O “open banking”, sistema que promete revolucionar a vida dos clientes e simplificar a burocracia das instituições bancárias, teve sua primeira fase de implementação iniciada em fevereiro.
Por enquanto, a novidade permite que os bancos compartilhem informações públicas como localização de agências e os valores e taxas dos seus produtos e serviços através de APIs. Isso poderá implicar na criação de aplicativos que agreguem as informações em um único repositório. Assim, as pessoas não precisarão acessar diferentes sites das instituições financeiras para comparar custos de produtos e serviços bancários, entre outras vantagens.
Contudo, pouca gente está por dentro da novidade. Levantamento realizado recentemente e encomendado pelo Banco PAN mostra que apenas 16% dos brasileiros das classes C, D e E já ouviram falar sobre open banking.
Mas o futuro é promissor: cerca de 5 milhões de brasileiros devem aderir ao sistema nos próximos meses, segundo projeção da FCamara, grupo especializado em soluções digitais, inclusive para o open banking.
O processo de implementação do open banking no Brasil começou a ser discutido em 2019, e sua implementação acontecerá ao longo de 2021. Para quem tem dúvidas sobre a novidade, o especialista em investimentos e coordenador de pós-graduação da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), Marcelo Cambria, explica mais sobre a inovação.
OPEN BANKING
Na prática, o open banking significa “banco aberto”, ou “sistema bancário aberto”. É uma plataforma que permite a integração de aplicativos que, por sua vez, acessa uma base de dados com informações dos clientes.
Em vez de o banco possuir as informações do cliente, o próprio cliente será o proprietário dos seus dados. O sistema já é realidade no Reino Unido e outros países pelo mundo estudam adotá-lo.
Com o open banking, todo o histórico de crédito construído ao longo de décadas com um banco, como as contas pagas em dia, salários depositados, prestações, empréstimos, perfil de gastos, entre outros, estariam na mão do cliente, que tem total controle das informações e decide compartilhar ou não com outras instituições ou empresas.
Com esse conceito, o sistema bancário, que costuma ser concentrado e fechado, se abriria para que o cliente migrasse de um banco para outro com mais facilidade, levando consigo todo seu “score”, ou pontuação pela adimplência ou não de crédito, podendo conseguir um financiamento em outro banco de forma mais fácil, por exemplo, visto que teria “provas” de sua capacidade de honrar compromissos.
A novidade é resultado de anos de mudanças no setor: novo comportamento dos consumidores, avanço das fintechs, baixa competitividade e alta concentração no setor financeiro.
IMPLANTAÇÃO NO BRASIL
O Banco Central do Brasil tem investido em inovação e ações que estimulem a competição, o aumento da eficiência do setor e a promoção da inclusão financeira. A implementação do modelo no País será por fases, e sua conclusão está prevista para outubro deste ano.
A primeira fase inclui acesso a dados das instituições participantes – canais de atendimento e as informações de seus produtos e serviços, tais como os relacionados a contas de depósitos, contas de pagamento e outros serviços disponíveis para a contratação por clientes, como por exemplo, operações de crédito.
Segundo Cambria, o sistema permitirá o compartilhamento de dados, produtos e serviços, abertura e integração de plataformas e infraestruturas, propiciando melhores produtos e serviços financeiros, eficiência, além de aumentar a competitividade e promover a cidadania financeira.
“O Open baking integrará produtos e serviços financeiros às diferentes jornadas digitais dos clientes, possibilitando a construção de produtos ou serviço financeiro que atendam às necessidades dos clientes, agregando em um único ambiente todos os produtos e serviços financeiros de diferentes provedores”, finaliza.