* Por Bruno Pessoa
O conceito das sportstechs não é tão novo, mas ainda é bem pouco explorado no Brasil. Ainda assim, é nítido que o universo das startups com tecnologias aplicadas para o esporte é um mercado com grande potencial. O nicho onde essas empresas atuam está sendo avaliado em U$ 8,6 bilhões e esse número deve triplicar nos próximos cinco anos.
Apesar de estar engatinhando no país, o setor demonstra uma grande capacidade de atração por conta da paixão do brasileiro pelo esporte. De acordo com a Associação Brasileira de Startups, são apenas 62 empresas registradas atuantes no segmento e isso é realmente uma ótima oportunidade para apostar nesse ano que se inicia.
Hoje em dia, já existem cerca de quatro mil sportstech em todo o mundo. Nos EUA, na Europa e também na China, esse já é um mercado bem mais maduro, visado e sendo aposta de grandes investidores globais. Muitos dos precursores desse tipo de empresa são esses amantes dos esportes que têm trazido para o digital as ações que antes aconteciam apenas olho no olho, e isso otimiza as práticas comuns em diversas categorias.
Imagine uma aplicativo que une bem o off com o online no mundo do basquete, é difícil de acreditar, mas ele existe. O HomeCourt foi criado para proporcionar treinamentos de qualidade e alta performance para seus usuários. Um preparador ainda é muito importante e indispensável, mas com o app, por exemplo, atletas têm ajuda na correção dos movimentos com o objetivo de melhorar, ao máximo, seu desempenho.
Para se ter uma ideia do potencial desse tipo de serviço, essa empresa já captou mais de R$ 15 milhões na sua primeira rodada de investimentos. Além dela, existem diversas outras startups desse nicho que estão fazendo bastante barulho pelo mundo e seus resultados demonstram como esse campo é inovador, e possui bastante espaço ainda para novos empreendedores:
Tonsser: a Tonsser acaba de chegar a marca de um milhão de usuários registrados no app. Focado em atletas que ainda não foram descobertos por clubes, a empresa fundada na Dinamarca já recebeu mais de R$ 46 milhões em investimento nos últimos três anos.
Zwift: fundada em Long Beach na Califórnia, a marca vem impactando o mercado das sportstech nos EUA. Com a marca de um milhão de contas registradas, o objetivo da startup é replicar o sentimento do ciclismo por meio do computador. Usuários de todo o mundo podem competir entre si de suas próprias casas, em diversos cenários apresentados na televisão. A empresa já captou mais de R$ 650 milhões nos últimos 6 anos.
Discord: focado no universo dos E-Sports, o Discord nasce com o foco na comunicação entre os gamers. Baseado em voz e texto, o app auxilia aos praticantes do esporte que mais cresce no mundo nos últimos anos a se falarem durantes as partidas. Com sede em São Francisco, nos EUA, a empresa já ultrapassou R$ 1 bilhão em financiamento! De acordo com a empresa, já são mais de 250 milhões de usuários.
OTRO: uma plataforma que busca aproximar o fã do esporte com as celebridades do segmento. A empresa fundada em Londres, depois de mudar sua estratégia, ultrapassou a marca de R$ 200 milhões de investimento nos últimos dois anos. A plataforma conta com embaixadores de peso como Neymar Jr e Lionel Messi.
DAZN: o primeiro serviço de streaming focado no segmento esportivo no mundo. Iniciou suas operações em 2016 com foco no mercado Japonês e Alemão, e chegou ao Brasil em 2019. A empresa conta com um portfólio de dar inveja, incluindo: Campeonato Italiano de Futebol, Premier League e Campeonato Francês.
Hudl: a gigante americana Hudl acaba de realizar a compra da italiana Wyscout na busca pela consolidação do mercado global de análise de dados através de vídeos do mundo. Financiada pela ACCEL, a empresa já captou quase R$ 500 milhões desde a sua fundação, é a maior startup do estado de Nebraska nos EUA, e divulga ter mais de 6 milhões de usuários.
MyCujoo: fundada em Portugal, o MyCujoo foca sua atuação no LongTail (fora do mainstream) do mercado de futebol. A empresa, que é investida pelo fundo brasileiro Go4It e César Villares e Marc Lehman, filho de Jorge Paulo Lehman, é uma plataforma de streaming que possibilita assistir jogos de futebol 24 horas por dia, de todos os cantos do mundo.
PlayerMaker: focada inicialmente em futebol, a empresa que já captou mais de US$ 10 milhões e tem entre seus investidores Arsene Wenger, ex-treinador do Arsenal da Inglaterra, tem como objetivo maximizar a performance de atletas de alto nível. A empresa tem tanto um hardware, que é colocado na chuteira dos atletas, quanto um software capaz de identificar toques na bola e a precisão de passes.
As oportunidades e opções são muitas e o terreno ainda tem bastante espaço a ser conquistado. Tudo que tem relação com o mundo esportivo pode ser considerado e vale a pena o investimento em países como o nosso. O Brasil respira a competição nos esportes, cheio de torcedores apaixonadamente envolvidos, que participam em vários níveis, desde os que torcem em eventos esporádicos como Olimpíadas ou Copa do Mundo, até os mais fanáticos, assíduos frequentadores de estádios e ginásios, atrás de fortes emoções que só o esporte pode proporcionar. De uma forma ou de outra, aqui as sportstech têm grandes chances de serem bem sucedidas e encontram públicos fiéis e potenciais disseminadores das tecnologias.
* Bruno Pessoa é CEO e cofundador da Tero, plataforma digital que conecta atletas brasileiros a oportunidades de carreira.