* Por Lilian Primo
Uma nova tecnologia de teletransporte holográfico está prometendo colocar o ser humano no mundo virtual, inclusive interagir com objetos virtuais; com o avanço das inteligências artificias será que estamos chegando no mundo fictício do filme Matrix?
A NASA (National Aeronautics and Space Administration – Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço) em outubro de 2021 transportou um holograma de um médico para a ISS (International Space Station – Estação Espacial Internacional), tornando o primeiro, por falta de um termo mais específico, “Holonauta” do mundo.
O médico escolhido foi o Dr. Josef Schmid que saudou os tripulantes com a famosa “saudação vulcana”, que significa “Vida Longa e Próspera”, da série e filmes Star Trek. Essa saudação foi eternizada pelo personagem “Spock”, interpretado pelo ator Leonard Nimoy.
Teletransporte holográfico? A primeira transmissão
Agora um grupo de estudantes do Western Institute for Space Exploration (Instituto Ocidental de Exploração Espacial), uma organização de pesquisa e treinamento de exploração espacial e terrestre no Canadá, realizou o primeiro teletransporte holográfico internacional da história.
A transmissão ocorreu entre Ontário (Canadá) e Huntsville no Alabama (EUA), onde os dois grupos interagiram, embora estivessem a quilômetros de distância.
Apesar do nome dar a impressão que teletransportamos uma pessoa ou objeto fisicamente de um local para outro, como víamos em filmes ou series antigas, infelizmente ainda não chegamos nesse estágio da tecnologia.
Na realidade trata-se de um teletransporte digital, ou seja, a pessoa e até mesmo objetos são digitalizados através de uma câmera e é criada uma cópia digital. Na outra ponta a pessoa que possui um dispositivo chamado “hololens” recebe a cópia “digital”. Se as duas pessoas tiverem os dois dispositivos elas poderão interagir nesse ambiente virtual.
A universidade informou que o hardware utilizado foi desenvolvido pela Microsoft e o software pela Aexa Aerospace, empresa norte americana que fez uma parceria com a canadense Leap Biosystems para usar a tecnologia na área médica.
Para as pessoas que assistiram ao filme Matrix, podem estar associando essa interação entre duas pessoas em um ambiente simulado, na cena em que os protagonistas Neo, interpretado por Keanu Reeves e Morpheus, interpretado por Laurence Fishburne, estão em um ambiente simulado dentro da Matrix conversando.
Mas você pode estar se perguntando, qual a utilidade de uma reunião em um ambiente virtual, sendo que uma simples vídeo chamada teria o mesmo efeito prático? Porém, não se trata de apenas uma chamada que estamos acostumados; essa tecnologia abre inúmeras possibilidades em várias áreas desde as próprias comunicações até na medicina.
Imagine uma sala de aula onde a professora pede aos seus alunos para colocarem seus óculos de realidade aumentada, pois eles irão conhecer o coliseu em Roma ou participar de uma simulação do dia D da segunda guerra mundial.
Uma empresa de engenharia, em um ambiente virtual, analisando um novo motor com engenheiros do mundo todo podendo olhar o modelo 3D dentro da simulação, sugerindo correções ou melhorias em tempo real.
Um médico poder acompanhar uma cirurgia de um paciente em um ambiente simulado, onde ele teria acesso a todos os dados do paciente, incluindo um modelo 3D do corpo atualizado em tempo real, fazendo sugestões para as pessoas que estão operando ou mesmo alunos de medicina acompanhando essa cirurgia de uma forma quase que real.
Fora a revolução nas comunicações, reuniões onde as pessoas conseguiriam interagir com outras pessoas, mesmo em diferentes locais do mundo, como se todos estivessem em um mesmo ambiente.
Essa tecnologia não consiste apenas em ver imagens ou vídeos, e sim, no futuro poder viver a experiência com estímulos sensoriais em que o nosso cérebro passe a interpretar como um ambiente real.
Usando uma citação do filme “Matrix”, quando Morpheus fala para Neo a sua definição de realidade: “O que é real? Como você define o ‘real’? Se você está falando sobre o que você pode sentir, o que você pode cheirar, o que você pode saborear e ver, o real são simplesmente sinais elétricos interpretados pelo seu cérebro”.
Uma outra possiblidade de mesclarmos o mundo real com o virtual seria usarmos os hologramas 3D, interagindo com a nossa realidade sem a necessidade dos óculos, como por exemplo como é mostrado no filme “Star Wars”, onde é possível criar reuniões com pessoas presentes e pessoas geradas por hologramas que estão em diferentes lugares e que podem falar, andar pela sala e conversar como se estivessem no mesmo ambiente.
Os óculos de realidade aumentada, somados a realidade virtual e a Internet, podem ser combinados com o Metaverso, que é um conceito que tem crescido cada vez mais, onde você poderá viver como um “Avatar” em uma outra vida, trabalhar, estudar, jogar, se relacionar, uma nova vida em um mundo novo criado pelos seres humanos, mas isso já é um assunto para uma próxima coluna.
Lilian Primo é CEO e cofundadora da Mobye Mobilidade Eletrica. Executiva de Tecnologia, VP do Conselho Consultivo do Instituto Êxito Latino Americano de Empreendedorismo e Inovação e VP de TI na ANEFAC e Colunista na Nova Brasil FM.