* Por Fabiany Lima
O empreendedorismo está em alta – isso é um fato. Mas o que muitos não sabem (ou esquecem) é que empreender é uma maratona e não uma competição de curta distância. O sonho é um só: ser dono do próprio negócio e prosperar sem um “chefe”. Mas a verdade é menos glamurosa e de muito mais trabalho.
Por ser um investimento em longo prazo, o atleta a encabeçar a corrida precisa se dedicar muito em um esforço calculado e equilibrado, entendendo que, trabalhar 14 a 18 horas por dia em sete dias por semana é insustentável por muito tempo – nesse ritmo, perde-se em produtividade e qualidade de vida, além das possíveis consequências pessoais e emocionais graves por conta disso.
Meu conselho como empreendedora com muita experiência em mais de um negócio é que o corredor estabeleça um ritmo forte de trabalho, mas saudável, ao ponto que seja possível manter a mente clara e disponível para o caso de ser necessário “correr a milha extra”, seja por conta do lançamento de produtos, conciliar viagens e eventos com o dia a dia, treinamentos para aprimoramento pessoal, reuniões com fuso horário diferente etc..
É preciso poupar fôlego para cada fase do negócio, que exigirá diferentes habilidades. Enquanto no começo, criatividade e motivação são os carros-chefes, conforme vai evoluindo, características como organização, cultura e gestão de pessoas podem ser a diferença entre crescer ou falir.
Nesse início, decisões tomadas no que tange à formação do time, entrada de investidores, operações financeiras e documentos jurídicos devem ser bem discutidos e planejados. Em outra parte decisiva da corrida – a hora de fazer a captação de investimento – é importante ter uma visão, mesmo que estimada, dos seus objetivos em termos de valuation e rodadas, facilitando na hora de mostrar para o investidor seu potencial e estratégia.
É preciso saber também entender o seu crescimento, tendo desprendimento e capacidade de ensinar as outras pessoas que vão fazer parte do time, se mantendo conectado ao negócio, ao mesmo tempo em que precisa aproveitar a experiência que elas agregam para avançar mais e mais rápido.
Criar uma identidade e ter uma cultura se tornam fundamentais para que os objetivos estejam alinhados e os profissionais possam adquirir independência para trabalhar enquanto se sentem parte de algo que acreditam. A clareza na comunicação é chave para tirar o melhor proveito das conexões e planejar os próximos passos.
A cada milha percorrida, as emoções mudam, com diversos momentos que parecem final de campeonato: a cada novo lançamento de produto ou funcionalidade, a cada captação de investimento, em todos os “nãos” pelo caminho, ou decepções com um MVP, e a cada meta batida, entre outras ocasiões especiais.
Mas, acima de tudo, lembre-se: a jornada é muito mais interessante que a chegada – ela te traz crescimento pessoal e profissional. Por isso, esteja preparado e comemore cada vitória, mesmo que pequena!
* Fabiany Lima é diretora geral da DiliMatch, uma consultoria estratégica para investidores brasileiros e estrangeiros que aportam em iniciativas nacionais, e para startups que procuram por investimento.