A Mercê do Bairro, marketplace para pequenos mercados que permite a empreendedores comprar barato e receber rapidamente de inúmeros fornecedores, acaba de levantar R$ 53 milhões em Series A liderado por Flourish e GFC, com participação de MAYA, SV Latam, Quartz, Picus, Domo, Alexia Ventures e Prana, entre outros.
Transformar o Brasil a partir dos empreendedores. Esse é o objetivo de Diego Libanio e Guilherme Bonifácio, que cofundaram o Zé Delivery e o iFood, respectivamente, e se juntaram para criar a a Mercê do Bairro. O modelo da Mercê é conhecido como varejo integrado e já é largamente utilizado em outros países, como na China, onde foi responsável por transformar o setor ao conectar toda a cadeia com uso de tecnologia. No Brasil, a Mercê está substituindo a tradicional prancheta por um aplicativo que conecta o mercadinho do bairro a fornecedores e auxilia em toda a gestão de compras e vendas.
O varejo alimentar no Brasil é um mercado de mais de R$ 550 bilhões, segundo levantamento da Associação Brasileira de Supermercados. Os mais de 400 mil mercadinhos do país, que têm de um a quatro caixas, representam 35% desse total. “Estamos falando de um público enorme e hoje muito mal atendido. Esses empreendedores não têm acesso a ferramentas de gestão, vendas e crédito, e não contam com poder de barganha para negociar preços e serviços. Além de não terem capital de giro, nem todo fornecedor vende para eles, pois muitos são informais ou não compram as quantidades mínimas exigidas pelos distribuidores”, explica Diego. “Queremos que os mercados de bairro possam usufruir dos mesmos benefícios daqueles que fazem parte de grandes redes, tornando-os, assim, mais competitivos.”
“Hoje oferecemos uma ferramenta simples e atraente, pois o empreendedor não tem o que perder. Oferecemos comprar de maneira mais prática, barata e ele só paga depois que recebe”, completa Guilherme. “Nossa visão de longo prazo é criar uma revolução no mercado de proximidade, permitindo que o mercado opere melhor, com mais tecnologia em todas as suas frentes, dando uma melhor experiência para o cliente final.”
Na prática, com a Mercê, o dono do mercadinho lista os produtos de que necessita no aplicativo da empresa. A startup se responsabiliza por fazer as compras no atacado e entregar na porta do estabelecimento em até um dia útil. A Mercê também pluga outros parceiros de abastecimento, distribuidores e fabricantes que têm logística de entrega, monitora preços, para que o empreendedor tenha acesso às melhores ofertas, além de auxiliá-lo no acesso a crédito.
Acesso a crédito e expansão
O aplicativo é simples de usar, não requer treinamentos, nem exige muito tempo para adaptação. Segundo os sócios, o maior impacto provocado até agora para os empreendedores tem sido a economia de tempo nesse processo, que chega a 70% com o uso do app.
Já o crédito é oferecido aos proprietários de duas formas. Em uma delas, é dado um prazo que vai de 7 a 28 dias para o mercadinho pagar suas compras; em outra, a Mercê ajuda na obtenção de empréstimos, conectando os mercadinhos a parceiros que oferecem o serviço. O empreendedor consegue, assim, ter acesso a um capital que não teria de outra forma.
“Mercê tem o potencial de transformar o varejo informal no Brasil. A plataforma fácil de usar e a logística que oferece eliminam as fricções em termos de abastecimento, gerenciamento e otimização de inventário, permitindo assim ao pequeno empreendedor focar em atender sua clientela”, diz Arjuna Costa, Managing Partner da Flourish Ventures. “Ainda, ao adicionar produtos financeiros como crédito e pagamento em sua solução vertical, Mercê amplifica o impacto que tem no sucesso financeiro dos comerciantes.”
O faturamento da startup é obtido sobre uma comissão cobrada dos fornecedores parceiros, que pagam uma porcentagem em cima das vendas realizadas. Ainda assim, o valor final das transações é menor do que outras alternativas, de forma que é reduzido o custo tanto do fornecedor, quanto do mercado.
Hoje, a Mercê opera nas regiões oeste, sul e leste da cidade de São Paulo, sobretudo em bairros periféricos. Com o aporte, a empresa irá expandir sua atuação, em um primeiro momento, para as áreas metropolitanas do Sudeste, em particular São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. No futuro, a startup pretende ajudar a escalar mercados de bairro em todo o país. Além disso, com o valor, os sócios devem investir no desenvolvimento do marketplace e reforçar o time, especialmente nas áreas de tecnologia e produto.
“Estamos muito otimistas com a Mercê. O mercado é enorme e fiquei particularmente animado com o impacto que a startup tem provocado nos bairros em que opera. É notável a sensação de empoderamento nos empreendedores que trabalham com a Mercê”, conclui Alex Anton, da GFC.
Foto de destaque: Diego Libanio e Guilherme Bonifácio, cofundadores da Mercê do Bairro. (Crédito: Divulgação).
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