Geoffrey Hinton, conhecido como um dos “padrinhos da IA” e pioneiro no assunto, afirmou em entrevista à Reuters que a Inteligência Artificial pode representar uma ameaça “mais urgente” para a humanidade do que a mudança climática.
Após uma década de Alphabet, Geoffrey Hinton deixa a empresa para falar sobre os riscos da tecnologia sem afetar a companhia. Em 2018, ao lado de Yoshua Bengio e Yann LeCun, ganhou o Prêmio Turing pela evolução da inteligência artificial.
Segundo o cientista da computação, a intenção não é diminuir a importância das questões ambientais, mas destacar que o avanço da IA pode ser um dos maiores problemas do mundo, principalmente pela sua velocidade no avanço.
“Não gostaria de desvalorizar a mudança climática. Não gostaria de dizer: ‘você não deve se preocupar com a mudança climática’. Isso também é um risco enorme. Mas acho que isso pode acabar sendo mais urgente”, afirma.
Ele acrescentou: “Com a mudança climática, é muito fácil recomendar o que você deve fazer: basta parar de queimar carbono. Se você fizer isso, eventualmente as coisas ficarão bem. Por isso não está claro o que você deve fazer [com relação à IA].”
A OpenAI deu início a uma corrida tecnológica em novembro, quando disponibilizou ao público o chatbot ChatGPT. Ele logo se tornou o aplicativo de crescimento mais rápido da história, atingindo 100 milhões de usuários mensais em dois meses.
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Geoffrey Hinton discorda de interromper as pesquisas de IA
Em abril, o CEO do Twitter, Elon Musk, juntou-se a milhares ao assinar uma carta aberta pedindo uma pausa de seis meses no desenvolvimento de sistemas mais poderosos do que o recém-lançado GPT-4 da OpenAI.
Os participantes da carta incluíram o CEO da Stability AI, Emad Mostaque, pesquisadores da DeepMind, de propriedade da Alphabet, e outros pioneiros da IA, Yoshua Bengio e Stuart Russell.
Embora Geoffrey Hinton compartilhe a preocupação de que a IA possa ser uma ameaça existencial para a humanidade, ele discordou de interromper a pesquisa. “É totalmente irreal. Estou do lado que pensa que isso é um risco existencial, e está perto o suficiente para que devêssemos trabalhar muito agora e colocar muitos recursos para descobrir o que podemos fazer a respeito.”
Na União Europeia, um comitê de legisladores respondeu à carta apoiada por Musk, pedindo ao presidente dos EUA, Joe Biden, que convocasse uma cúpula global sobre a direção futura da tecnologia com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Na semana passada, o comitê concordou com um conjunto histórico de propostas visando a IA generativa, que forçaria empresas como a OpenAI a divulgar qualquer material protegido por direitos autorais usado para treinar seus modelos.
Enquanto isso, Biden conversou com vários líderes de empresas de IA, incluindo o CEO da Alphabet, Sundar Pichai, e o CEO da OpenAI, Sam Altman, na Casa Branca, prometendo uma “discussão franca e construtiva” sobre a necessidade de as empresas serem mais transparentes sobre seus sistemas.
“Os líderes de tecnologia têm o melhor entendimento disso e os políticos precisam estar envolvidos. Isso afeta a todos nós, então todos nós temos que pensar sobre isso”, completa Geoffrey Hinton.
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