Modalidade comum em mercados mais desenvolvidos como o dos Estados Unidos e Europa, o investimento em startups é um movimento que vem se desenhando com cada vez mais força também aqui no Brasil. É o que revela a pesquisa Percepções e atitudes no investimento de Venture Capital, realizada pela Astella Investimentos ao lado do Instituto Ilumeo. De acordo com o estudo, 48% dos grandes investidores brasileiros pretendem ampliar seus investimentos em fundos de venture capital nos próximos 12 meses.
Entre janeiro e fevereiro deste ano, a pesquisa ouviu 50 entrevistados, entre investidores individuais, gestores de Multi Family Offices (MFO) e de Single Family Offices (SFO). Destes, 78% consideram alterações em seus portfólios de investimento para o próximo ano, enquanto 22% não pensam em alterá-los neste intervalo, seja porque seguem planos de longo prazo ou por terem feito esta reavaliação recentemente.
“O mercado de venture capital tem crescido ano a ano no País. Somente no ano passado, mais de USD 3,5 bilhões foram investidos em startups brasileiras. Ainda assim, é preciso compreender que ainda temos um percentual muito pequeno de investidores nesta classe de ativos no País e pouco se sabia até agora acerca das intenções dos grandes investidores frente a este segmento”, pontua Daniel Chalfon, sócio da Astella Investimentos. “A pesquisa nos revelou que as perspectivas são positivas e que este mercado deve ser ainda mais impulsionado no curto prazo”, afirma.
Atualmente, 60% dos investidores ouvidos têm até 5% do seu patrimônio comprometido com o investimento de venture capital, 30% têm entre 5,1% e 20% e cerca de 9% acima desta margem. A baixa taxa de juros e a consequente busca por investimentos com maior retorno, no entanto, são razões centrais para o maior apetite ao capital de risco.
Em uma avaliação do atual cenário, além do investimento em VC via fundos, devem ganhar maior espaço nos portfólios dos gestores ouvidos a aplicação em capital aberto na bolsa de valores (46%) e, ainda, em imóveis e fundos imobiliários (33%), investimentos diretos em startups (26%) e fundos de private equity (26%). Por outro lado, renda fixa (67%) e dívida privada (43%) estão entre as classes de ativos cujos investidores declaram que devem perder participação nas carteiras atualmente.
Por que e como investir em venture capital?
A possibilidade de retorno financeiro é a razão central para investir em venture capital, atrelado à diversificação, o apoio ao empreendedorismo e à inovação. Além do maior apetite por risco, o estudo mostrou que ter acesso à inovação e tecnologia (85%) foi a principal razão apontada pelos investidores para a alocação em VC, seguido da diversificação de portfólio (83%) e maior possibilidade de retorno do que outras classes de ativos (59%).
Entre as razões secundárias, ganharam destaque a origem empreendedora nos negócios das famílias (63%) e a participação em uma grande empresa em estágio nascente que está sendo criada agora (61%). Para 37% dos respondentes, trata-se ainda de uma oportunidade de fomentar a geração de novos empregos.
“O Venture Capital é uma classe de ativos intimamente ligada ao empreendedorismo, à geração de empregos e ao conceito de prosperidade compartilhada, no qual muitos se beneficiam do crescimento exponencial dos negócios. E uma vez criado o valor, na maioria dos casos, é reinvestido, gerando um ciclo virtuoso que é transformador”, diz Chalfon.
O investimento em venture capital convive com naturalidade na alocação feita através dos fundos e no investimento direto, o chamado investimento-anjo. Dentre os investidores da classe de ativos, 96% optam por investir em startups por meio de fundos especializados. De acordo com os entrevistados, estes gestores lhes dão mais tranquilidade ao cuidar da seleção, investimento e da governança. Para 76% dos entrevistados, os fundos de VC também são apontados como produtos que representam menor risco em relação a investimentos diretos e 70% deles acreditam ainda que os fundos têm acesso primeiro às melhores oportunidades. Apesar da maior possibilidade de retorno, 67% dos family offices ouvidos entendem que o investimento direto em startups é um movimento de maior risco.
Investir em VC no exterior
O investimento em venture capital no exterior também é prática entre os investidores: 70% deles investem diretamente ou por meio de gestores. Entre os que investem fora do país, 100% deles investem também nos Estados Unidos. Europa (38%), Israel (31%) e Ásia (28%).