executiva. Leonardo é formado em Direito, com MBA pela FGV. Anteriormente, fundou e foi CEO da marca de vinhos Veroni, vendendo a empresa em novembro de 2021. Lucas é graduado e mestre em engenharia da computação pela UFRJ, com especialização na área de dados e Inteligência Artificial. Rolim teve passagens pelo CERN (Centro de Pesquisa Nuclear Europeu) e ocupou cargos de diretoria em relevantes companhias de tecnologia no Brasil.
De acordo com Leonardo Mencarini: “Ainda mais importante do que a entrada de capital, é poder contar com investidores qualificados que irão contribuir para o aprimoramento e expansão do Mercado Único. Nosso foco é ser uma solução completa para a indústria no que tange ao excedente de inventário. Auxiliando na estratégia de precificação, previsão de demanda e comercialização das mercadorias.”
O Mercado Único já atua com algumas das maiores indústrias de alimentos do Brasil e já conta com centenas de compradores cadastrados nas regiões do DF, GO, SP, RJ e em expansão para a região Sul. A projeção para 2024 é salvar 600 mil quilos de alimentos. Já em 2025, a meta é intermediar R$ 50 milhões em vendas.
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