Thiago Fontes e Alessandro Giannone haviam acabado de vender startups que ajudaram a fundar e decidiram que não queriam ter que arrumar um emprego “tradicional”. Os dois se juntaram, analisaram o mercado e, nos últimos dois anos, têm feito reuniões com clientes para chegar ao que é hoje o Kioos, um serviço que busca aliar gamificação com comércio eletrônico.
“A ideia é que a plataforma possa recompensar o consumidor por qualquer ação realizada dentro da loja. Ele recebe alguma recompensa quando avalia produtos, faz compras, indica aos amigos… A proposta é aumentar o valor deste cliente para a marca e estimular um comportamento que tem impacto nas taxas de conversão e retenção do cliente”, explica Thiago. A ideia da Kioos é ambiciosa: eles querem recompensar o cliente até ele se tornar um embaixador da marca.
Na prática, todo o sistema funciona dentro do serviço de vendas online –a tecnologia da Kioos é integrada a plataforma de e-commerce. O próprio vendedor define quais comportamentos quer estimular e quais serão as recompensas –ele decide de quer dar desconto, cupom ou mesmo uma “badge”, como é feito no Foursquare. “Essas recompensas podem ser válidas por um tempo fixo ou ‘vitalícias’”, explica o cofundador da startup.
Thiago acredita que o mercado brasileiro ainda não explora por completo o valor da relação do consumidor e da marca. “É preciso entender como você consegue estimular esse cliente a ter um impacto direto ou indireto nas vendas. Um produto ter uma resenha, por exemplo, pode ter até 47% de impacto na conversão de uma venda depois”, conta Thiago. Há também o engajamento aliado às redes sociais. “Vemos muito esse caminho, mas estamos no processo de cocriar um produto com nossos clientes.”
Natural do Rio de Janeiro, a Kioos já está com um pé em São Paulo, porque os sócios estão fazendo viagens frequentes à capital paulista para implementar o produto e fechar os primeiros clientes. “O Rio está em um processo de amadurecimento, tornando-se um polo, mas se fecharmos os contratos em São Paulo, isso vai requerer a nossa atenção local. É importante estar a minutos das pessoas, ter a chance de uma conversa cara a cara”, afirma Thiago.
Por enquanto, a companhia funciona com capital próprio dos sócios, que quiseram ficar um tempo independentes para “quebrar a cara” e encontrar o melhor modelo. Os dois se conheceram na Inglaterra, por amigos em comum. Já de volta ao Brasil, venderam suas startups e montaram um PPT do que se tornaria a Kioos.
“A empresa tem dois anos, mas um ano disso tudo foi conversas, idas e voltas, concepção, validação da ideia com potenciais clientes. Não interessa a ideia, se ninguém quer comprar”, conta Thiago. Os dois ainda não querem receber “títulos” executivos da companhia, porque dizem que ainda não têm um modelo de produto final e não querem se excluir de alguns processos de decisão da companhia.
Um dos segredos para ficar dois anos se mantendo sem investimento externo? Thiago diz que houve muita economia por parte dos sócios. “Dá pra trabalhar de casa? Faz isso! Não precisa de uma secretária ou uma máquina de café pra fazer dinheiro”, aconselha. Alessandro completa: “É uma operação enxuta e eficiente financeiramente. Temos só um advogado, um contador e custos com servidores.”
Foto: Jesse757/Flickr (Acesse a original)