O Brasil fechou 2019 com 306,4 mil empresas atuando no setor de tecnologia. São cerca de 7 mil a mais em comparação a 2018. Apesar do crescimento no último biênio, este número caiu 8,5% entre 2015 e 2019, passando de cerca de 334 mil para pouco mais de 306,4 mil. Na contramão dos números nacionais, Santa Catarina se destaca sendo o estado brasileiro que registrou maior crescimento (11,8%) no mesmo período, chegando a 12.138 empresas, mesmo tendo a menor população entre os pesquisados.
Os dados acima são do Tech Report 2020, estudo realizado pelo Observatório da Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE) e pela Neoway, com apoio do Finep, lançado em evento online na última semana.
Com um crescimento de 7,7% no último ano, o ecossistema de tecnologia catarinense é o sexto maior do país em número de empresas. O setor soma 56,5 mil colaboradores, com produtividade (razão entre o faturamento médio e a média de colaboradores por empresa) de quase R$ 80 mil por trabalhador, a segunda maior do Brasil. Somente em 2019, foram criados 3,5 mil novos postos de trabalho no estado. Santa Catarina ultrapassou Minas Gerais e Rio de Janeiro e se tornou o 4º maior polo do país em faturamento. São mais de R$ 17,7 bilhões faturados, que representam 5,9% do PIB catarinense. Além disso, foi o segundo estado que mais cresceu em faturamento (12,1%) no comparativo 2019-2018.
“Os dados demonstram o crescimento sustentável do setor ao longo dos anos. Tivemos melhorias em todos os indicadores analisados e os resultados são muito expressivos. Ao fazer uma análise sistêmica como essa, na qual também se mede produtividade e especialização do setor, vemos um crescimento sadio, com os programas da ACATE apoiando as empresas independentemente da fase em que elas estejam. Isso se reflete na consolidação do nosso estado como o mais especializado, com mão de obra de qualidade e um grande número de empresas nascendo”, destaca Iomani Engelmann, presidente da ACATE.
Outro destaque do estudo é o reconhecimento do setor catarinense de tecnologia como o mais especializado do Brasil pelo segundo ano consecutivo, com mais da metade das ocupações In Core, ou seja, profissionais atuando diretamente em empresas especializadas em tecnologia. No cenário atual, em que a transformação digital se tornou ainda mais fundamental para o desenvolvimento da economia, a crescente especialização dos profissionais e empresas é benéfica para todo o ecossistema de inovação.
“Santa Catarina é um dos principais polos tecnológicos do Brasil. Ficamos muito orgulhosos em fazer parte e poder fomentar esse ecossistema de inovação que vem ganhando cada vez mais destaque em âmbito nacional” comenta Carlos Eduardo Monguilhott, CEO da Neoway, empresa brasileira especializada em Big Data e Inteligência Artificial, que nasceu em Florianópolis.
Polos regionais também crescem
Todas as mesorregiões do estado de Santa Catarina são polos de tecnologia. A Grande Florianópolis segue sendo a mais representativa, com 32,5% do total de empresas. Vale do Itajaí (27,4%), Norte (18,7%) e Oeste Catarinense (10,6%) aparecem na sequência. Em menor proporção, as regiões Sul e Serrana somam 1.309 (10,8%) empresas no setor. Entre 2015 e 2019, o Oeste foi o que mais cresceu (27,7%). Já no último biênio, ganha destaque o crescimento das regiões Serrana (12,5%) e Sul (12,3%).
Nacionalmente, três cidades catarinenses se destacam: Florianópolis, além de possuir a maior taxa de empresas de tecnologia por habitante do país (5 empresas para cada 1 mil habitantes), superando o município de São Paulo, é a 16ª cidade com maior volume de empresas. Blumenau ocupa a 5ª posição (3,5 empresas por 1 mil habitantes) e Joinville, a 10ª posição (2,4 por 1 mil)
Primeiros impactos da pandemia no setor catarinense de tecnologia
A pandemia causada pelo novo coronavírus provocou uma série de impactos em todo o mundo. Em Santa Catarina, mais de 1 mil postos de trabalho do setor de tecnologia foram fechados em abril de 2020. No ano, o saldo entre admissões e demissões foi negativo, com menos 49 vagas. Para minimizar os efeitos da crise no setor, a Associação Catarinense de Tecnologia criou o Plano de Ação ACATE covid-19, com atuação em diversos eixos. A entidade também realizou pesquisas entre os associados para entender os impactos e as principais necessidades.
Os associados apontam que o crédito (45,9%), profissionais qualificados e a busca de investimentos, ambos com 32%, são as três principais necessidades que surgiram em virtude do cenário de crise. Outras carências levantadas pelos associados contemplam a abertura de novos mercados, a segurança para o retorno ao trabalho presencial, a subvenção em projetos de inovação e o apoio para marketing digital.
Na percepção de como foram afetados, 29,8% dos respondentes consideram que o impacto da covid-19 no setor foi alto ou muito alto. No fechamento de novos contratos e aquisição de novos clientes, os impactos são considerados muito altos (33,6%). Nas atividades, as vendas tiveram impacto intenso: quase 80% dos respondentes indicaram impacto médio, alto ou muito alto. Em relação às finanças, essa percepção se aplica a 66,4% dos respondentes. Em desenvolvimento e inovação, a maior parte das empresas entendem o impacto da pandemia será baixo (31,1%).
“O setor foi impactado de diferentes maneiras, conforme a área de atuação das empresas de tecnologia. Apesar disso, também está sendo um momento de crescimento para algumas empresas que passaram a alcançar o mercado de forma diferente. Mesmo diante do cenário adverso, cerca de 16,4% das associadas realizaram contratação de novos colaboradores durante a pandemia, então acreditamos que o setor vai fechar o ano com um saldo positivo de vagas”, ressalta o diretor executivo da entidade e coordenador do estudo, Gabriel Sant’Ana Palma Santos.
Metodologia do estudo
As informações apresentadas no estudo têm como fonte principal o Sistema de BI do Observatório ACATE, desenvolvido pela Neoway. O levantamento contempla dados de empresas, faturamento, empreendedores e trabalhadores. Também foram consultados os dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED).
“Com nossas tecnologias de Big Data Analytics e Inteligência Artificial, monitoramos, compilamos e analisamos diversas fontes de dados. Com isso, oferecemos ao mercado informações estratégicas que tornam as decisões das organizações mais eficientes e precisas”, explica Monguilhott, CEO da Neoway.
O estudo completo está disponível no link.