É inegável afirmar que a crise do novo coronavírus (Covid-19) vai deixar muitas lições. Várias empresas, sejam elas grandes, médias ou pequenas, tiveram que alterar a sua rotina por conta da pandemia, buscando manter suas atividades dentro da normalidade. Algumas, inclusive, já estão se preparando para o que está por vir após o surto.
Todas têm em comum um objetivo: facilitar a vida de seus clientes, estes que, por um tempo, não poderão usufruir dos produtos e serviços oferecidos da forma convencional. Além disso, tanto interna como externamente, campanhas de conscientização buscam chamar a atenção ainda mais para os riscos que a Covid-19 pode trazer. Veja algumas dessas empresas que seguem empenhadas em minimizar o impacto causado pelo coronavírus na sociedade:
Ifood
O iFood adotou algumas medidas para garantir o bem-estar e saúde dos funcionários. Desde o dia 13 de março, iniciou o revezamento de colaboradores em suas sedes e a partir do dia 16 do mesmo mês, passou a adotar um modelo de trabalho remoto para todos os escritórios. A empresa providenciou estrutura para que todos os colaboradores pudessem ter condições de atuar dessa forma. Reuniões internas e com fornecedores são realizadas por videoconferências e todos os eventos presenciais, assim como viagens nacionais e internacionais, estão suspensos.
Por outro lado, a empresa anunciou uma série de medidas para dar apoio aos estabelecimentos cadastrados em sua plataforma, estas que irão beneficiar mais de 132 mil restaurantes em todo o Brasil. “O delivery tornou-se um importante aliado para a recomendação de isolamento social, mas para que se siga prestando este serviço à sociedade, é fundamental que os restaurantes reúnam condições de manter suas operações abertas, alimentando famílias, gerando empregos e renda. Por esta razão, o iFood vem trabalhando em formas de apoiar o setor”, comenta Diego Barreto, VP de estratégia do iFood.
Uma dessas ações consiste na destinação de R$ 50 milhões para um fundo de assistência focado nos pequenos restaurantes. Os valores do auxílio dependerão do valor de comissão que o restaurante paga atualmente ao iFood e o benefício será calculado com base no valor de cada pedido vendido. A expectativa é que ao menos 100 mil estabelecimentos tenham retorno de 20%, em média, nas taxas de cada compra realizada, gerando assim maior lucro por pedido realizado. Os restaurantes receberão o benefício de forma automática, ou seja, não precisarão fazer nenhum tipo de solicitação para começar a receber. Além disso, caso um empreendedor tenha mais de um restaurante cadastrado no iFood, ele receberá o auxílio por pedido realizado em cada um de seus restaurantes.
O Ifood também criou um outro fundo solidário, no valor de R$ 1 milhão, para a proteção de todos os entregadores com mais de 65 anos ou em condições de risco, como doenças pulmonares, cardíacas, imunossupressão (inclui HIV), obesidade mórbida (IMC > 40), diabetes descompensada, insuficiência renal crônica e cirrose.
Os entregadores com mais de 65 anos terão a conta automaticamente inativada durante 30 dias e receberão do fundo um valor baseado na média dos seus repasses nos últimos 30 dias. Os demais grupos de risco deverão entrar em contato via Portal do Entregador para solicitar o acesso aos valores do fundo, mediante comprovação das condições pré-existentes.
Maxmilhas
Desde o início da pandemia, a Maxmilhas, empresa que oferece passagens aéreas com desconto e venda de milhas, está focada em minimizar os impactos em três frentes: colaboradores, clientes e negócio. “Nossos cuidados se estendem à transparência na comunicação e ao máximo esforço para atender às demandas dos nossos clientes, que foram muito afetados pela suspensão dos voos pelas companhias aéreas. Todo o nosso time, mesmo quem está em áreas que não atuam diretamente na operação e no atendimento ao cliente, é periodicamente treinado para assumir a linha de frente junto ao cliente quando necessário. E nos últimos dias, todos têm se dedicado a esse atendimento. Somos mais de 400 funcionários e estamos fazendo trabalho remoto, cuidando bem de si para dar todo o suporte possível aos nossos clientes”, afirma Max Oliveira, CEO da empresa.
Os impactos do coronavírus foram sentidos em todo o mundo e afetaram, com intensidade, o setor de viagens e turismo. Grande parte dos voos foram suspensos para prevenir o avanço do coronavírus. As companhias aéreas reduziram as operações em até 90%, o que causou muitos pedidos de alteração de voos. “Somos um marketplace e notamos uma redução na procura dos viajantes por passagens, o que é natural devido a esse cenário. Ao mesmo tempo, a busca por viagens mais para frente tem crescido, com os brasileiros aproveitando os bons preços para viagens futuras”.
O modelo de negócio da empresa permite a emissão de passagens com as milhas de quem não iria utilizá-las, mas que pode ganhar um dinheiro extra fazendo a venda na plataforma. Em 7 anos, a empresa soma mais de 6 milhões de viagens com desconto.“Somos líderes nesse segmento e responsáveis pela emissão de 15% a 20% das passagens com milhas do Brasil”, destaca.
De uma maneira geral, a empresa implementou melhorias na automação de processos de cancelamento e remarcação de passagens. “Criamos um site exclusivo para informar nossos clientes sobre as regras das companhias aéreas para alteração de passagens devido ao coronavírus. O material é atualizado diariamente, já que essas informações mudam a todo instante”.
Segundo Max, a missão da empresa é trabalhar muito para continuar tornando possíveis encontros e histórias. “Uma questão que temos recomendado às pessoas que tiveram a viagem interrompida é que se cuidem agora, mas não desistam de viajar quando tudo se normalizar. Sabemos como o sonho de viagem é importante para cada um de nós. Nossa orientação é que remarquem a passagem e se planejem para voar com tranquilidade mais para frente”.
O CEO afirma que este é o maior desafio já vivenciado pela empresa em toda a sua história, mas que está buscando se adaptar rapidamente. “Ainda não sabemos quanto tempo essa crise global vai durar, por isso, acreditamos que o momento pede calma e cautela. Tentar não se preocupar demais com os possíveis cenários futuros que não podemos controlar e focar na solução do problema atual, se preparando para o pior cenário. Manter os pés no chão e a cabeça focada na missão da empresa é fundamental”.
Distrito
O Distrito, espaço de coworking em São Paulo e Curitiba (PR), possui 4 unidades de negócios que funcionam de maneira independente, porém interligadas. A área de comunidade, responsável pela gestão dos 5 hubs de inovação e geração de valor para o ecossistema, tem tido um desafio especial: usar ferramentas digitais para auxiliar e incentivar startups, empreendedores, investidores e corporações. Contudo, por conta da pandemia, teve de parar suas atividades.
“Na semana passada, decidimos suspender, por prazo indeterminado, a atividade de todos os nossos hubs com objetivo de preservar a saúde de nossos mantenedores, residentes e colaboradores, além de evitar a disseminação do coronavírus para sociedade. Este é um momento delicado e duro para todas as empresas em termos de atividade econômica, mas salvar vidas é a prioridade”, afirma Gustavo Gierun, cofundador do Distrito.
Todas as outras unidades de negócios continuam funcionando normalmente com o time em regime de home office. A orientação é que as equipes se preservem e não saiam de casa até que a situação esteja controlada. “Vivemos um momento de mudança de cultura e costumes e muitas das adaptações que estamos fazendo agora ficarão para sempre. Temos percebido até um aumento de produtividade em algumas áreas”, destaca.
O Distrito também possui uma unidade no Hospital das Clínicas de São Paulo, maior complexo hospitalar da América Latina. Os residentes do Distrito InovaHC foram os primeiros a serem direcionados para home office. “Estar dentro do Hospital oferece vantagens competitivas enormes em condições normais de funcionamento, mas neste momento é um risco que os empreendedores e mantenedores não devem correr”.
A empresa possui várias soluções em desenvolvimento pelas startups residentes e também pelo grupo de mantenedores, visando ajudar no combate ao coronavírus. “Vale ressaltar os projetos da 3778, healthtech que tem desenvolvido com o auxílio de parceiros, uma calculadora epidemiológica, modelo open source, para precisar o crescimento de casos de coronavírus em tempo real e a demanda por leitos simples e UTIs em todo o Brasil; e também a w3.care, que tem uma plataforma digital que permite a triagem, a telemedicina com profissionais de saúde para atendimento e acompanhamento e gestão dos dados da infecção do covid-19 em tempo real”.
Para Gustavo, o impacto no mercado de hubs de inovação e coworkings nos próximos 2 meses será enorme. “Todos os profissionais liberais, pequenas empresas e startups, que são o maior público destes espaços, deverão sofrer muito com lock down e precisarão buscar soluções com menor custo. Esta situação deve melhorar ao longo do segundo semestre”.
Recentemente, o Distrito lançou uma plataforma que tem como intuito conectar startups e aqueles que estão desempregados. Contudo, mesmo com a pandemia, o serviço não parou de funcionar. “Naturalmente a oferta de vagas reduziu, uma vez que a empresas passam por um momento de incerteza. No entanto, o número de candidatos aumentou. Este tipo de ferramenta é fundamental para ajudar o mercado a se organizar, independente do cenário econômico. Vale ressaltar que é uma ferramenta gratuita, o que ajuda as empresas neste momento de corte de custos”.
Para Gustavo, as mudanças foram bastante positivas para a empresa e as lições apreendidas ficarão para sempre. “O Distrito sempre teve uma mentalidade digital apoiada no meio físico. Acreditamos que os hubs físicos sempre serão importantes, mas deveremos investir com mais intensidade no digital. Para os times de inovação corporativa e inteligência de mercado mudou pouco. Aprendemos a trabalhar com mais produtividade remotamente. As pessoas foram obrigadas a mudar este costume e muitas gostaram. Esta mudança implica maior disciplina, comprometimento e liberdade mental para que as pessoas lidem com os desafios da empresa. Tem sido uma mudança saudável que provavelmente ficará para sempre”, finaliza.
Conta Azul
Na Conta Azul, plataforma online para gestão e controle financeiro de empresas, o trabalho remoto de 100% da equipe foi uma das primeiras ações adotadas com o avanço exponencial de casos de covid-19 no País. Inicialmente, a medida começou com os colaboradores alocados em São Paulo, estado com maior número de casos e logo após, para o restante do time alocado em Joinville (SC). Atualmente, mais de 450 funcionários trabalham de casa.
A empresa possui ferramentas que auxiliam no formato de trabalho remoto, possibilitando a manutenção dos rituais diários e semanais dos times mesmo de forma remota, garantindo o acompanhamento e a execução das atividades conforme esperado. “Disponibilizamos um plano de ação para lidar com este cenário complexo e diariamente produzimos conteúdos que podem auxiliá-los a mitigar os impactos da crise. Cuidamos dos nossos colaboradores, clientes, parceiros e estamos próximos, mesmo com a distância física. É um novo momento e recebemos feedback que o time está bem e até relatos de produtividade ainda maior”, afirma Vinícius Roveda, CEO da empresa.
Sabendo que a interação social potencializa a transmissão do vírus e sobrecarrega o sistema de saúde, além do home office, a empresa também disponibilizou um material de orientação para todos da empresa. Além disso, diariamente, as áreas de Gestão de Pessoas e Marketing compartilham informações e notícias com a intenção de manter seus colaboradores informados. “É um momento de todos estarmos unidos. Temos certeza que isso vai trazer grandes lições e muito aprendizado para que a grande maioria das empresas consiga sair mais forte, mais eficiente e mais preparada para os desafios que irão surgir durante a sua jornada”, afirma Vinícius.
Neon
Na Neon, fintech especializada em abertura e movimentação de contas correntes digitais e emissão de cartões, as medidas internas adotadas estão baseadas nas recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) para que as equipes trabalhem com segurança. No caso da empresa, os colaboradores receberam treinamento para continuar atendendo normalmente, de casa, utilizando computadores da empresa.
“Percebemos que não só as metas foram alcançadas como também houve um aumento na produtividade e melhora na qualidade de vida das pessoas. Como os colaboradores não gastam tempo com a locomoção até o escritório, podem passar mais tempo com as famílias”, destaca Fernando Montanari, head de Customer Service da Neon.
Internamente, a empresa divulgou às equipes informações sobre como proceder caso apresentem sintomas da Covid-19, se convivem com pessoas com suspeita ou diagnóstico do vírus ou caso sejam diagnosticados. Ainda, orientou pessoas que tenham viajado recentemente ou tenham viagens agendadas sobre como devem agir; divulgou canais de atendimento remoto da Porto Seguro Saúde e do Bradesco Saúde para que os funcionários possam receber orientação qualificada sobre a necessidade ou não de sair de casa para buscar um hospital e, internamente, preparou um manual sobre ergonomia para o home office e FAQs sobre diversos temas, desde como trabalhar de forma remota até vacinação.
Segundo Fernando, houve também ações externas. “Participamos do movimento #DistanciaSalva com posts no LinkedIn e temos a campanha #CadaCuidadoConta, na qual damos dicas para nossos clientes cuidarem bem de seu dinheiro durante a pandemia, com informações de cursos online gratuitos e sobre temas como saques do FGTS. Também divulgamos dicas para cuidar da saúde mental e evitar contatos durante a quarentena”, diz.
As ações criadas pela empresa para diminuir os impactos da pandemia atingem funcionários, futuros colaboradores e clientes. “Hoje, 100% da nossa operação está trabalhando de forma remota. O mesmo vale para novos funcionários. Todo o processo de onboarding está sendo conduzido online. E acompanhamos de perto as nossas equipes, com pesquisas sobre seus sentimentos sobre a nova rotina de trabalho. Para os clientes, reduzimos os juros para pagamentos de faturas de cartão de crédito pela metade, de 12,9% para 5,9% ao mês. Também fizemos ajustes nas parcelas para pagamento de faturas de cartão de crédito, de 12 para 24 vezes”.
Fernando fala sobre os aprendizados que a empresa vai tirar pós pandemia. “Aprendemos que podemos manter ou até superar a qualidade de nosso trabalho remotamente. Conseguimos estar presentes e conectados com os nossos times, independentemente de onde estivermos. Temos times incríveis, de alta performance, em que podemos confiar cada vez mais”.
Airbnb
O Airbnb fechou temporariamente os escritórios, e os funcionários estão trabalhando em home office, inclusive no Brasil. Na última segunda-feira (30), o CEO da empresa, Brian Chesky, anunciou a criação de um fundo de US$ 250 milhões para ajudar os anfitriões a cobrirem o custo dos cancelamentos relacionados à pandemia de coronavírus e contemplados na Política de Causas de Força Maior, que foi ampliada.
Além disso, criou outro fundo destinado aos superhosts, anfitriões mais experientes e bem avaliados da plataforma, de US$ 10 milhões. A partir deste mês, a empresa vai oferecer um subsídio único de até US$ 5 mil, sem necessidade de reembolso, aos super anfitriões que oferecem suas casas como acomodação e precisam de ajuda para pagar aluguel ou hipoteca, além de anfitriões de Experiências de longa data.
A empresa também deixou de cobrar, de anfitriões e hóspedes, todas as taxas de serviço em cancelamentos relacionados à covid-19 contemplados na Política de Causas de Força Maior. Em relação às reservas, o Airbnb destacou que, embora esteja claro que o coronavírus terá impacto no setor de viagens e turismo globalmente, essa indústria é umas das maiores e mais resilientes do mundo. Além disso, informou que, neste momento, tem observado aumento da demanda de hóspedes por estadias nas mesmas cidades em que moram, por períodos mais longos, especialmente com o objetivo de preservar a saúde das pessoas que fazem parte de grupos de maior risco.
TruckPad
A rotina da TruckPad, plataforma de conexão entre caminhoneiros e cargas da América Latina, também foi alterada por conta da pandemia. A política de home office foi adotada no último dia 13 de março para todos os funcionários da empresa. Porém, antes disso, já adotava medidas como a instalação de dispensers de álcool em gel em toda a empresa.
Por conta da paralisação, todas as reuniões semanais com a equipe ocorrem de forma virtual, assim como entre parceiros e clientes. Os cafezinhos acontecem online com o time, há comemoração de aniversariantes do mês e até happy hour à distância. “A ideia é manter o clima de união e descontração da empresa mesmo em tempos de quarentena. Foram criados ainda alguns concursos inusitados, como melhor vídeo de como está sendo o home office, melhor vídeo do final de semana confinado e quem tem mais estilo no happy hour”, destaca Carlos Mira, CEO e fundador do TruckPad.
Externamente, a empresa está ajudando a orientar os caminhoneiros que utilizam o aplicativo a se prevenirem, por meio de vídeos e informativos. Além disso, está apoiando ações de marcas parceiras através da distribuição de marmitas e kits de higiene e, por meio do app, avisa os caminhoneiros onde encontrar esses benefícios. A Truckpad criou ainda o portal Transporte Voluntário, por meio do qual localiza e contrata caminhoneiros para fazerem entregas de doações para hospitais e instituições de saúde. Nesses casos, a empresa arca com o valor do frete pago ao motorista.
Só na última semana de março, a empresa estimou uma queda de 25% no volume de cargas em relação à operação normal das transportadoras. Segundo Mira, o fechamento do comércio em geral e das empresas foi o responsável por essa queda no volume de transporte. “O nosso levantamento ainda registra que o movimento das cargas chamadas last-mile (entregas de última milha) tiveram uma queda de quase 30%. São as entregas realizadas em estabelecimentos comerciais como lojas de ruas e de shopping centers, supermercados etc”.
Já para as cargas tipo Full Truck Load, que ocupam toda a capacidade de um veículo, a pesquisa aponta uma queda de 20%, demonstrando que há uma desaceleração no agronegócio e no comércio atacadista e uma boa parte da indústria. “Acredito que este percentual de queda deve aumentar nas próximas semanas quando teremos o reflexo de um período maior de dias nos quais a população consumidora tenha sofrido com as restrições de movimentação”, afirma. A pesquisa foi feita junto aos quase 10 mil contratantes de fretes (indústria, comércio, atacadistas e transportadoras) que utilizam a plataforma TruckPad para localizar e contratar caminhoneiros autônomos para realizarem o transporte de suas mercadorias.
Para Carlos, a pandemia deixará inúmeros aprendizados para empresa. “Acreditamos que a sociedade de forma geral vai reconhecer mais ainda a importância dos caminhoneiros para o nosso abastecimento e para a logística brasileira de forma geral. Enquanto empresa, acredito que vamos aprender a lidar ainda melhor com o trabalho remoto, além de trabalharmos ainda mais unidos em prol dos nossos objetivos e de um bem comum”, conclui.
Cargo X
A Cargo X, startup que conecta empresas a transportadoras, também adotou o trabalho remoto e realizou a compra de notebook, celulares, impressoras pequenas e até pacotes de internet para os que não tinham em casa. Além disso, suspendeu 100% das viagens e eventos e adquiriu 420 vacinas antigripe para os colaboradores gratuitamente. A imunização será feita a partir de abril por um profissional de saúde habilitado.
Segundo dados da própria empresa, houve uma queda de 7,5% no movimento dos transportadores entre 21 de fevereiro e 21 de março no Brasil, e que 90% dos motoristas não quer fazer viagens interestaduais e estariam procurando cargas para voltar para a casa. Ainda segundo o levantamento, milhares de restaurantes e serviços localizados em postos de conveniência estariam sendo obrigados a fechar suas portas. A falta de alimentação e serviços básicos para os motoristas pode causar uma queda no transporte de insumos, visto que 75% do transporte destes no Brasil é feito via estrada, gerando um possível desabastecimento.
“O desabastecimento até agora tem acontecido mais por consequência do desespero do consumidor”, confirma Federico Vega, CEO da Cargo X. De acordo com a Apas (Associação Paulista dos Supermercados), o movimento nos supermercados do estado cresceu 48,5% entre 20 de fevereiro e 19 de março. Porém, isso pode mudar em breve drasticamente se os transportadores não tiverem condições de trabalhar”, reforça.
Como uma das medidas para amenizar a situação, a startup anunciou, no dia 25 de março, o oferecimento de capital de giro de R$ 30 milhões aos transportadores e pequenos frotistas que fizerem fretes de itens de consumo essencial, como alimentos, produtos de higiene e fármacos. A empresa segue empenhada nas suas atividades, mesmo com a pandemia. “Estamos tentando manter nossas atividades e dar todo o suporte e base para que os caminhoneiros continuem atuando normalmente. A demanda de alguns setores diminuiu nos últimos dias mas aumentou em outros. De todo modo, essa atividade é fundamental para abastecer a população e a indústria com os insumos básicos”, afirma o CEO.
A empresa ainda destacou, em suas redes sociais, um Manual de Boas Práticas para os caminhoneiros, contemplando os cuidados necessários como: higienização dos volantes, envio de notas fiscais e outros documentos por vias digitais, evitar aglomerações e contato físico em paradas, postos de gasolinas e lanchonetes. A Cargo X também disponibiliza de atendimento e suporte, 24 horas por dia, 7 dias na semana, através do chat, telefone, e-mail e WhatsApp para atender e dar total suporte aos motoristas. Além disso, caso eles manifestem algum sintoma, é pedido que eles comuniquem a empresa, que irá pedir a quarentena e irá prestar todo o auxílio durante este período.
Federico cita os lições que ficarão para a Cargo X após a pandemia. “Como já sabemos, o serviço prestado por caminhoneiros e pequenas transportadoras é completamente fundamental para a população e isso ficou ainda mais evidente neste momento de pandemia. Acreditamos que uma lição seja entender que cada vez mais precisamos deixar nossos processos digitalizados, tendo em vista sua versatilidade, agilidade e segurança se comparados aos meios tradicionais; assim como garantir cada vez mais condições para que os profissionais da área de logística e transporte possam atuar de forma eficiente e ininterrupta”, ressalta.
In Loco
A In Loco, startup brasileira especializada em geolocalização, também teve sua rotina alterada por conta do coronavírus. O time da empresa está em home office há 15 dias, viagens foram suspensas e todas as reuniões estão sendo realizadas por videoconferência. Mesmo assim, o RH tem implementado políticas para melhorar o dia a dia dos funcionários, estas que vão desde dicas de como garantir a produtividade em home office, manter a saúde, canais para exercícios físicos em casa, entre outras.
André Ferraz, CEO da In Loco, acredita que todo o ecossistema vai sentir a crise, mas que mesmo assim, os negócios da empresa seguem ativos. “Do ponto de vista comercial, todo o mercado, principalmente o de varejo, tem uma previsão de queda natural de investimentos para os próximos meses. No entanto, o foco dos negócios da In Loco está em segurança da informação e anti-fraude, mercados que tem um aumento pela procura em momentos de crise. Nas últimas semanas também voltamos nossos esforços para oferecer nossa tecnologia pro bono para os governos combaterem a Covid-19”, afirma.
Uma das medidas de combate à Covid-19 implantadas pela empresa foi a de colocar sua tecnologia à disposição de órgãos públicos e autoridades. Assim, a partir de uma base de dados com mais de 60 milhões de dispositivos móveis em todo o Brasil, criou o Índice de Isolamento Social, que permite mapear a movimentação de pessoas dentro de regiões específicas e medir quais apontam maior distanciamento social, porém, respeitando a privacidade de cada usuário.
Essas informações são criptografadas e agregadas por bairro, tornando-se dados estatísticos que preservam a privacidade das pessoas. Feito isso, os dados passam a indicar a movimentação desse grupo de pessoas dentro dos bairros. Desta forma, um baixo percentual de isolamento representa um grande número de pessoas entrando ou saindo de determinado bairro ou região.
“A Prefeitura do Recife, por exemplo, intensificou o envio de carros de som para os bairros com menor índice de isolamento e optou por embarcar a tecnologia da In Loco em seus próprios aplicativos – como o de transporte público, por exemplo. Por meio deles, tem enviado notificações push com mensagens de conscientização e recomendações sobre a prevenção ao coronavírus. Hoje, tornamos os dados públicos em nossa página, para que toda a população também possa acompanhar os dados de isolamento social. O Mapa Brasileiro da Covid-19 mostra o índice nacional e por estado. As informações serão atualizadas diariamente”.
Desde a sua fundação, a In Loco se preocupa com a privacidade das pessoas e a tecnologia foi desenvolvida para captar apenas a localização dos dispositivos móveis (celulares), não tendo acesso a nenhuma informação de identificação civil como nome, RG, CPF ou e-mail. “O que estamos fornecendo para os governos estaduais e prefeituras é um levantamento estatístico a partir dos dados coletados. As informações de localização são anonimizadas, agregadas e transformadas em estatística.
Após esse processo, o relatório é enviado para os órgãos públicos”, destaca. Aqueles que escolherem sair da base de dados, podem o fazer no site e através do aplicativo disponível para Android.
O CEO finaliza dando algumas dicas para empreendedores que estão sendo afetados diretamente por essa crise. “Foque no que é essencial para a sobrevivência de seu negócio. Deixe de fazer o que não é. Seja criativo e adapte-se com velocidade. Esteja sempre pronto para o inesperado”.
O Startupi está acompanhando toda a movimentação do ecossistema durante o coronavírus e queremos saber como a sua empresa está trabalhando durante a quarentena. Mande suas sugestões para contato@localhost.