* Por Guilherme Cavalcante
Em setembro, comemoramos o mês da Mobilidade Urbana no Brasil. Ao longo dos anos, a temática principal dos debates recorrentes que acontecem no período gira em torno de “o que já mudou”, e “o que ainda vai mudar”. Neste ano, com certeza, temos de ter um debate parecido, até para exaltarmos as transformações que o setor já alcançou, bem como, as novidades que estão sendo desenvolvidas para o futuro.
No entanto, acredito, que neste ano devemos dar um passo a mais em nossas discussões, e ter como tema principal, qual deve ser a postura a ser adotada por toda a sociedade, principalmente, por agentes que diretamente lidam com o avanço de pautas ligadas a descarbonização de operações e cidades inteligentes. Até porque, vemos que as mudanças já estão acontecendo, e o que poderia ser tratado como novidade, hoje, já é uma realidade, e isso quem revela são as próprias pesquisas.
Recentemente, a McKinsey & Company divulgou um levantamento em que os brasileiros manifestaram maior interesse por carros elétricos, micromobilidade e tecnologia em níveis superiores ao de consumidores de outros países. Ela revelou que há um grande interesse por soluções como assinatura de veículos eletrificados e micromobilidade.
O número de vendas de carros elétricos no país também é crescente. De acordo com a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), a comercialização de veículos híbridos e 100% elétricos aumentou 78% no primeiro quadrimestre de 2022, na comparação com o mesmo período do ano passado.
Além disso, também já caiu nas graças do brasileiro o sistema de carsharing, ou nano locação, serviço de compartilhamento de veículos em que o usuário só paga pelo período que usa e pode devolver em uma base próxima. Empresas brasileiras estão investindo em frotas corporativas nos principais centros do país, além de, condomínios já oferecerem como serviço para seus moradores, casos da Osten, Housi, VEC Itaú, entre outros.
Apesar de grandes dificuldades sentidas em qualquer setor do nosso país, ainda mais quando falamos em um setor que exige mudanças estruturais, estamos bem encaminhados nas novidades do mercado de mobilidade, e, de certa forma, já se adaptando.
Por isso, neste mês em que aproveitamos a temática para colocar o setor em foco, devemos apostar em novas tecnologias e exigir quais os investimentos e projetos foram implementados e quais indicadores que devemos ter para que essas mudanças avancem e cheguem o quanto antes ao alcance de todos. Não dá mais para ficar somente na teoria, nós já validamos muitas frentes que agora precisam ter foco em execução, em parcerias que viabilizem escala e impacto real.
Em destaque teremos o Blockchain e as novas metodologias para redução de CO2 e em como podemos avançar para alcançar uma “infraestrutura real” que atenda aos veículos elétricos e híbridos da frota atual e futura, para que isso não seja um impeditivo ao adquirir um veículo elétrico, ou então, quais podem ser os incentivos públicos e privados para que a sociedade como um todo tenha acesso a esse novo modelo de mobilidade, mais eficiente, conectada, elétrica e sustentável.
Está claro que o Brasil é um país cheio de dores quando falamos em novas formas de se locomover nas cidades, porém não estamos parados, o mercado está se conectando, criando soluções e abrindo muitas oportunidades para empreendedores e empresas trabalharem pelo mesmo propósito.
Por isso, focar em debates com soluções que já existem, colocar grandes empresas e startups na mesma mesa é o ponto mais importante, para que esse setembro seja um divisor de águas, e no próximo ano de 2023 possamos nos orgulhar de como, em um ano, conseguimos conectar pessoas e empresas que juntas evoluíram e transformaram a mobilidade urbana brasileira.
Guilherme Cavalcante é CEO e fundador do app UCorp. O executivo tornou-se especialista em desenvolver modelos de negócios e produtos digitais com foco em mobilidade. Guilherme é formado em Tecnologia e Mídias Digitais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC) e possui pós-graduações em Design de Projetos Especiais (BAU-Barcelona) e Inteligência de mercado (Universidade de São Paulo – USP).