* Por Carol Vasconcelos
Culturalmente, o estilo de vida do brasileiro é algo que preocupa, e muito, o sistema de saúde. Podemos destacar, por exemplo, os maus hábitos alimentares, o sedentarismo, o tabagismo e o estresse em decorrência à rotina de trabalho, como também as falhas referentes ao acesso à saúde no país.
Em pontos geográficos específicos falta saneamento básico ou ainda imunização. Porém, a desinformação continua sendo uma das causas mais delicadas e complexas, além de gerar gastos extremos aos cofres públicos.
Frente a outros países, o Brasil alcança resultados positivos em relação à saúde preventiva, porém 75% da população depende exclusivamente do SUS, gerando uma sobrecarga que compromete a qualidade do atendimento e do acompanhamento básico.
O SUS investe em média R$ 103 bilhões por ano, mas apenas 25% desse valor é destinado à saúde preventiva. A OMS orienta ainda que o parâmetro ideal de profissionais da área seria de um médico de saúde preventiva para cada mil habitantes. Especialistas seriam encaminhados a mulheres e homens de acordo com a demanda geográfica.
Um exemplo de bom gerenciamento do Estado e do investimento correto em saúde preventiva corresponde à diminuição drástica documentada pela ONU de doenças como Aids, tuberculose e malária. O Relatório de Resultados 2021, publicado recentemente em Genebra, revela queda de 19% no número de pessoas tratadas para tuberculose resistente a medicamentos.
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Brasil tem resultados positivos em saúde preventiva
Educação, informação e terapias preventivas foram as grandes protagonistas dos resultados positivos em países subdesenvolvidos, onde o Fundo Global investe em programas para controle e erradicação de doenças e epidemias.
O Brasil ainda enfrenta grandes desafios, como gestão de programas assertivos às demandas e às necessidades demográficas da população; maiores investimentos destinados à saúde preventiva e suplementar e à descentralização de verba, para que os recursos sejam distribuídos de maneira justa e proporcional; e investimento em educação e campanhas de informação para melhores estudos e acompanhamento assistencial.
No entanto, esses desafios podem ser contornados com a evolução da inovação em saúde. Podemos testemunhar a criação de novas tecnologias e metodologias para a prevenção e o diagnóstico assertivo de patologias.
Startups, por exemplo, levam inovação e proporcionam ao segmento a possibilidade de estudos técnicos e científicos e de análises de dados e cultura. Assim, conseguem promover uma visão ampliada do cenário, favorecendo um leque de opções para o avanço da medicina.
As tendências de mercado mostram que o segmento da saúde no Brasil tende a manter sua expansão consideravelmente, já que é um setor de cuidados constantes, haja vista, por exemplo, o envelhecimento da população. Segundo a OMS, em 2030, o Brasil terá a quinta maior população idosa do planeta, o que aumenta a necessidade de cuidados preventivos para garantir melhor qualidade de vida e longevidade.
Além das boas perspectivas de mercado, investir em saúde pode ser um bom negócio, considerando o retorno de investimento garantido para soluções disruptivas que alcançam resultados consideráveis, como ferramentas para análises de dados gerenciais ou assistenciais e a robótica para cirurgias. Para a inovação, o céu é o limite.
Mas o setor precisa de investimentos públicos e privados para sua expansão no país. Existem muitas possibilidades de investimentos, como ações voltadas às empresas do setor e startups e fundos de inovação e tecnologia ligados à saúde.
O mais importante é que o Brasil caminha a passos lentos, porém assertivos rumo à inovação em seu sistema de saúde. O caminho para acelerar o desenvolvimento é sem dúvidas a informação e a educação da população. Temos uma fonte inesgotável de recursos intelectuais que ainda não estão moldados em forma de soluções inovadoras. Portanto, é preciso oferecer estrutura e investir em projetos de fomento à educação para transformar ideias em soluções disruptivas.
* Carol Vasconcelos, é Diretora Comercial na FHE Ventures
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