* Por Pedro Signorelli
Seis meses se passaram e já estamos na metade do ano, ou seja, é o momento ideal para refletir sobre o que aconteceu durante esse período. Os dados de fechamento do segundo trimestre não foram completamente finalizados e ainda vão sair de maneira oficial, mas vou arriscar alguns palpites: o saldo das startups no primeiro semestre foi ruim. Menos rodadas com menos investimentos.
É preciso ressaltar que esse cenário não representa nenhuma grande novidade, já que o primeiro trimestre de 2023 chegou ao fim com uma queda de 86% em novos investimentos em startups brasileiras, na comparação com o mesmo período de 2022. As informações são do relatório Inside Venture Capital Report, elaborado pela Distrito, plataforma que conecta soluções para startups.
Ainda de acordo com o levantamento, este ano foram realizadas cerca de 90 rodadas de investimentos em startups, o que movimentou o mercado com uma injeção de US$ 247,02 milhões. Porém, se fizermos uma comparação com o primeiro trimestre do ano passado, o setor contabilizou 306 rodadas e US$ 1,7 bilhão em investimentos. Isso já demonstra o porquê acredito que o primeiro semestre como um todo não foi tão positivo assim.
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Cada vez mais os investidores estão repensando a forma de investir nas startups, visto os últimos tombos, como o do SoftBank, dentre muitos outros que acontecem bem diante dos nossos olhos. E em um cenário econômico com futuro incerto, ficam mais ariscos e tendem a exigir mais dos fundadores e empreendedores para aportar dinheiro nessas empresas.
Somado a isso, temos uma conjuntura econômica difícil, que não afeta exclusivamente as startups, seja no Brasil ou lá fora, todas as empresas estão enfrentando os mesmos problemas e o principal deles está relacionado aos juros altos, medida clássica para conter a inflação, que está alta no mundo inteiro. No nosso país, em especial, ainda temos um cenário de aumento de gastos pelo governo atual, que vai gerar mais impostos e pressão inflacionária, o que tende a fazer com que os juros permaneçam em alta e a economia rode devagar.
É por essa razão que agora é a hora perfeita para focar em arrumar a casa, aumentar a eficiência operacional e, principalmente, cortar custos. Assim, quando o momento bom voltar, é possível estar em boa forma e mostrar para os investidores que a lição de casa foi feita e que podem confiar novamente.
De maneira geral, já venho apontando isso há bastante tempo: é preciso reforçar a gestão das startups. Parece mero overhead, mas aplicado de forma correta e eficiente, justifica o investimento. O retorno vem focado no que é mais importante: priorização correta de recursos alocados. E se o resultado não vem, pois a hipótese de negócio estava errada, pelo menos ganha-se o aprendizado correto para não repetir os mesmos erros no futuro.
Visto isso, penso que os OKRs – Objectives and Key Results (Objetivos e Resultados Chaves) – são ótimos para gerar foco no que é mais importante e também alinhamento geral, que vai fazer com que os recursos disponíveis sejam aplicados da melhor maneira e se gere aprendizado no curto prazo. E o trabalho no curto prazo é a chave para ter uma organização que consegue responder às mudanças no mercado, que são cada vez mais rápidas.
Pedro Signorelli é um dos maiores especialistas do Brasil em gestão, com ênfase em OKR. Já movimentou com seus projetos mais de R$ 2 bi e é responsável, dentre outros, pelo case da Nextel, maior e mais rápida implementação da ferramenta nas Américas.
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