A Multilaser, um dos maiores players do segmento de eletrônicos e de suprimentos de informática nacional, anunciou uma nova frente de atuação. Não se trata de mais um novo produto tecnológico para uso doméstico ou no trabalho, mas serviços de interesse público. A companhia é a primeira investidora estratégica do Fundo Govtech, criado pela KPTL e a Cedro Capital, duas das principais gestoras de Venture Capital do País.
Esse é um dos primeiros fundos do tipo na América Latina e no mundo dedicado a atrair exclusivamente GovTechs – como são chamadas as empresas que resolvem dores do setor público com soluções de base tecnológica – e está captando desde março.
Fundada há 30 anos, a Multilaser fez um acordo de investimento de até R$ 20 milhões, sendo R$ 10 milhões de compromisso inicial e uma carta de intenção de mais R$ 10 milhões. Entretanto, a Multilaser se diferencia ao entrar como um investidor estratégico.
O Fundo GovTech atua em 10 verticais de serviços públicos – Saúde; Educação; Segurança; Habitação e Urbanismo; Infraestrutura e Mobilidade; Saneamento, Meio Ambiente e Defesa Civil; Smart Cities; Legal e Regulatório; Cidadania e Gestão Pública – e os investidores estratégicos podem não apenas investir nessas GovTechs via fundo, mas acompanhar de perto a sua expansão, principalmente das que atuam dentro da sua área de interesse.
“A Multilaser é um caso interessante pois tem interesse estratégico em várias das verticais do fundo, incluindo smart cities e segurança, mas elegeu a vertical de Educação para ser o sponsor dentro do Fundo GovTech, o que faz sentido pois é uma vertical em que o Brasil ainda precisa evoluir muito e a tecnologia tem um papel-chave nessa missão”, detalha Adriano Pitoli.
Renato Ramalho, CEO da KPTL, explica que é importante ter um investidor que aporte um know-how específico em determinada vertical. “Uma startup olha de forma diferente para um fundo ao entender quem são os investidores”, conta Ramalho. Além disso, explica o ‘fator multiplicador’ para o investidor estratégico. “Ele não tem o benefício limitado ao tamanho do cheque dele, mas ao tamanho do fundo. A Multilaser investe até R$ 20 milhões, mas passa a dispor de R$ 200 milhões de investimentos no seu radar, pois consegue se aproximar de um gama selecionada de jovens e promissoras companhias. É como uma lente olho de peixe, que amplifica o radar”, completa Ramalho.
Segundo Adriano Pitoli, é preciso divulgar melhor as vantagens desse mecanismo de incentivo. “Esse é um antigo pleito de todo o ecossistema de tecnologia do País e que nos aproxima das melhores práticas de incentivos à inovação que vemos nos países desenvolvidos”.
“Vemos uma certa inércia das empresas do setor para direcionarem parte dos seus programas de pesquisa, desenvolvimento e inovação na direção desses mecanismos mais modernos, mas esse caminho é inexorável”. O fundo GovTechs é o terceiro dedicado a empresas de base tecnológica no qual a Multilaser está investindo.
Um momento singular para a Multilaser
A Multilaser vive um ano especial. Avaliada em pouco mais de R$ 9 bilhões, a empresa realizou no fim de julho sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) e agora é listada em bolsa, após uma captação de R$ 1,9 bilhão na B3. Apoiada na força de seus mais de 3 mil colaboradores, a companhia agora investe em sua expansão no varejo internacional, com os olhares voltados para a América Latina, Europa e África.
Com um portfólio de mais de 5 mil produtos de alta qualidade e fáceis de usar, a companhia está sempre atenta às tendências mundiais e às necessidades e desejos específicos do consumidor brasileiro. Além de smartphones, notebooks e tablets, também fabrica eletroportáteis, smartwatches e drones. A lista de produtos inclui também itens de saúde e bem estar, beleza e perfumaria, bem como brinquedos e artigos para bebês. Patinetes, bikes e skates também fazem parte da farta gama de produtos.
*Imagem em destaque: Alexandre Ostrowiecki, CEO da Multilaser