Dados do Distrito sobre venture capital na América Latina apontam que no inverno das startups, os investimentos na região caíram vertiginosamente. Enquanto o setor registrou recordes de crescimento em 2020 e 2021, respectivamente com US$ 5 bilhões e US$ 17,1 bilhões investidos, os anos seguintes foram de queda acentuada. Os investimentos passaram para US$ 7,9 bilhões, em 2022, e US$ 3,1 bilhões, no ano passado — queda de 81,8% em apenas dois anos. Entretanto, especialistas presentes no South Summit Brazil 2024, em Porto Alegre, vêem com otimismo a nova safra de investimentos para 2024 e 2025. Isso se deve principalmente ao fato de que quem investir agora terá um ambiente mais estruturado dos polos tecnológicos locais.
O consenso é de Igor Piquet (Endeavor Catalyst); Milena Oliveira (Volpe Capital); Joaquim Lima (Riverwood Capital); Lucas Mussi (Warburg Pincus). O grupo foi convidado para o painel “Perspectiva de Investidores Globais na Tecnologia da América Latina (LATAM)” e apontaram alguns fatores que podem contribuir para o desenvolvimento do venture capital na região.
Dentre eles está a saída do chamado “capital turista”, que costuma ser capitaneado por fundos do exterior sem grandes vivências no ecossistema local. Informalmente, são investidores que costumam alocar dinheiro na alta de investimentos e vender suas participações em períodos de baixa de capital. Outro ponto importante é o amadurecimento e fortalecimento do segmento: de 2008 até 2017 a Latam contabilizava um unicórnio e US$ 4 bilhões investidos; enquanto de 2018 a 2023, foram registrados US$ 40 bilhões em investimentos e 40 unicórnios.
A visão de investidores globais
Para Milena Oliveira, da Volpe Capital, que investe em empresas de alto crescimento em países como Brasil, México e Colômbia, a boa safra de investimentos para 2024 se baseia em três motivos principais: o capital necessário para que as empresas escalem seus negócios; a formação de times experientes; e a mudança de infraestrutura. “Quem investir agora terá a oportunidade de fazer ótimos investimentos, em empresas bem estruturadas, o que nos gera 100% de confiança de que o próximo ciclo de negócios será excepcional”.
A leitura de mercado é acompanhada por Igor Piquet, da Endeavor Catalyst, fundo de venture capital da Endeavor, que tem sob gestão 500 milhões de dólares em países emergentes. “Esse é um dos melhores períodos para investir. Vários ciclos de entrada e saída de capital na região já ocorreram e quem investe na América Latina há muito tempo sabe acelerar e frear os investimentos na hora certa. Temos um ecossistema mais maduro, com talentos para fazer acontecer, tanto de empreendedores quanto investidores, fazendo com que em 2024 haja negócios cada vez mais resilientes; full de talentos; e a preços mais razoáveis”, destaca.
Lucas Mussi, da Warburg Pincus, fundo estadunidense que investe com cheques entre US$ 50 milhões até US$ 500 milhões, também mantém otimismo. “Em outros mercados que investimos, como a China, por estar em fase de baixa e não estarmos tão otimistas com esses mercados, a LATAM é um candidato óbvio a crescer em relevância e oportunidades. Passado o inverno das startups, voltamos para o velho normal, mas de forma mais sustentável”, avalia.
Trata-se de um otimismo pé no chão, mas que já considera como as startups da região estão respondendo a chegada da Inteligência Artificial. O potencial dessa tecnologia pode estimular aplicações e novos investimentos em diferentes áreas tecnológicas em que o Brasil já é destaque, como software, fintechs e serviços.
“A IA permeia todos os setores e está tendo uma experimentação coletiva por parte das startups, o que deve fazer com que sua consolidação seja mais rápida do que foram as outras transformações digitais. Estamos preparados para apoiar startups com alto conhecimento, margem de produto e caminho claro de rentabilidade”, completa Joaquim Lima do Riverwood Capital, fundo de growth que já investiu em mais de 80 empresas, 33 delas no Brasil e América Latina.
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