* Por Paulo Quirino
Empreender é um desejo cada vez mais presente nos brasileiros. De acordo com a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), em 2019, 23,3% da nossa população adulta (entre 18 e 64 anos) estava envolvida em uma empresa que iniciou atividade há, no máximo, 3,5 anos – um recorde no país. O relatório ainda aponta que 90% deles buscam no empreendedorismo uma fonte de renda, enquanto 51,4% afirmam estar motivados por “fazer a diferença no mundo”.
E é nessa categoria que estão parte dos empreendedores digitais de startups, que enxergam nas dificuldades oportunidades para mudar o mundo através da tecnologia. Para que atinjam todo o seu potencial, precisam de orientações suficientes para os processos e necessidades que o mercado exige.
Atitudes empreendedoras são capazes de produzir um bem-estar social, solucionando demandas locais. Esse alcance vai além da simples ideia de abrir um negócio. Startups geram emprego e renda, fazem a economia prosperar e, paralelamente a isso, trazem cada vez mais em seu escopo de trabalho políticas de responsabilidade social.
Por isso, ir além de uma ideia e fazer o empreendimento vingar resulta diretamente em melhorias para a sociedade. Capacitar e orientar um profissional é referendar a transmissão e construção de um conhecimento, oferecendo um conteúdo capaz de promover mudanças significativas na vida das pessoas. A tecnologia é um dos meios mais efetivos para isso, estimulando a criatividade e o desenvolvimento de práticas que atendam às demandas sociais com um acesso cada vez mais democrático.
Vemos cada vez mais startups interessadas em encontrar soluções em áreas importantes como a saúde e a educação, por exemplo, sempre explorando novas formas de utilizar tecnologias existentes com ideias inovadoras ou desenvolvendo novas tecnologias. Na busca por efeitos mais duradouros, é necessário suporte e conhecimento para que continuem comprometidas em promover mudanças significativas na vida das pessoas.
O mercado e a sociedade cobram novas tecnologias, ideias e soluções. O cenário nacional precisa estar preparado para o presente e o futuro, para promover um desenvolvimento sustentável. Neste ponto, o que não falta nos empreendedores brasileiros é expectativa positiva.
A plataforma de pesquisa On The Go ChatBots, em parceria com a Bossa Nova, consultou 60 fundadores e líderes de 15 diferentes segmentos de atuação para o levantamento “Impacto da pandemia no dia a dia das startups”, divulgado em julho. Os dados são de que 59% das startups pretendem captar investimentos ainda em 2020, 67% não desligaram colaboradores e, ao serem questionados sobre o principal objetivo neste período de isolamento social, 89% responderam “conquistar novos clientes”.
Na adaptação ao período atual e aos reajustes necessários no futuro, as startups brasileiras também se mostram preparadas. A pesquisa indica que apenas 19% não trabalhavam com home office antes da adoção do isolamento social nos últimos seis meses. Além disso, 81% dos líderes e fundadores acreditam que a maioria dos colaboradores vão querer manter o trabalho remoto e 40% avaliam que esse modelo melhora o clima e ajuda a cultura a se desenvolver.
Diante desses planos e análises, é importante que as startups tenham acesso a ativos, tecnologias, laboratórios de P&D, treinamentos, assessorias, mentorias, networking e redes de investidores, além da infraestrutura. Todo ecossistema (aceleradoras, incubadoras, universidades, grandes empresas, associações e investidores) precisa oferecer um conjunto de ferramentas para preencher a lacuna entre suas ideias e protótipos e o mercado, aperfeiçoando de forma acelerada sua entrega de valor e a geração de negócios.
Nesse cenário, programas de aceleração e investimentos se fazem ainda mais necessários. Aliar networking, experiência e investimento de uma rede de mentores e empresas são fundamentais para garantir o fôlego que esses empreendedores precisam para permitir que suas soluções cumpram com o objetivo que nasceram: buscar soluções e impactar a vida de pessoas através da tecnologia.
* Paulo Quirino é coordenador Nacional do Programa Creative Startups na área de Pesquisa e Desenvolvimento da Samsung.