* Por Fabrício Orrigo
O Agronegócio é uma potência da economia nacional e, cada vez mais, mostra a sua relevância tanto para o cenário econômico, quanto para questões socioambientais. Com um forte crescimento em 2022, os órgãos regulatórios e instituições do setor já elaboraram previsões positivas – diria até que ‘super’ positivas – para 2023.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê que a safra 2022/2023 seja recorde, com a produção de 308 milhões de toneladas de grãos. Na mesma linha, o estudo “O Agro no Brasil e no Mundo – edição 2022”, realizado pela Embrapa e com dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), estima que o Brasil passe a Índia e se torne o terceiro maior produtor mundial de grãos.
Com base nesse cenário extremamente aquecido, é essencial ter uma operação agrícola em pleno funcionamento e até mesmo potencializada por meio da tecnologia, usando e internalizando ao máximo o que as inovações e maquinários têm a oferecer.
Pensando nisso, selecionei quatro tendências tecnológicas que valem a pena o setor investir em 2023:
1 – Sistemas agrícolas especializados
Apesar da tecnologia já estar presente no dia a dia do campo, ainda há muitos produtores que não adotam softwares e aplicativos desenvolvidos especialmente para atender às necessidades da produção agrícola. Hoje, já existem muitos sistemas especializados no agronegócio, que rodam em computadores e em dispositivos móveis, e que funcionam, inclusive, no modo offline.
Algumas das facilidades que a tecnologia pode oferecer são, por exemplo, mapeamento de área para medição da propriedade ou outros cálculos através de imagens de satélites; controle de maquinários para a pulverização, plantação e colheita; sistemas com banco de dados de pragas e doenças para ajudar o produtor a detectar e tratar os problemas da plantação; sistemas para previsibilidade climática com imagens de satélites meteorológicos; aplicativos para gerenciamento das atividades do produtor e da fazenda e até mesmo ferramentas para acompanhamento das oscilações de preços do mercado.
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2 – Sensores, dispositivos móveis e maquinários autônomos
No campo, os fatores externos e meteorológicos precisam ser levados em consideração para obter uma boa produção. Há dispositivos que se conectam a estações climatológicas e pluviômetros para obter informações precisas sobre possibilidade de chuva, geada ou outros eventos, viabilizando o melhor planejamento das atividades e fazendo com que ações sejam antecipadas ou canceladas, evitando assim, a perda de produção.
Os maquinários agrícolas, por sua vez, estão cada vez mais desenvolvidos, com alta tecnologia embarcada, o que qualifica ainda mais a atuação no campo. Nesse sentido, destaco aqui os maquinários autônomos, que desempenham tarefas de forma independente, fazendo inclusive com que o plantio tenha mais precisão e inteligência a partir de configurações e análises da plantação.
3 – Dados no campo
Os dados são uma mina de ouro. Diversos setores já perceberam isso e no agro não é diferente. A partir da coleta de dados em tempo real é possível que o produtor tenha uma visão holística da produção, entendendo quais os pontos-chave, quais os principais custos e investimentos e, assim, elaborar previsões sobre ações e produções futuras.
Para isso, vale ficar atento à Internet das Coisas (IoT), dispositivos que se conectam para o compartilhamento de informações em tempo real. Outros sistemas operacionais disponíveis no mercado promovem essa integração e conectividade a partir de APIs, que abrem e transmitem as informações das máquinas para os sistemas de backoffice.
Posso dar como exemplo de conectividade o processo de colheita de cana-de-açúcar, no qual a colhedora captura informações de origem da matéria-prima, transmitindo para um transbordo e esse comunica para o caminhão que realizará o transporte, que também é acompanhado por rastreadores. Toda essa estratégia reflete na gestão operacional, custos, indicadores, pagamento de funcionários, serviços terceirizados e fornecedores. Ou seja, um processo integrado a partir de dados é um processo mais seguro, produtivo e rentável.
Nesse sentido, a Inteligência Artificial é outra tecnologia que também se aplica aos dados, já que é capaz de analisar um alto volume de informações e, a partir de parâmetros criados pelo produtor rural, pode elaborar indicadores, atualizar dashboards de informações e prever tendências para tomadas de decisões. A IA no campo pode ter ainda outros fins, como reconhecimento facial, que permite que os produtores usem a inteligência artificial para a marcação de ponto eletrônico dos colaboradores nas fazendas e assim controlar automaticamente o acesso a diferentes áreas da propriedade, por exemplo.
4 – Rede 5G
É praticamente impossível falar de conectividade sem mencionar os benefícios da chegada da rede 5G. A nova tecnologia móvel possui uma baixa latência, o que possibilita o envio de um alto volume de dados em rápida velocidade. E, em relação a implementação, espera-se que com os leilões e instalações de antenas privadas a tecnologia 5G alcance áreas muito remotas, trazendo ainda mais conectividade para o campo. Com isso, os investimentos em tecnologia serão mais valorizados e aproveitados nas produções agrícolas.
Diante de tantas tendências que ganham força no setor, entendo que para os produtores tirarem o melhor proveito desse amplo portfólio de tecnologias, é preciso que entendam sua maturidade tecnológica e necessidades particulares, investindo em soluções que permitam a integração com outros sistemas, tornando-se parte do ecossistema operacional do campo, evitando trabalhos repetitivos e uma sobreposição de tecnologias. O mercado de tecnologia voltado para o agronegócio está aquecido e pronto para incrementar ainda mais sua atuação. Portanto, há negócios na mesa, é hora de aproveitá-los.
* Fabrício Orrigo é diretor de produtos de Agro da TOTVS
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