* Por Jéssica Lima
Até 2021, o ecossistema de startups parecia voar. Só no Brasil, 11 startups se tornaram unicórnios mesmo após dois anos vivendo sob o cenário econômico imprevisível da pandemia. Para quem olhava superficialmente, parecia que o ecossistema iria decolar como um foguete. Então 2022 chegou, e a palavra do ano deixou de ser “investimento” e passou a ser “layoff”.
Na época, buscava-se entender o que tinha acontecido e por que o cenário mudou tão rapidamente. Hoje, mais conscientes dos fatores que levaram tanto ao crescimento exorbitante de 2021, quanto à queda de 2022, sabemos que a cautela é um aliado do empreendedorismo. É dessa forma que devemos olhar para os dados de 2023 e pensar em 2024.
A Associação Brasileira de Startups (Abstartups) lançou o Mapeamento Anual do Ecossistema de Startups no CASE 2023. Ao analisar o material e comparar os anos de 2022 e 2023, notamos um crescimento moderado em diversas variáveis avaliadas. Embora isso pareça, à primeira vista, um aspecto negativo, a tendência sugere uma estabilidade positiva e sustentável no setor. Essa progressão gradual aponta para um desenvolvimento consistente, mais seguro do que o notado entre 2020 e 2021.
É claro que há pautas relacionadas a temas mais urgentes, como ESG e diversidades, que precisam ser melhor trabalhadas pelas startups. Mas é natural que os investimentos tenham desacelerado, demonstrando uma pequena queda de 2,1% entre 2022 e 2023. Por outro lado, quando analisamos exclusivamente os dados das startups que receberam investimentos no último ano, é possível identificar uma pluralidade de oportunidades para investimentos no ecossistema.
Se em 2022 o investimento-anjo monopolizou o primeiro lugar com 38,2% dos investimentos, em 2023 ele foi para o segundo lugar com 18,9%, sendo ultrapassado por fomento público com 22,2%. Esses dados trazem duas informações importantes: o ecossistema está se fortalecendo, trazendo mais opções e oportunidades para startups, e o setor público está olhando cada vez mais para as empresas de inovação. E, em 2024, essa atuação será impactada diretamente com o Brasil presidindo o G20 e o grupo de engajamento, Startup20.
Nos últimos meses, os investidores buscaram startups com maior controle do fluxo de caixa e projeções mais assertivas antes de realizar qualquer investimento. No entanto, uma análise mais minuciosa nos indica que, ao contrário do que se pode pensar inicialmente, o que estamos vendo é um desenvolvimento mais maduro do ecossistema.
* Jéssica Lima faz parte do time de marketing da Associação Brasileira de Startups (Abstartups), ajudando a divulgar histórias de inovação de todo Brasil.