Com o intuito de educar e ajudar os grandes players do mercado a alcançarem um mindset de startup, com inovação em seus processos e uma cultura baseada na nova economia, o núcleo de Inovação e Digital Business do Grupo Stefanini, considerada a multinacional brasileira mais internacionalizada no setor de tecnologia, em parceria com o Centro de Liderança e o Núcleo de Empreendedorismos e Inovação da Fundação Dom Cabral (FDC), e com o STARTUPI, lançaram a websérie Innovation Ecosystem.
O primeiro episódio, moderado por Geraldo Santos, diretor-geral do Startupi, reuniu Marco Stefanini, CEO Global da Stefanini, Ricardo Dutra, CEO da PagSeguro/PagBank, e Hugo Tadeu, professor e líder do centro de referência em inovação nacional da FDC. Com o tema ‘Mercado, Inovação e Ecossistema – Um olhar sobre os os desafios, os impactos de mercado, ecossistemas de empreendedorismo e inovação’, os participantes falaram sobre diversos temas relacionados ao comportamento das empresas durante a pandemia, mudança de mindset e estratégias que elas devem adotar para promoverem a transformação digital.
Confira abaixo alguns insights do bate-papo entre os participantes:
Qual legado 2020 deixará para você?
De início, os palestrantes destacaram como enxergam a atual situação do mercado e qual o legado que 2020 deixará para as organizações. Ricardo afirmou que, no caso das áreas de tecnologia da PagSeguro/PagBank, o regime de home office já era adotado antes mesmo da pandemia, o que foi determinante para que as atividades não fossem interrompidas totalmente. “Muitas empresas ainda não adotavam o modelo e eu acho que a barreira era muito mais psicológica do que qualquer outra. Lançamos produtos novos, continuamos crescendo, lançamos CDBs. Então provamos que funciona. Acho que o time se engajou e os resultados apareceram”.
Para Marco Stefanini, as empresas de tecnologia que vinham com uma alta expectativa no começo deste ano, sentiram uma “pancada” no início, mas logo tiveram que ter agilidade para enxergar as oportunidades dentro dos problemas. “Teremos que saber conviver com isso, e quando passar a pandemia, as coisas também não voltarão a ser como eram antes. É importante dar vários passos focando em soluções digitais e se reposicionando no mercado. Acho que esse é um ponto fundamental para todos”.
Por outro lado, Hugo Tadeu ressaltou que apesar de muito pessimismo, é preciso ter uma leitura bastante otimista do ano de 2020. “A maior de todas as inovações é a necessidade. Por consequência, a própria questão da inovação, que não se resume só a processos tecnológicos. Quantas empresas estão vendo a necessidade de capacitar seus times? Eu acho que existem muitas oportunidades para podemos avançar”, disse.
Como buscar inovação e resolver problemas através da liderança?
Stefanini ainda destacou o papel crucial do líder na busca por inovação dentro das organizações, de modo que as dores sejam resolvidas e elas possam voltar a crescer. “Líder tem que se engajar e participar ativamente da mudança. Tem que participar com a alma. E a tendência da média gerência é sempre inércia, ela sempre vai continuar fazendo o que ela sempre faz. Para ter uma mudança forte, você tem que mostrar que vai mudar”, enfatiza.
Ele também chamou a atenção para a capacidade de execução e coragem do gestor neste momento. “As empresas no fundo carregam décadas de trabalhar em silos, cada um na sua. Como você muda o mindset? Além disso, é preciso tirar aquele mito de que inovação precisa de muito dinheiro”, apontou Marco.
Assim como o CEO do Grupo Stefanini, Hugo disse que as companhias deveriam ter muito mais estruturas e movimentos ágeis para poder executar essas ideias. Segundo ele, as chamadas inovações incrementais não demandam tanto dinheiro, ao contrário das de ruptura tecnológica. E acrescentou. “Se eu fosse um CEO, eu chamaria nosso time de “Gestão de Pessoas”, porque eu acho que é de competência deles discutir elementos que favoreçam inovação. Eu particularmente conheço poucas empresas em que o RH sabe muito bem quais são as métricas que poderiam estimular práticas de inovação além de um discurso bonito”.
Ainda para Tadeu, o trabalho de inovação dentro das organizações envolve o quanto ela está trabalhando com taxa falha em projeto, destacando a importância de estimular as pessoas a testarem. “Quando trabalhamos com inovação, o output é muito importante. Métricas são muito mais tentando entender o que eu chamo de aprendizado de máquina: dado, modelo e resultado, o que tem a ver com teste. A gente precisa avaliar os resultados da inovação e da transformação digital com muito mais clareza e menos romantismo”.
Além disso, chamou a atenção para a relevância de olhar com cautela para o assunto inovação. “Enquanto as pessoas continuarem a acreditar que inovação tem a ver com espaço colorido, essa confusão vai continuar sendo evidente. E isso tem a ver com engajamento, precisamos deixar claro que inovação tem a ver com propósito, estratégia e execução.
Como as empresas estão se reinventando em relação ao foco no cliente?
No caso da Stefanini, Marco afirmou que a empresa procurou ser bastante flexível para manter a qualidade dos seus serviços, mas que em alguns setores, dada a demanda crescente de produtos, precisou pensar rápido. Como no caso de redes de farmácias e alguns laboratórios que precisavam acelerar o varejo.
Ainda de acordo com ele, as organizações devem se atentar ao fato de que parte do mindset digital deve ser o foco no cliente. “Durante muitas décadas, as grandes empresas de sucesso começaram a se afastar do cliente, se tornaram mais burocráticas. A grande vantagem das startups é que elas nasceram com foco muito grande em cliente e têm que tomar cuidado para não perder isso”.
Por sua vez, Ricardo comentou sobre a ligeira queda na aquisição dos serviços da PagSeguro/PagBank logo no início da pandemia, o que obrigou a empresa a adotar estratégias como mais facilidades para os clientes, além de prestar mais atenção onde eles estão: as redes sociais.”Empresa sem cliente não vai a lugar nenhum. No final é isso. Você precisa entender seu cliente a fundo e atendê-lo”.
Hugo, da Fundação Dom Cabral, também destaca a importância da empresa realmente conhecer e entender seu cliente. Para isso hoje já existem muitos dados disponíveis o que torna possível a customização dos serviços.
Geraldo Santos completou dizendo que cada segmento requer seu olhar mais específico. “A gente teve que antecipar muita coisa. Algumas empresas tiveram visão, liderança, o mínimo de cultura digital e principalmente agilidade, acho que isso foi um fator decisivo. Olhar para a reinvenção e enxergar que a tecnologia e inovação são apenas ferramentas que te permitem essa mudança é o foco”, disse.
De que forma as empresas estão trabalhando com startups?
Stefanini ressaltou que, dentro do ecossistema digital da empresa, há diversos parceiros, inclusive acadêmicos como a FDC, além de outros colaboradores. “Nosso objetivo é integrar toda a cadeia de valor do cliente. Estamos construindo esse modelo e o empreendedor consegue conviver de maneira mais fácil. Importante colocar que, para nós investirmos nas empresas, em geral, não avaliamos apenas uma ideia. Normalmente investimos em empresas pequenas, mas que já tenham cases comprovados, um produto comprovado, não só a tese do produto, mas a capacidade de execução dos sócios”.
Já a PagBank, que em agosto anunciou a aquisição da Wirecard, Ricardo afirmou que eles procuram empresas mais maduras. “Buscamos empresas com um pouco mais de receita, não necessariamente precisa ser rentável. Existem muitas ideias boas no mercado, principalmente no setor de fintechs.
Ao final do evento, Marco Stefanini aconselhou os presentes a acreditarem que é possível fazer diferente. “Enxergar o meio copo cheio e não vazio. Muito do mindset digital que a gente gosta de falar, na prática, estamos falando do mindset de empreendedor. O empreendedor procura ter uma visão otimista, sem ser utópico. Mesmo nas piores condições, ele enxerga oportunidades. E depois, claro, foco no cliente e muito trabalho, muita determinação”. E completou. “Dificilmente você vai acertar na primeira, essa é a vida. Você vai ter que ter muita perseverança”, finalizou.
Confira aqui o primeiro episódio na íntegra:
O Innovation Ecosystem compreende uma websérie de 6 episódios, onde serão abordados temas como inovação, ecossistemas, intraempreendedorismo e Corporate Venturing. No segundo episódio, serão abordados estes tópicos com foco na vertical Bancos. Você vai entender como os líderes precisam repensar e reorganizar suas estratégias de negócios com base no entendimento claro do futuro e das tendências que estão se desenhando no horizonte.
Os convidados serão: Ana Karina Dias, CEO do Banco BMG; João Vitor Menin, CEO do Banco Inter; Mary Alejandra Ballesta, Global Innovation & Digital Business Director da Stefanini e Paul Ferreira, Diretor do Centro de Liderança da Fundação Dom Cabral.
O próximo encontro será no dia 12 de novembro, às 18:30. Para se inscrever, basta acessar o link.