Passei o verão do Hemisfério norte de 2013 na Singularity University, na Califórnia, e escrevi vários posts para o Startupi a partir dessa experiência. Valeu muito: aprendi, conheci muita gente legal, fiz coisas novas, descobri oportunidades e me diverti.
Foram 30 posts, com temas que vão da robótica à educação, passando por biotecnologia e empreendedorismo social. Entrevistei empreendedores do mundo inteiro, desde gente que faz robótica como Rob Nail, também CEO da SU, e o engenheiro e empreendedor mexicano Marco Mascorro, até empresários de ramos tradicionais que buscam conhecer e entrar em novas áreas, como o Mehmet Topal, da Turquia, e empreendedores que se envolveram com movimentos políticos, como Sami, da Tunísia. Qual é a síntese disso tudo?
Vamos lá:
O mundo está mudando rápido, muita coisa nova já está aí e em breve se tornará muito presente na vida cotidiana
Quer exemplos? Robôs de vários tipos, interfaces cérebro-máquina-cérebro, nanosatélites, órgãos em chip, cirurgia robótica, carne sintética, projeto e simulação em computador de moléculas, materiais, proteínas, share economy… São aplicações de diferentes ‘tecnologias exponenciais’, que estarão cada vez mais ao nosso redor em diferentes momentos nas próximas décadas.
Pode ser mais fácil do que parece
Desenvolver aplicações e negócios que utilizem essas tecnologias é cada vez menos ‘rocket science’ e mais uma coisa do tipo ‘brincar de Lego’, integrar soluções que já estão no mercado a preços acessíveis. Por exemplo, pensou em fazer algo de ‘internet das coisas’? Com um Arduino, alguns sensores e o Eclipse você desenvolve um bom protótipo ou até mesmo o produto! Para rodar o negócio vale a máxima de sempre: execução é o que conta – muita transpiração.
Ecossistema, mindset global e capacidade de integrar sistemas complexos são os elementos chaves para produzir inovação.
Em outras palavras, a sua capacidade de inovar irá ser tão maior quanto você (i) estiver inserido em um ambiente no qual a inovação e fazer coisas diferentes são a regra – e existem outros que sabem fazer e treinar/ensinar como fazer isso, (ii) for curioso, aberto para novas ideias, resiliente, paciente, insistente, disposto ao risco, a fim de fazer e experimentar, errar e aprender (iii) possuir a capacidade de conectar várias pontas – ideias, pessoas, tecnologias, soluções, fontes de capital, modelos de negócios etc. – como fez o pessoal da Snapp para desenvolver o produto, hoje eles estão no Startup Chile. A forma de trabalho no Vale do Silício passa por muita interação, o tempo inteiro, com muita gente diferente (variedade, diversidade e diferença são fundamentais).
Startups de hardware e makers vem aí com força
Makers de todas as idades estão cada vez mais ‘empoderados’. Fazer coisas é cool e essa tendência já está emergindo aqui também – a Campus Party deste ano, por exemplo, terá um ‘makers camp’.
A digitalização de muitas tecnologias dá origem ou faz deslanchar uma série de novas aplicações, negócios e áreas de conhecimento aplicado
Por exemplo: a biologia sintética, a neurotecnologia, por exemplo. Cada vez mais simularemos e construiremos primeiro no computador (seja o que isso significar no futuro) as coisas que nos rodeiam, desde o nível atômico até o macro! Isso transformará radicalmente a manufatura, as ciências e os negócios. Com simulação em computador de moléculas e proteínas será possível reinventar o processo de descoberta de novos medicamente e muitos outros.
É preciso pensar grande
A Terra não é o limite… o universo é o limite, vide projetos como a SpaceX e a Planetary Resources, nova empresa do Peter Diamandis, que pretende fazer mineração em asteroides! Mas para transformar a visão em realidade são necessários visão, ambição e recursos em larga escala. O Google materializa bem essa lógica e tem os recursos necessários para entrar em diferentes áreas ao mesmo tempo. A lição mais básica disso tudo é que quem quer inovar não pode pensar só no Brasil, tem que pensar no mundo.
Gente inovadora atrai gente inovadora, inquieta, que faz coisas novas.
E tem muita gente com projetos interessantes por aí no mundo, do Brasil à Polônia, do Egito à Coréia do Sul, dos EUA ao Quênia… Como é que cada um de nós pode ‘encontrar a sua turma’? Essas ideias cada vez mais ganham espaço na mídia mainstream e nas discussões do mundo de negócios. Quer exemplos disso?
Nesta semana está acontecendo o Encontro Anual do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. A McKinsey, uma das principais consultorias estratégicas mundiais, reunirá CEOs, governantes, pesquisadores e jornalistas para discutir tecnologias disruptivas – veja o vídeo! Em maio de 2013 a McKinsey publicou um relatório sobre essas tecnologias; no geral, são as mesmas que comentei em post aqui no Startupi (acesse).
Outro exemplo: a “The Economist”, principal revista de economia e negócios do mundo, está nas bancas (edição de 18-24 de janeiro) com várias matérias que tratam de tecnologias exponenciais, neurociências, fim dos empregos, produtividade, Google, Tesla Motors, Watson/IBM, novos modelos de inovação, MOOCs, biotecnologia, internet das coisas, Nest, robôs… ufa! Ah, e há um caderno especial sobre startups de tecnologia! O ‘movimento’ de startups ganhou o mainstream! Parabéns para vocês!
Para aqueles que ficaram curiosos com um post do início da série sobre as tecnologias e os acontecimentos que vem aí, vejam nas fotos as ‘respostas’ às quais chegamos no workshop na SU.
Para quem se interessar pela Singularity: as inscrições para o GSP 2014 estão abertas até 31 de janeiro! Interessado? Corra lá, veja instruções no site: http://apply2014.singularityu.org. Outra forma de ingressar é através de um dos concursos de impacto global que são realizados em diferentes países. No Brasil, a FIAP (www.fiap.com.br) realiza a seleção, em processo gerenciado pela Nathalie Trutmann, Embaixadora da SU no Brasil. Veja aqui as regras e como participar – e veja a matéria da Olívia.
Deu até vontade de ir de novo! Mas, mesmo longe, você pode emular o seu ‘Vale do Silício particular’, construindo relações e frequentando diferentes circuitos de tecnologia, design, negócios, pesquisa, mídia. Várias coisas legais existem no Brasil, não precisa ir para a Califórnia para viver essa onda.
Que 2014 seja exponencialmente divertido, diferente e inovador!
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Foto de abertura: Trey Ratcliff/Flickr (CC)