* Por Rafael Kenji
Desde meados da década de 1990, o Brasil utiliza a tecnologia para ampliar o acesso à saúde por meio da telessaúde em diversas modalidades. Uma das primeiras introduções da tecnologia no país foi a partir do telelaudo, com a análise de exames de imagem e eletrocardiograma à distância.
Inicia-se a era digital da saúde no Brasil, com um grande marco em 2002, quando o Conselho Federal de Medicina regulariza e padroniza o prontuário eletrônico e a digitalização dos documentos em papel. Com a resolução, normas de segurança e exigências de tecnologia são formalizadas.
Em 2003, com a criação do Samu, outras modalidades de telessaúde tiveram o uso ampliado, como a teletriagem, a telemedicina, a teleorientação e a teleinterconsulta, com atendimentos realizados à distância.
Mais de uma década depois, o Ministério da Saúde e o Governo Federal criaram a Estratégia Digital de Saúde no Brasil, com o DigiSUS estruturado. O objetivo era incorporar a e-saúde no SUS até o ano de 2020 e estruturar a informação dentro dos sistemas de saúde para cidades e estados.
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O atendimento na área, então, passa a ser digitalizado. Assim, o setor começa a utilizar a tecnologia para diminuir a dependência do papel; aumentar a segurança dos dados dos pacientes, já que as informações passam a ser criptografadas e armazenadas em nuvem, com assinatura digital reconhecida pela Infraestrutura de Chaves Públicas do Brasil (ICP-Brasil); e diminuir as perdas de informações.
A digitalização da saúde, então, alcança dois grandes benefícios: a melhoraria na qualidade do setor, ampliando o acesso e diminuindo gastos desnecessários, seguindo a teoria denominada Triple Aim, e a atuação em toda a jornada do usuário, desde o entendimento do paciente até o meio de pagamento, o acompanhamento e a recuperação.
Hoje, nos Estados Unidos, já são realizadas mais teleconsultas do que atendimentos presenciais, devido à extensão e à capacidade de orientação em casos de baixa complexidade e ao fluxo de atendimento. No Brasil, em razão da barreira enfrentada para a regulamentação da telemedicina, publicada apenas em 27 de dezembro 2022, ainda existe grande dificuldade para que a tecnologia seja incorporada em todas as casas no país.
Mas a telemedicina não é a única forma de digitalização do atendimento, o uso do prontuário eletrônico já é realidade em quase todas as unidades de saúde do país, com o amplo investimento em tecnologias, como a realidade virtual, a inteligência artificial e a área de big data. Com o 5G já presente em algumas capitais brasileiras, o uso da tecnologia vai se intensificar, possibilitando maior acesso à saúde e à informação em áreas antes desassistidas.
Rafael Kenji Hamada é médico e CEO da FHE Ventures, uma Corporate Venture Builder cujo principal objetivo é desenvolver soluções inovadoras voltadas ou adaptadas para as áreas de saúde e educação.
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